28 de julho | 2013

Será que está faltando o Curupira?

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DO CONSELHO EDITORIAL

Está começando o término do Festival Nacional do Folclore, mais alguns tiros de bacamarteiros, algumas rodadas de danças, o som extraído de velhos tambores rodando pelo ar das madrugadas e se findará o Festival Nacional do Folclore.

À véspera, ou na caminhada de comemorar meio século de comemorações que buscam a memória deste povo tão esquecido de sua história encerra-se combalido por meio século de combates, de guerras perdidas mais uma tentativa de resistir ao tempo a história de outros tempos.

O público ficou a desejar em termos numéricos, as apresentações como não poderiam deixar de ser transpirou para além de suores, cores e fantasia de uma nação que não se observa através de seu passado faz alguns séculos. 

Foi magia como sempre, independente do desejo de “espetacularização” dos que promovem sem noção alguma da importância deste encontro nacional, as apresentações dos grupos autênticos.

Ficou e ficará a dever na opinião dos que optaram pelo público a presença deste que vem minguando ano a ano visto que o festival perdeu seu referencial cientifico e mantém com dificuldades a presença de grupos autênticos muito mais por pressão de alguns abnegados que desejo dos que estão à frente da proposta.

Há que se considerar e não há como não notar que se grande parte dos brasileiros são desinformados e não se interessam por cultura no sentido exato da palavra que houvesse por aqui, neste rincão conservador, perdido e distante da civilização muitos que conseguissem compreender a exatidão da proposta do Professor José Santana.

Imaginar que o Festival do Folclore perdeu sua essência ou que não é mais o mesmo por desejo dos que estão à frente de sua execução é optar pela meia verdade, por evitar melindres e se furtar a realidade inscrita na falta de formação cultural desta gente que não compreende nem a si, razão pela qual não poderia compreender o processo histórico de formação de um povo.

O atual Festival do Folclore comemorado em julho está pura e simplesmente a face de quem o implantou neste mês e de quem o nomeou para dirigir o setor cultural no período.

Sim, o folclore em termos culturais, que deveria ser comemorado no mês do folclore, em agosto, é a expressão da mediocridade e da insignificância cultural de quem teve a infeliz ideia de conciliar a festa, expressão máxima de um povo, a um sistema mercadológico antropofágico, capitalista selvagem e empobrecido tanto quanto a mentalidade de quem sugeriu a mudança e de quem concordou ou concorda com ela.

Se o país conta em sua maioria com uma gama imensa de analfabetos, de mal informados, de mal intencionados, de autoritários, de mandões que de cima de sua ignorância e prepotência determinam o que desejam como se fora a vontade de maioria e vendem fracassos como se fora bem sucedidas ações coletivas, este festival comemorado em julho é a demonstração desta incompetência, desta farsa burlesca.

Não teve público que justificasse gastos enormes por uma semana seguida de festividades que afora o sábado em que as famílias dos alunos que iriam dançar estiveram presentes no recinto em massa, não lotando o mesmo, e neste final de semana, para sete dias de festa.

Que se justifique através do frio ou de outros motivos tão falsos e tão fúteis como os que estão no poder tentando vender a ideia de que o folclore está vivo e resiste forte como dantes.

Basta ver que as barracas antes ocupadas todas não motivou o interesse de ninguém, a própria avenida que antes era ocupada por barracas hoje está vazia, e o recinto onde não se podia andar na sexta-feira que antecedia a festa até agora não deu mostras da presença de público tão valorizada por quem mudou tudo para não dar em nada.

O Folclore, se não virou ainda, caminha para uma quermesse tão medíocre como o pensamento daqueles que não conseguiram e não conseguirão nunca entender a extensão do espírito pulsante e inovador do professor José Santana, que acima de tudo era um erudito, um culto, totalmente diferente daqueles que não conseguem visualizar suas fragilidades intelectuais e se propõem ao patrocínio de seus espíritos de ausência de capacitação para a promoção de eventos com valores acima daquilo que seus poucos talentos poderiam promover.

Finda-se aquilo que se pode traduzir como mais uma festa comemorativa do folclore, que é totalmente diferente da apoteose do Festival do Folclore promovido pelo folclorista José Santana.

E talvez ai esteja faltando exatamente isto, algum folclorista, senão tão reconhecido como o professor que era respeitado além das fronteiras de seu país, para dar uma direção a organização dos trabalhos que culminariam com o festival.

Alguém que resgatasse a verdadeira vocação do evento que atraia mesmo que não estivesse posto como desejo do professor, público como antes, e respeitasse como se tem que respeitar a história contada pelo povo, através de lendas, parlendas, contos, histórias, mitos.

Quem sabe assim se teria de volta não o Festival Nacional do Folclore, e sim, um trabalho que se relacionasse, que se aproximasse do trabalho de campo desenvolvido por Santana que culminasse na festa propriamente dita, que atraia dezenas de escolas, centenas de professores, milhares de alunos e incontáveis estudiosos da cultura popular.

Que hoje só atrai pelo que se pode observar público de cidades vizinhas onde não há nada para se fazer, público local pelo mesmo motivo e…

E turistas, para quem foi pensada e modificada a data pelas mentalidades ocas e vazias que devem ter percebido que Olímpia é uma cidade turística que fora o Thermas não conta com uma diversidade de atrações para o turista que depara com uma cidade fantasma a noite.

Final do Festival do Folclore, mais um em que as pessoas de bom senso vão se perguntando se resistirá e até quando. Quem sabe esteja faltando, pelo menos por uma semana entregar a chave da cidade para o patrono do Festival: “O Curupira”.

 

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