20 de março | 2022
Traumas, prejuízos materiais, impunidade e a certeza de que a polarização política pode matar, foi o que restou um ano após atentado contra a Folha
“O mundo é pura energia. Nós, seres humanos, somos energia
pura, em constante propagação. Até o som é energia.
Enfim, tudo irradia entre dois polos. E não há
como fugir da constatação de Newton de que
para toda ação há uma reação de igual
intensidade, mas que atua
no sentido oposto”.
Mestre Baba Zen Arantes
… esta madrugada, mas tudo aconteceu por volta de 4h15 da manhã do dia 17 de março de 2021. Exatamente um ano atrás.
UM MOTOCICLISTA …
… estaciona seu veículo defronte a porta de entrada da residência do jornalista e joga gasolina debaixo da porta. Logo após, pega o balde de gasolina e coloca na porta de ferro do jornal.
ATO CONTÍNUO …
… se afasta por aproximadamente dois metros e joga o que se presume ser um palito de fósforo aceso no combustível jogado na porta da residência.
A EXPLOSÃO É …
… tamanha, que parece que vai atingir o terrorista, que sobe na moto, que dá uma engasgada e ele tem que fazer força com as pernas para que ela saia do local onde o fogo poderia atingi-lo.
ESTE JORNALISTA …
… foi acordado poucos minutos antes com o latir desesperado de seus cachorros (dois poodles de tamanho pequeno e uma Shitzu), mas apenas percebeu que algo errado acontecia quando a fumaça sufocante invadiu o interior do quarto onde dormia. A fumaça tomou conta de todo o interior da residência, impedindo a respiração.
A ESPOSA …
… do jornalista agiu rapidamente e conseguiu apagar o fogo que estava dentro do corredor da residência provocado pelo combustível jogado debaixo da porta de entrada e que queimou uma bola, chinelos, canaletas, fios de energia e uma máquina de cartão, todos de plástico.
LOGO APÓS, …
… debelar o incêndio no interior da residência e, ao abrir a porta de entrada, inclusive para respirar melhor, este colunista, a esposa e a filha/neta se depararam com chamas já altas na porta do jornal também, que levaram mais alguns minutos para ser contidos.
PASSADOS ALGUNS …
… instantes, este jornalista que, além de editar o jornal semanal, também ancora, junto com sua filha, um programa noticioso de segunda a sexta-feira, pelo Facebook e Youtube e é transmitido pela rádio Cidade, ao refletir sobre os autores, praticamente teve ideia de onde teria partido pelo menos a ideia do atentado.
ISTO PORQUE …
… vinha sofrendo ameaças pela internet e até outras mais graves, pelo seu posicionamento principalmente contra os “negacionistas” no caso da pandemia e em defesa das medidas restritivas adotadas pelo prefeito Fernando Cunha, na ocasião, para conter o avanço da doença.
TEVE A NOÇÃO …
… de que a situação política brasileira de polarização e de ostentação do “emburrecimento” de parte da população teria alcançado níveis de extremismo e radicalização em que até o assassinato de idosos e uma criança se justificariam.
MAS, PASSADOS …
… agora um ano desde o fatídico acontecimento, se vislumbra, com certeza, que, quem os principais atores do atentado queriam atingir realmente era o prefeito Fernando Cunha e não especificamente ou apenas o jornalista que defendia as medidas adotadas por este para conter a pandemia.
O PRÓPRIO EXECUTOR, …
… o ex bombeiro incendiário, em seu depoimento na polícia, confessou que sentiu vontade de matar um político e, particularmente, ao escrivão, disse que seria o prefeito.
E O PIOR É QUE …
… também se chega à conclusão de que os motivos, pelo menos dos três principais envolvidos no atentado, não foram apenas políticos ou em razão somente do “negacionismo, mas, também, por vingança pessoal.
EMBORA A POLÍCIA …
… não tenha chegado à mesma conclusão; aliás, só tenha se limitado a ouvir o executor e mais alguns poucos e pego as imagens próximas à residência deste e as que registraram o momento do crime, as investigações paralelas chegaram a outros dois envolvidos, um com ligação direta com o executor e outro que seria o financiador, que teriam motivos para querer prejudicar o prefeito.
O EXECUTOR …
… teria tido negado, pouco tempo antes dos fatos, pelo instituto de previdência do município, a sua aposentadoria por ainda não ter o direito adquirido; o outro, que exercia cargo comissionado no município, teria sido exonerado pelo próprio prefeito; e o terceiro, um balofo reacionário extremista cheio da grana, que teria colaborado financeiramente na campanha do prefeito, teria sido reembolsado com o recado de parar de se intrometer e enfiar o dinheiro no …
PORTANTO, …
… os três, além de mais alguns que nem comerciantes eram, insuflarem os comerciantes locais contra o prefeito e até fizeram manifestação contra o próprio defronte o gabinete deste na prefeitura. Muita gente serviu de “boi de piranha” dos interesses dos três vingadores do mal.
COMO O PREFEITO …
… mora num condomínio fechado de difícil acesso, então, resolveram tentar calar para sempre aquele que estava defendendo as medidas adotadas pelo prefeito, como forma de mostrar para o administrador municipal com quem estava lidando.
HÁ QUEM ACREDITE …
… que acima do balofão ricaço ainda existam envolvidos mais poderosos e que teriam usado toda a sua influência para que o processo do atentado contra a Folha fosse levado em “banho Maria” e não chegasse aos outros envolvidos, pois aí a situação poderia complicar para muita gente.
A CORROBORAR …
… com esta tese está o próprio fato de o caso estar atualmente denunciado pela promotoria por incêndio criminoso, e não por tentativa de homicídio, ou com a gravidade de ter sido um atentado terrorista, o que poderá resultar em nem um dia de prisão para o executor, o ex bombeiro incendiário, e dificilmente deverá elucidar e expor os outros envolvidos.
AÍ, O QUE VAI …
… sobrar e está sobrando para este colunista, sua família e os veículos dos quais é editor, é o prejuízo da campanha feita pelo bando de negacionistas na internet contra os veículos, que continuaram até depois que uma família foi traumatizada e quase dizimada.
A HERANÇA QUE …
… fica é de traumas, prejuízos materiais, assédio judicial, medo e a certeza de que a polarização política e o ódio despertados nos cidadãos mal formados que hoje tomaram o mundo de assalto podem até matar.
José Salamargo, um ano depois, descrente no sistema, mas, pelo menos acreditando que ainda não conseguiram revogar a lei da ação e reação e que esta poderá, de alguma forma, cobrar a fatura destes bandidos que não conseguem enxergar nada além do próprio umbigo.
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