22 de fevereiro | 2015

Ô palhaço, tá guardando a fantasia de político?.

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WILLIAN ZANOLLI

Hoje não falaremos nem de corvos nem de cornos, falaremos de gente mais astuta, gente filho de mãe rodada e solteira, famosos filhos da luta.

E saíram todos, cafetãos e cafetinas, heteros, bi, trans, afrodisíacos, pílulas do dia seguinte, mucamas e encantados da cor do azeviche, levaram seus suores pelas ruas, e se enrolaram em pernas e corpos até saciarem a sede de suas cantareiras secas.

E sepultaram noites, acordaram dias, e foliaram como nunca neste tempo de um ano, e soltaram serpentinas que foram colombinar travessuras pieróticas, se soltaram de mandos e soltaram seus desmandos por ai.

Foi assim, pela vida que se enroscou em quatro dias e noites de carnavalescas sonoridades e fantasias que soltaram o demônio que habitava cada um dos anjos santos que estavam morando pendurados no silêncio de cada um.

E se coloriu o universo de plumas de aves e avenidas, deliraram em extâse pela orgia de cores que se esparramaram encobrindo as tristezas do país e sorriu toda gente viva e defunta que sambou por fora e por dentro como se não houvesse começo e fim de mundo.

Não levei as minhas pernas, mas lá estive em alma, espírito e bailei com os sonhos de outrora e os de agora que imagino poderia ter se caso fosse se entregar e nos bacanais e nas orgias que finjo que abomino mas adoro tanto.

Foi ótimo como sempre foi e será sempre, mesmo que não seja totalmente, só de saber que até banguela esquece sua dificuldade para se mostrar só riso e se banha nas águas profundas do embalo desta festa.

Tudo inicia, tudo se acaba, e enquanto uns vestem o vestido de festa outros vão de mortalha, e agora é quarentena, jejum e abstinência, hora de encostar o barco no porto, piracema de festejos e gandaias.

Momento de embalar as fantasias e embalar outros sonhos, outros desejos, se desmontar, sair da avenida, trocar o apito e a zabumba pelo monótono dia a dia, sair do cordão e entrar na fila imensa de todo o sempre, em todas as instituições, onde todas as broncas e reclamos não valem um, foi a Camélia que caiu do galho deu dois suspiros e depois morreu.

Por que na vida real, vamos morrendo um pouco a todo instante filmados nas cenas mais cruéis possíveis onde brota e ressurge a maldade humana na sua mais intensa e desproposital forma de ser, aviltando o que deveria ser a plenitude da vida.

E saltamos da loucura de outros enredos para a trama da realidade, foram quatro dias que fomos, somos, como se fôramos o que tanto desejávamos enquanto viajantes libertos de uma viagem que poderia ser maravilhosa se fosse toda carnavalizante, como é esta passagem de anunciação desta querentena que bem poderia culminar na nossa ressureição.

E por falar de tudo um pouco, por que rasos como somos tivemos a pretensão de aprofundar questões, que carnavais, pescarias, e retiros espirituais, voltando para o plano dos terráqueos comuns, é hora de se perguntar aos que foram a rua fantasiado de tanta gente politicamente mentirosa e que estragam nosso dia a dia produzindo corrupção e tirando a beleza do final do texto.

Ô palhaço, tá guardando a fantasia de político?.

 

Willian A. Zanolli é artista plástico, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no www.willianza no lli.blogspot.com e ouvido de segunda, quarta e quinta-feira, das 11.30 as 13.00 hs. no jornal Cidade em Destaque na Rádio Cidade FM 98.7 Mhz. E, aos domingos, das 10.00 as 12.00 hs. no programa Sarau da Cidade.

 

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