29 de maio | 2016

Saiu Pimenta, o traído, acabou o tempero da eleição?

Compartilhe:

Willian Zanolli
Então, tanto tempo sem querer escrever, só vendo as coisas e o tempo escorrer pelos vão dos dedos das mãos envelhecidas, ouvindo conversas, colecionando histórias e marejando os cansados olhos diante de alguma beleza trágica, mostrando os dentes para as comédias do cotidiano, e assim passam os dias e as noites também sozinho até virar pózinho.

Nem tanto ao sol nem tanto a lua.

Tem os gatos, os pássaros, a Gaby, Momo, fogão de lenha a espera de um cafezinho saído das entranhas de um jacu e se contentando, por enquanto, com o moído na hora recomendado pelo amigo amante das cafeínas e dos papos filosofais, pedagógicos, jurídicos e mundanos da área dos fuxicos.

Coisas da paz e da felicidade, que passa rápido, que voa mais ligeiro que o canto dos bem-te-vis, passa mais rápido que o por do sol a se esconder em cores de gema de ovo, degradê, poente no horizonte, colocando no cérebro desvairado e louco que o infinito é sempre e logo ali depois da terceira curva do Rio Turvo depois da ponte.

Vez por outras nesta atração pela vida e nestas distrações todas, toca o celular, o telefone, ou me encontram pela rua, diversos dos muitos que desejam me despertar para os acontecimentos que nem são tão mais interessantes do que a integração com a natureza pode ser.

E me contam do desgastante dia a dia da política local, que reporto no rádio por uma hora e meia e agora vou lançar aqui para sair um pouco deste período de abstenção da escrita sobre o cotidiano da nossa aldeia.

Não falarei do Marco Zero, por que ele parece que já não existe enquanto representante do povo, conseguiu se superar, nem os fofoqueiros de plantão falam mais dele, quando os fuxiqueiros abandonam a causa nem Jesus levanta o cabra.

Do Pastor Leonardo, poderia até falar um pouco, este pelo menos pode ser classificado acima do Zero, como Leonardo Ponto Um.

Tem ganho a mídia com seus discursos e se tivesse o Troféu Abobrinha para quem fala borracha ele levaria todos, seria “hours concours”.

Explico, significa fora da competição, fora do concurso.

O termo é usado para algo excepcional que vai ser apresentado numa exposição, num concurso.

Sem estar competindo com os demais, sendo apesar da subjetividade, considerado de qualidade superior.

No caso dele, Pastor Leonardo, a viagem se dá de trás pra frente, tipo assim, não abre a boca não senhor, o senhor não está acostumado a não ferir os ouvidos alheios, o senhor é muito bom em complicar para a maioria.

Em suma fala coisas que até Deus duvida, duvida e acho que ri um pouquinho, e deve entre dentes achar que poderia ter caprichado mais na hora de confeccionar o aparelho falante, pensante, do filhote divino.

Como não caprichou, vamos vivendo e sobrevivendo no fundo deste mar melancólico “tuchando” areia nas ostras para que elas se raspem e produzam pérolas com bastante conteúdo risível e pouca qualidade literária, para não dizer o que verdadeiramente pensamos acerca de determinados discursos, que as pessoas ouvem e nos transmitem quando andamos por ai.

Um destes “conteudistas” apro­fundando debate sobre a situação que envolveu o quase ex vice-prefeito, falta pouco para deixar de sê-lo, sobre a traição que o envolveu, querendo tirar das minhas podres entranhas mais do que elas podem produzir de caca, provocou perguntando o que eu achava da situação.

Nunca acho nada, e se acho considero como se não fosse meu e busco o dono para devolver, no caso em tela, assenti que sobrava uma opinião perdida no baú de ossos que eu poderia dispensar em nome da amizade e do desejo de jogar conversa fora.

Primeiro, esclareci, só é traído quem está em um relacionamento sério, os que não estão apenas colhem os frutos de relações perturbadas, ditadas pela infidelidade e descompromissadas de acordos como aqueles feitos no tempo dos fios de barba ou bigode.

Portanto, querer conferir seriedade a relações frágeis é muito mais fruto de pouca imaginação do que desejo de ter os pés no chão, aquela coisa de ser sempre o último a saber pode até surpreender os incautos e os distantes de si mesmo, os que se gostam, que se rodeiam, cuidam para evitar areia movediça.

Traduzindo, “disse-me com quem andas e…”.

E nesta barca fui conduzindo a conversação com o cidadão que demonstrava apreço pela pimenta que a feijoada negou e nesta de vamos falando de tudo um pouco que lá no fim a gente vê pra onde fomos, questionou se o Gustavo que não Gustou de ser traído não teria tido atitude idêntica com os que acreditavam em sua candidatura, seu esfacelado grupo.

“Naturavelavelmente” que sim, as pessoas confiam, acreditam, lutam, objetivam e se frustram quando não obtêm êxito naquilo que era tido como certo em suas vidas.

É difícil sair por ai falando que alguém é um X tudo super-recheado e depois ser obrigado a concluir que o mesmo pode não passar de um X nada, um misto quente com queijo de liquidação, frustra.

Entendo que pode ser esta a sensação dos seguidores do Indiana Jones local que não encontrará nunca a arca perdida e menos ainda o Santo Graal, o vaso ou cálice sagrado que foi utilizado por Jesus Cristo na Última Ceia.

Este cavalheiro templário, colocando otimismo nas minhas ponderações, nunca chegará lá, ou cá, jamais culminará a missão de levar seus peregrinos a Jerusalém. 

Estava cristão e acadêmico nesta conversa, fruto da leitura da orelha do livro Código da Vinci mesclada a vasta cultura “wikipediana” que tem me acompanhado ultimamente.

E continuamos divagando sobre o destino da triste figura, que ora se assemelha ao D. Quixote quando ao final do livro perde a loucura e começa a se equilibrar na racionalidade, compreende o mundo, perde a graça e morre.

Eis a metáfora para concluir que faltou água a pimenteira, secou, acabou politicamente, coloquemos um talvez de bondade, no texto.

E quem falou que acabou, não fui eu.

Sem precipitação meu bom leitor, quem afirmou esta leitura do desconhecido futuro político, se houver, do vice traído foi a figura que comigo dialogava, eu só coloquei “firulas” no texto para engalaná-lo, dar beleza textual jornalística, e nem sei se fui feliz na intenção.

Sigamos na avaliação bem intencionada daquele que parece que eu ouço enquanto batuco estas palavras sobre a virgindade da tela do computador.

Diz ele, e talvez eu concorde, que se o cidadão era vice, foi por oito anos e nem conseguiu se libertar e conseguir alavancar a sua candidatura, agora acabou, pode jogar a toalha.

Sem contar, diz ele, perguntando, – quem vai acreditar em um político que deixou todo mundo que acreditava nele na mão assim sem mais nem menos, você acreditaria?

 Me incluiu.

Como instado a falar sobre, afirmei que dúvidas sobre políticos é o que mais tenho, e se elas, as dúvidas, e os políticos valessem alguma coisa, em termos de credibilidade, eu estaria milionário.

Em se tratando de quem escrevemos, como nunca fiz parte do grupo de seus apoiadores ou amigos, me sinto a vontade para assegurar que não me decepcionaria pelas mesmas razões que não me decepcionei.

Ô resposta mais vaselina.

Já no tocante a ter estado tanto tempo exercendo cargo público, natural, que não viabilizando sua candidatura cai em descrédito.

Porém, os bastidores são os bastidores e política como nuvem muda a todo instante, sendo que as chances de se resgatar abandonando o páreo coloca mais dificuldades que facilidades, muito tempo afirmando que era, com sol ou com chuva e depois amarela, é ruim senhor. 

-Tenho de ir, inté logo, sempre bom conversar com o senhor, outra veis nós papeia mais E, no final, já indo embora soltou a frase memorável, a que não poderia faltar em conversa tão saudável e proveitosa, que, no título, coloquei o “traído” no meio para chamar a atenção do leitor para o texto, e aqui no final mantenho na íntegra buscando a ênfase dada pela pessoa.

-Óia…, pra mim…, depois que o Pimenta deixou de sê candidato…, acabou o tempero desta eleição.

 

Willian A. Zanolli é ar­­tista plástico, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no www.willianzanol­li.­blo­gs­pot.com e ouvido de quarta, quinta e sextas-feiras, das 11h30 às 13h­00 no jornal Cidade em Des­taque, na Rádio Cidade FM 98.7, e, aos domingos, no Sarau da Cidade, das 10h00 às 12h00, na mesma emissora de rádio.

 

 
Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas