20 de maio | 2018

Saúde: um caos que não se resolve só com boas intenções e promessas

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Do Conselho Editorial

Muito embora a saúde pública em Olímpia não tenha piorado em relação ao que ocorreu nos mandatos de Carneiro e Eugênio, se mantendo em patamares semelhantes, com um ou outro tímido avanço em algumas questões de ordem técnica que não atingem os pacientes de forma direta.

Aquilo que a população muitas vezes, por ser ime­diatista, considera perfumaria, como reformas das instalações, compra de equipamentos, instalação de ar condicionado, cursos de qualificação dos funcionários e outras ben­feito­rias que vão atingir indiretamente o paciente, mas que ele não considera.

É sabido que o ambiente de trabalho em condições adequadas reflete no tratamento dispensado pelos profissionais na hora do atendimento e muito embora o paciente se queixe das condições, às vezes precária do estabelecimento público e do mau humor dos funcionários, não consegue visualizar que, em muitos casos, a razão pode ser a falta de condições para o exercício da profissão.

O paciente está preocupado com sua saúde, com a possibilidade de se recuperar e não consegue ver de maneira global as condições que devem ser criadas pelo poder público para que isto se dê.

Há que se admitir que o governo de Geninho foi um caos em várias áreas, mas na saúde conseguiu se superar no caos e no abandono da área de forma irresponsável.

Tanto que uma busca na internet, nos jornais e blogs do período de Eugênio, mesmo nos que hoje cederam aos encantos do ex-prefeito ostentação, está lá registrado o número de mortes que a saúde pública registrou e os movimentos populares se manifestando contra os absurdos cometidos por aquele governo.

Até agora, por pior que tenha sido este governo, na área da saúde é de se notar que não contabiliza casos trágicos que culminaram em morte e suspeitas de mau atendimento.

Precisa melhorar e muito, sair da boutique e enfrentar a realidade, deixar de ser virtual construidor de fantasiosas maravilhas e enfrentar que o que a população ainda vive não foi transformado.

A troca de secretário e a indicação política do cargo deixa a capacidade do indicado, mesmo que seja habilitado para tanto, sob suspeita, principalmente quando se tem como vice-prefeito um médico.

Esta semana a discussão que gerou um certo desconforto em parte da população, pelas redes sociais, foi a revelação, pela Secretária da Saúde, de um levantamento realizado pela Secretaria Municipal de Saúde da Estância Turística de Olímpia apontando que quase cinco mil pacientes agendaram suas consultas mas depois não compareceram para o a­ten­dimento médico no Ambulatório de Referência e Especialidades.

Os dados encontrados mostram que, apenas nos últimos 12 meses, foram agendadas 45.137 consultas, mas, desse total, 4.998 pacientes não compareceram, o que representa 11% de faltas às consultas.

Se o atual secretário de Saúde fosse alguém que contasse com experiência no setor e tivesse uma equipe bem informada, ou fosse da cidade, recolheria na internet a informação bem informada, ou mesmo da cidade, saberia que no governo passado, 10.180 pacientes não foram buscar exames, e não houve gritaria nas redes sociais.

Esta informação, embora precise ser corrigida em razão dos custos e do desconforto que causa a outros que perdem consultas em razão dos que não comparecem deveria ser muito mais tratada com um trabalho de conscien­tização que com popu­lismo desnecessário.

Senão vejamos: A manchete em 24/092015 no site da Prefeitura evidenciava que:

Saúde tem mais de 10 mil resultados de exames não retirados pelos pacientes.

E destacava que levantamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde da Estância Turística de Olímpia junto às Unidades Básicas de Saúde – UBS’s, Centro de Referência e Ambulatório havia con­ta­bilizado, em todo ano de 2014 até junho de 2015, 10.180 resultados de exames médicos diversos arquivados, ou seja, que o paciente não foi buscar.

E, culpava o usuário da rede pública “Paciente usa, e abusa, do dinheiro público: mais de 10 mil exames estão encalhados na Saúde.

Não se pode negar que o usuário, em alguns casos, no tocante a consultas que é a discussão atual e a exames, que era a discussão passada, quando não comparece por irresponsabili­dade é totalmente culpado.

Quando, porém, e geralmente costuma ser o caso, a consulta e o exame já não tem mais utilidade alguma não há razão para comparecimento.

As alegações do poder público de que o paciente deveria informá-lo quando a consulta não se faz mais necessária é apenas parte de uma ópera bufa para afirmar que faz seu dever de casa certinho e errado são os contribuintes.

Seria de se perguntar ao mesmo poder público que marca consultas e solicita às pessoas que estejam presentes bem antes do horário marcado para levar chá de cadeira, se quando o médico que parece que só atende 14 consultas em razão de acordos, quando falta ao serviço, se o poder público informa o paciente para que não perca preciosas horas ou dias de trabalho inutilmente.

 E pode se perguntar bem mais e entre as perguntas se faz parte do enredo patético apenas a culpabilização do usuário como tem sido feito e repetido no curso de vários governos populistas ou se este, enfim, levará a efeito uma campanha motivando as pessoas a mudarem de atitude.

Seria uma maneira mais elegante e saudável do poder tratar as questões que o incomodam e geraria menos rumor e mal estar nas redes sociais.

Se conta com jornalistas, assessores de imprensa, agência de propaganda e verba a disposição porque ao invés de apenas ficar falando e repetindo o lugar comum, não se move e efetua uma campanha através de carros de som, rádios, jornais, whatsapp, facebook, palestras e postinhos, escolas alertando as pessoas que elas são as maiores prejudicadas quando não comparecem as consultas ou buscam exames.

Quem tira a oportunidade de outrem terá a sua retirada algum dia, assim que funciona o mecanismo social que atua pela incompreensão e pelo egoísmo.

Se as duas partes, poder público e paciente, se unirem em torno do bem comum e buscarem soluções que aprimorem os serviços públicos ao invés de ficarem se agredindo de forma direta ou indireta pelas redes sociais, todos, com certeza ganharão.

Como está, o que se contabiliza são os perde­dores dos dois lados.

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