15 de janeiro | 2017

O mesmo de sempre, pintando guias, limpando a cidade

Compartilhe:

Do Conselho Editorial

Se houve pouca ou nenhuma empolgação com a divulgação dos nomes do secretariado de Fernando Cunha e dos cargos comis­sionados divulgados pela Imprensa Oficial, o início de governo repete um ritual quase secular.

As poucas medidas, que parece ser da ordem de dez, como não têm impacto imediato na vida das pessoas, soam como palavras que foram jogadas ao vento e que valor algum terá de imediato, sendo ex­pectativa para o futuro.

Porém, pintar guias e lim­par a cidade tem um simbolismo quase secular e deveria ou entrar para as páginas do anuário do folclore ou para algum ane­dotário a ser algum dia impresso na cidade, já, que, no imaginário popular a figura do prefeito Pinta Guias já reside há dezenas de anos.

E como vampiro, lobisomem, chupa cabras, senão em noites de lua cheia de quatro ou de oito em oi­to anos ele reaparece pa­ra dar o ar de sua graça.

E como personagem de lendas, o mito a ser re­cons­truído segue o ritual dos antigos a risca, com a introdução de uma ou outra peraltice no jogo de demonstrar o abandono deixado e a futura preocupação com a higiene e bem estar dos locais e dos visitantes ilustres da ex-capital nacional do Folclore, ora estância turística.

Diga-se de passagem, que por estas e outras atitudes de seus “desgover­nan­tes” não deveria nunca ter perdido o titulo de Capital Nacional do Folclore, contrário a isto, deveria na alta temporada, exibir no museu para visitação o Pinta Guias, já que sua existência higiênica parece ter vida curta.

Sim, basta ver os exemplos passados, Zé pintou as guias e cortou o mato deixado por Zé Carlos; Lu­iz Fernando fez o mesmo com as guias sujas e o ma­to alto de Zé; Geninho repetiu a operação pós Luiz Fernando; agora vê Fer­nan­do cortando o mato e possivelmente irá pintar as guias sujas que Eugênio deixou.

Todos, salvo engano, levaram a efeito esta manja­da ação de marketing para evidenciar a herança maldita deixada pelo outro, cidade abandonada e demonstrar que arregaçam as mangas, são obreiris­tas, trabalhadores.

Os que deixaram o cargo não foram muito além disto; governos que culminaram na mediocridade, na insignificância de quem mal sabe mandar pintar guias e cortar mato apenas nos inícios de mandato, depois acomodam e terminam suas carreiras inelegí­veis ou sem ter apoio por atos que praticaram entre uma borrada e outra.

Fernando Cunha adicionou à receita antiga uma nova modalidade: limpeza, mutirão em alguns pré­dios públicos, inovação necessária, que apenas demonstra a extensão do abandono que, Geni­nho, ex Pintor de guias, deixou a Distância Turística de Olímpia.

Considera-se de muita importância a limpeza, tan­to das ruas, quanto dos prédios públicos e outras que porventura possam ser incorporadas na administração pública, porém, há que se acrescentar que estas ações apenas de­mons­­tram a incompetência, a incapacidade para a­dministrar de quem se foi, apenas isto.

Quem se foi, como quem assume, não faria e nem faz milagre algum ao cuidar da cidade, visto que ambos, contava um, e con­­ta o outro, com os mesmos dispositivos, as mesmas máquinas, a mesma mão de obra.

A diferença reside na a­comodação de um e na ten­tativa de mostrar que algo mudou em outro, quan­do tudo está como antes esteve.

A pequena diferença talvez esteja presente, por exemplo, no simbolismo da limpeza da UPA, que se assemelha a deixar evi­den­te o total abandono da saúde pública, a incapacidade, a irresponsabilidade do gestor, tanto Secretária quanto Prefeito em deixar em condições insalubres, em péssimas condições de uso, um próprio municipal que recebe pessoas adoen­tadas para tratamento.

Faltava, ao que tudo indica, higiene no setor on­de ela deveria e deve estar mais presente em razão do perigo de contaminações e outras situações que, deduz-se, poderia colocar em risco a saúde de quem já teria um comprometimento na mesma.

Esta inovação de promover a limpeza da Upa, levada a efeito pelo mais re­cen­te pinta guias e corta ma­tos do município, surpreende até os desatentos que acordam para a compreensão da extensão do desleixo e abandono em que a cidade se encontrava.

O novo alcaide deve a­postar, neste seu novo marketing antigo, como apostavam os velhos coronéis da política local, que as pessoas se impressionariam ao ver as ruas limpas e a cidade com cara de nova, assim como, os que frequentaram a Upa antes da limpeza, perceberão que algo mudou nas instalações, para melhor.

Quando se muda para casa nova geralmente se pinta o casebre abandonado, tira-se o lixo do quintal, varre-se a casa, lavam-se os banheiros, as louças da pia, meio que para, entre outras coisas, demonstrar que os antigos moradores eram uns grandes “fuças-fuças”, “sugis­mundos”, “cascões”, em síntese, porquinhos.

E como foi com José, com Luiz, com Eugênio, com Fernando a tarefa parece ter sido facilitada pelo desgoverno que deixou atrás de si algumas obras iniciadas com equipamentos e materiais se deteriorando.

A ação de limpeza que marca o início da repetição da mesmice é totalmente necessária, vem em boa hora, tomara que tenha continuidade e não se interrompa como foi interrompida através dos anos ou só levada a efeito no início de governo.

A cidade precisa bem mais que isto, e até agora, infelizmente, os nomes pinçados e comunicados a imprensa, como a pintura de guias, corte de matos e limpeza de próprios municipais remetem a décadas e décadas de repetição do lugar comum e da mes­mi­ce e surpreender vai de­pen­der do chefe do Executivo.

Como as coisas se repetem por aqui desde sempre e o povo parece que incorporou isto ao seu dia a dia é esperar para ver e se vai dar certo, paciente­men­­­te, e se não der, basta esperar o próximo pintor de guias e esperar… esperar. Vamos esperar que não tenhamos mais que esperar.

 

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas