22 de janeiro | 2023

O que o futuro reserva aos brasileiros

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“Por mais que a Justiça se faça presente e dificulte, ou até tenha imobilizado momentaneamente o movimento intervencionista, se o Poder Executivo não conferir maior celeridade para imobilizar o movimento fundamentalista, novas ações poderão ocorrer”.

 

Do Conselho Editorial

A demonstrada preocupação dos Estados Unidos, da União Europeia e de alguns países da América Latina em relação ao futuro do Brasil, após os ataques terroristas à sede dos três poderes, deveria acender a luz vermelha para nossos governantes.

Por mais que tenham sido acertadas as medidas tomadas em relação aos atos terroristas e as que vêm sendo levadas a efeito em relação aos terroristas envolvidos,não deixa de ser preocupante a movimentação nos pântanos.

Parte das instituições de Estado foram aparelhadas e conduzidos ao poder os servidores mais autocráticos, ditatoriais e cruéis, os que devotam respeito e desejam a volta da ditadura. A situação continua preocupante.

Após a tentativa de golpe vai ficando bastante claro que na surdina, no silêncio, foi organizada uma estrutura gigantesca que culminou na barbárie assistida pelo mundo inteiro.

Quem é civilizado ficou chocado com o nível de destruição, com o apoio de parte das forças de segurança e com a participação de segmentos do Exército, que cederamsuas instalações pelo país afora para que fossem montados acampamentos e opôs resistência ao desmonte antes da invasão dos três poderes.

Isto tudo registrado por seguidores fanáticos de Bolsonaro que, agora, presos, revelam parte do plano maquiavélico de derrubada de um governo eleito pelo voto com apoio de forças de segurança.

A viagem de Jair Bolsonaro e do ex Ministro da Justiça e chefe da Segurança do Distrito Federal para os Estados Unidos antes das invasões é quase uma declaração do envolvimento de ambos na preparação do golpe.

Pessoas que viveram golpes, autoridades com conhecimento de causa, estudiosos de Brasil avaliam que a hipótese almejada seria a provocação do caos, na explosão daquela bomba no caminhão próxima do aeroporto e a declaração do estado de sitio e provável intervenção militar, com Bolsonaro à frente do processo.

Como o resultado daquele ataque terrorista foi negativo, o que se imaginava é que com a invasão dos três poderes seria decretada uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que conferiria amplos poderes aos militares que possibilitariam a queda do poder constituído.

Estas estratégias falharam.O atual presidente, Lula, experiente e orientado, não convocou a GLO e em declarações recentes afirmou que não o fez para não ser alvo de um golpe por parte de militares que esperavam que isso ocorresse para colocar os tanques nas ruas.

Após os atos terroristas, tomadas todas as providências, presos um número significativo de conspiradores, outros sendo presos, destituídos dos cargos bolsonaristas fundamentalistas, contas bloqueadas, empresários sendo investigados, mesmo assim, ou por este motivo, a possibilidade de uma insurreição continua presente.

O ex-presidente Pepe Mujica, em entrevista a revista Veja, alerta para o fato deste governo ser exercido pelo Presidente Lula será muito mais problemático que todos os outros e exigirá cuidados e preocupação dobrados.

A extrema direita, os gabinetes do ódio, a parte cruel do agronegócio, a camarilha fardada, os empresários capitalistas selvagens, os exploradores da natureza, os mineradores ilegais e tantos outros noviços aos interesses da nação continuarão tentando reassumir o poder.

Para isto contam com capital e com experiência adquirida na invasão às sedes dos poderes constituídos, na derrubada de torres de energia, nas paralisações de rodovias e na distribuição de Fake News que estimulam o ódio e as reações violentas.

O sistema continua correndo risco, os fanáticos mantêm os mesmos discursos e delírios nas redes sociais e o governo demonstra que, embora esteja reagindo, não tem a velocidade que as ações dos extremistas exigem.

Por mais que a Justiça se faça presente e dificulte, ou até tenha imobilizado momentaneamente o movimento intervencionista, se o Poder Executivo não conferir maior celeridade para imobilizar o movimento fundamentalista, novas ações poderão ocorrer.

É só dar o tempo para a extrema direita se reorganizar, e infelizmente este tempo parece estar sendo permitido, por inércia ou por incapacidade de ver o que o mundo todo já viu.

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