17 de maio | 2015

Será que ainda poderemos sair das trevas e encontrar a luz?

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PARTINDO DO …

… princípio de que todo início é duvidoso e que toda dúvida pode ser esclarecida, ou não, depois de várias semanas sem dedilhar estas teclas para tentar enxergar esta vida, louca vida, que se teima ser vivida, nestes sábados incertos e não sabidos, em que tudo pode acontecer, ou apenas chover, ou fazer sol, e a gente divagar, viajar pelo ar, atingir as nuvens, descer em voo rasante, ficar distante de tudo, ou bem perto um do outro, para sentir a empatia, para olhar olhos nos olhos, para ver o movimentar da pele, enrugada ou lisa, com botox ou sem plástica, ouvir e falar, procurar entender, ver e ser visto, sair da solidão.

COMO É TRISTE …

… a gente ver seres em formação, verdadeiras crianças que ainda não conseguiram enxergar nenhum passo além do próprio umbigo, ou do próprio nariz, já sendo extirpada da sociedade e sendo colocada em verdadeiros lixões humanos, de onde sairão revoltados e cada vez mais cientes de que pra viver é preciso ter e para ser feliz é preciso consumir, comprar, comprar e comprar.

MAS, …

… sem ter, como realizar os mesmos sonhos de quem tem? A televisão, a internet, mostrando e criando modismos que todos querem obter. É o tênis que custa centenas de reais, o novo “smartphone” ou “smartcrack” que chegou sem manual de utilização e está viciando igual ao crack ou a maconha, todos querem possuir, todos têm desejos, não importa a classe social, não importa quanto ganha o pai, a mãe ou a família.

O SISTEMA É …

… cruel, pois ninguém pede pra nascer, mas, segundo o Tratado Internacional de Direitos Humanos, “nosostros” para sermos humanos temos que ter a dignidade e a decência de, pelo menos, termos as mesmas oportunidades que nossos concidadãos.

O QUE NOS, …

… difere dos animais é o fato de conseguirmos falar e, através da linguagem (qualquer que seja), nos comunicarmos e, para isso, temos que usar camadas do nosso cérebro que, ao receber as informações pelos sentidos, processam-nas. Primeiro se cria uma imagem+ação, ou seja, primeiro tudo passa pela imaginação. Depois, como um computador, processamos estas informações, comparando-as, tentando entendê-las, como se tivéssemos um processador que processasse todos estes dados. Mas, com base naquilo que nos socaram goela abaixo, quer dizer cabeça a dentro, um monte de regras sociais e materiais, acabamos julgando tudo e a todos, sem ter vivido, experimentado nada, com base em conceitos, regras e valores que nos foram passados como se fosse lavagem cerebral.

SÓ O CONHECIMENTO …

… liberta, só ele faz com que saiamos da escuridão onde enxergamos apenas partes de uma realidade que não se sabe nem se existe, pois cada um entende de sua própria forma.

MAS É ESTARRECEDOR …

… ver um jovem dentro de uma escola apenas cumprindo uma obrigação imposta pelas leis, sabedor que o seu futuro está traçado. Não tendo as mesmas oportunidades que os outros, ficará vegetando pelos presídios da vida até ser atingido por uma bala, ou morrer de overdose em alguma calçada da vida.

MAIS TRISTE AINDA …

… para quem trabalha com esta juventude desprotegida, animalizada, sem chances de viver, escravizada, e que geralmente consegue enxergar este estado escravizante de consumo sem distribuição de renda, é ver tudo isso acontecer sem poder ter feito o necessário, sem ter conseguido mudar o mundo, sem ter conseguido evitar que os políticos desviem tudo e não deixem nada para os descamisados terem direito a ter um lar, uma família, uma educação parecida com a dos que usam camisa de seda.

MUITO MAIS …

… estarrecedor ainda é conviver com guerreiros do saber, com sacerdotes do conhecimento, querendo desistir, desprestigiados, desmotivados, perdidos, atônitos, sem saber o que fazer.

MAS, A VIDA …

… sempre tem que seguir o seu rumo e encontrar saídas para os seus problemas mais graves. Do esforço daqueles que madrugam para tentar despertar o pensar, lapidar consciências brutas, sempre surgem ideias, sempre aparecem situações que mostram o caminho.

EM UMA DAS …

… escolas do município este ser que prefere ser chamado de louco a ter que aceitar este estado caladamente, recentemente, presenciou uma verdadeira batalha eleitoral, mas não para decidir os destinos do mundo, preparando o futuro apenas, para a escolha de um grêmio, ou seja, os alunos que representarão os outros alunos em suas reivindicações em sua luta pela melhoria do ensino. Mas nada supera o prazer de ver aqueles olhinhos brilhando no dia da posse, vivendo o protagonismo.

EM OUTRA …

… a discussão sobre ética, moral e preconceito, se transformou num trote do terceiro ano com toda a escola, onde os meninos tinham que ir vestidos como meninas e as meninas como meninos.

QUE ÓTIMA …

… oportunidade foi para os sacrificados trabalhadores que têm a missão de melhorar o mundo, para discutir principalmente o que é preconceito, o respeito ao próximo, a aceitação das diferenças.

FORAM MOMENTOS …

… que nunca tinha visto em uma escola. Uma energia suprema irradiava daqueles pequenos seres, o sorriso não cansava de dar as suas caras, a alegria era contagiante. Naquele momento todos estavam unidos pela alegria e, através da sátira, da própria crítica aos costumes que nos são impostos, da criança no centro do palco, do protagonismo, do teatro, da representação da vida, o aprendizado, mas o mais importante, sem dúvidas era aquela energia que transbordava em todos os seres, como se todos se amassem incondicionalmente.

NEM TUDO …

… está perdido. A mudança ainda é possível, mas terá que ser lenta, acontecerá no futuro. É preciso que os sacerdotes do conhecimento continuem trabalhando diuturnamente, mesmo com todos os percalços, para que seus filhos e netos possam herdar um futuro melhor.

 

José Salamargo… dormindo muito mais tranquilo, a luz está vindo à tona e, com ela, a certeza de que tudo ainda é possível, que é preciso continuar a lutar, continuar a tentar entender, continuar a experimentar, um dia conseguiremos inverter a situação e a grande maioria, hoje escravizada, animalizada, acorrentada no fundo da caverna, saberá como deixar as trevas e, finalmente, enxergar o quanto a natureza é bela, o quanto o sol pode ajudar e como é preciso tão pouco para ser feliz.

 

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