04 de setembro | 2022

O risco que a democracia está correndo na América Latina

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“Negros, judeus, ciganos, homossexuais, intelectuais que não
acreditavam que um genocídio poderia ocorrer perderam
a vida pela ingenuidade, de forma cruel e trágica”.

 

Do Conselho Editorial

É inegável que o discurso de ódio tem se espraiado por vários países mundo afora.

Os grupos fascistas e nazistas têm ressurgido e tomado as ruas atemorizando os opositores ao regime ou a ideologia que defendem.

No Brasil, Bolsonaro, seus adeptos, seus admiradores, seus apoiadores têm seguido o mestre e apoiado medidas truculentas e radicais não só ao sistema, mas também aos opositores.

Os discursos, à medida que vai se aproximando o dia da votação e se configurando a possibilidade de derrota do primeiro mandatário da nação, o clima de hostilidade aos opositores, ao STF, ao TSE, vai ganhando contornos de guerra.

Não bastassem as agressões verbaisàs mulheres, aos negros, aos indígenas, grupos LGBTQIA+ e outros grupos minoritários, o mandatário da nação tem estendido seus ataques virulentos a países vizinhos, como Venezuela, Chile e Argentina.

Algo muito estranho com parte de membros da sociedade brasileira, que se imagina civilizada e culta, que está a naturalizar a barbárie e aceitando como se fora normal o que está acontecendo com muita frequência no Brasil, América Latina, EUA, Europa.

Antes da ascensão de Trump ao poder, já se percebia um açodamento nos movimentos políticos de direita, que conduziam a um enfrentamento que causaria violência, sangue e caos na medida em que fosse se ampliando.

A ampliação ocorreu e os reflexos estão acontecendo; monstros estão despertando em todos os continentes.

Nos Estados Unidos um extremista de direita ligado ao “trumpismo” foi morto após tentar entrar armado em escritório do FBI nos EUA.

A imprensa local garante que o homem atirou com uma pistola de pregos e empunhava um rifle tipo AR-15 antes de fugir em um carro.

No Brasil, um simpatizante de Bolsonaro invadiu a festa de aniversário de um conhecido militante do PT de Foz do Iguaçu. O guarda municipal Marcelo Arruda, que comemorava seu aniversário de 50 anos, em festa decorada com fotos de Lula e símbolos do partido, quando o agente penitenciário federal Jorge José da Rocha Guaranho invadiu o evento aos gritos de “Bolsonaro” e mito, assassinando o aniversariante.

Até o caso do incêndio ao prédio desta Folha serve de exemplo para reforçar o quanto o radicalismo e o ódio podem comprometer uma sociedade. O editor deste jornal e sua família poderiam não estar vivos para continuar contando a história.

Em episódio recente, Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, foi vítima de um ataque a tiro por um brasileiro de 35 anos (que reside na Argentina desde os 06 anos), que apontou uma pistola para o rosto de Kirchner, que felizmente não disparou.

Estas ações violentas são fruto de um extremismo gigantesco, de um enorme fanatismo que obriga a que se voltem corações e mentes que ainda ousam pensar a refletir qual será o destino da humanidade, já que deixaram de ser apenas um movimento isolado e passaram a ser ataques orquestrados e organizados, ocorrendo em vários países.

Não conseguem entender alguns, que serão isolados do debate político pela violência, pela truculência, pela perseguição os que discordam destas correntes à direita.

E depois, como no fascismo e no nazismo, serão perseguidos os que apoiaram o crescimento desta horda de bárbaros cruéis ditadores sanguinários.

A noite dos Cristais, As noites das longas facas e os campos de concentração que o digam.

Negros, judeus, ciganos, homossexuais, intelectuais que não acreditavam que um genocídio poderia ocorrer perderam a vida pela ingenuidade, de forma cruel e trágica.

Não se pode esquecer nunca desta tragédia principalmente agora que os genocidas dão mostras de estarem voltando.

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