03 de março | 2013

O visível enriquecimento de alguns e a corrupção sistemática

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Do Conselho Editorial

O escândalo envolvendo denúncias contra o Deputado Federal Ga­briel Chalita (PMDB) no período que foi Secretário Estadual da Educação do governo de Geraldo Alkmin, se comprovadas, apenas levanta a ponta do manto que vem desnudando o comportamento típico da grande maioria dos nossos representantes públicos.

Antes de entrar no assunto vale comentar que há mais de vinte anos a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo não instala uma CPI para, pelo menos fingir que fiscaliza as contas do poder público, exatamente por que este poder conta com maioria parlamentar que se verga a sua vontade.

Esta submissão, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, não se trata daquela que a mídia chapa branca faz questão de evidenciar como se nada de irregular ocorresse no principal Estado da União.

Há por trás muito mais que a simplicidade das inúmeras tentativas de se demonstrar um governo, claro, transparente, moderno, progressista, sério, onde não ocorrem as mazelas comuns a maioria dos governos instalados pelo país afora que geralmente não resistem a uma investida séria da Polícia Federal.

E se observado com atenção o que move, via de regra, nos bastidores, as intenções da classe política é exatamente o que apregoa a máxima do capitalismo, a visão do lucro fácil, que traduzido transformaria as Assembleias, Câmaras e Senado em um enorme balcão de negócios onde não há a mínima vontade de se instalar no centro das discussões de poder homens íntegros, sérios, que não negociem, que não vendam e corrompam a representação popular.

Se o quadro é assim com os representantes populares, os legisladores, os que fazem leis para impedir que a sociedade cometa erros e descumprem as leis chafurdados que estão no mundo da cor­rup­ção, não seria diferente com secretários indicados geralmente por motivações políticas, e nem com os mandatários executivos que indicam exatamente quem é favorável à política de desvios de recursos públicos.

Esta situação se dá pela ganância do ser humano, pelo desejo de se inserir pelo poderio econômico, e também para dar continuidade a um projeto político mais amplo que possibilite drenar mais recursos do poder público.

Se não entendeu, funciona mais ou menos assim, o elemento se elege vereador, prefeito, deputado, ou é indicado secretário, ai permite negociatas ou com o poder público, quando vereador e deputado, ou com fornecedores quando prefeito ou secretário, para fazer sua caixa pessoal e o caixa de campanha que o conduzirá a outro estágio de sua universidade da corrupção, onde ampliará os ganhos de seu caixa dois, e permitirá assim galgar mais um degrau da decadência moral.

Se entender, não vai ser preciso desenhar, se não entendeu, pense que equivale a alguém que foi preso e na cadeia fez um curso intensivo para se especializar no crime, mesma coisa com a diferença, que os que aqui estão, enquanto autoridades, são bajulados por tantos outros hipócritas quadrilheiros que pretendem alçar voos na direção da libertação econômica passando a sociedade, que não se questiona, a ideia de estarem sendo governados por gente muito séria..

O pior cego é o que se nega a enxergar, e esta história do até agora, bom mocinho, Gabriel Chalita, mostra a face deste universo de contradições entre o aspecto e a realidade, e se comprovadas as denúncias, demonstrará que o mundo das aparências oculta o Leviatã, um monstro ater­ro­rizante, e racional cujas atitudes visam o bem estar pessoal de alguns e a coerção, a intimidação, dos que percebem a podridão e o comando das instituições nas mãos de grupos cuja intenção é o fortalecimento de suas posições à custa do dinheiro público.

Se isto está visível na cobertura reformada, segundo a denúncia, através da influência do deputado, secretário a época, se seus livros foram editados pelas mesmas razões, estas situações não divergem muito de situações de gente que devia para todo mundo e hoje vive em cobertura e anda de carros zero por ai, dono de várias empresas, e cujo capital investido pode ter vindo exatamente de onde se denuncia veio dinheiro que pode ter servido ao deputado.

Estas as razões por que as mudanças encontram fortes resistências dos que estão milionários no poder.

Larápios há em todos os lugares, a grande questão ai é que se instalaram em ponto estratégicos onde se permite roubar, aperfeiçoar a sistemática do roubo, e ser contemplado com a impunidade.

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