26 de março | 2023

 O espírito do Anibal Vieira vai presidir a Câmara?

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“Dos tempos em que o homem escrevia nas paredes das cavernas, aos que passou a utilizar pergaminhos, pairos, papel e internet houve uma evolução nas relações sociais e agora a Câmara Municipal olhando para o retrovisor dá uma ré violenta e volta ao velho oeste”.

 

Do Conselho Editorial

Um homem é apenas um homem e suas consequências; nasce nu e com o tempo aprende a se alimentar, andar, se vestir, pronunciar algumas palavras e a conviver em sociedade.

No lar, na escola, na vida em sociedade, nos percursos da existência vai aprendendo regras de convivência.

Com a evolução, através dos tempos, houve uma necessidade de deixar bem clara as regras de comportamento para que ninguém invadisse a privacidade do outro ou fornecesse uma contribuição negativa para o processo civilizatório.

O mundo civilizado tem conhecimento dos registros históricos gravados nas pedras das cavernas naquele período.

Assim como sabe dos papiros e pergaminhos, materiais que eram usados para a escrita na Antiguidade e, geralmente, guardados em forma de rolo.

Razão pela qual chama-se pergaminho qualquer suporte de material enrolado.

O pergaminho é de origem animal; e o papiro, vegetal.

O pergaminho surgiu no século II a.C., em Pérgamo, uma cidade grega.

Com o tempo, ele foi substituindo o papiro como material de escrita mais utilizado no passado.

Os escribas poderiam reutilizá-lo devido a sua qualidade e o faziam também pelo seu preço.

A popularização do papel e a invenção da imprensa fizeram com que o pergaminho fosse abandonado aos poucos.

Esta viagem no tempo serviu para mostrar que o homem foi escrevendo sua história e evoluindo à medida que acumulava ano e progresso.

E chegou neste milênio encantador em que até o papel já começa a ser superado enquanto suporte de registro de histórias, normas, leis e toda contribuição necessária para que o ser humano caminhe na direção de melhores dias.

As leis do Talião, do olho por olho, do dente por dente, os mandamentos bíblicos, a regra de convivência dos silvícolas ditadas pela oralidade ganharam o espaço cibernético para serem divulgadas.

Embora ainda o espírito bélico tenha certa predominância em parte pouco motivada a aderir a evolução, a grande maioria dos seres viventes no planeta, discursa a favor da paz, do amor, da compreensão, da harmonia.

Os espaços de poder executivos, legislativos e judiciários desenvolvem esforços gigantescos para que os espíritos se desarmem e os focos de conflitos diminuam.

E neste aspecto o poder legislativo, em razão de desenvolver leis, está a cada minuto repensando novos aspectos legais para coibir a crescente violência no país.

A Câmara Municipal do Município da Estância Turística de Olímpia, onde nunca houve registro de violência, políticos ou pessoas armadas, através dos atuais vereadores, votou um decreto que permite o infeliz privilégio de que alguns vereadores possam estar armados naquele recinto.

É uma vergonha, um desajuste moral e um tapa na cara de uma sociedade pacífica, alguém investido do poder para pacificação da sociedade instituir a utilização de uma arma de fogo em um espaço onde a única arma admitida deveria ser a força da palavra, do debate.

Nem se um destes vereadores, entre eles o atual presidente da Câmara, Sargento Barreira, estivesse sendo ameaçado se justificaria tal medida, levando-se em conta que a lei permite outras maneiras de proteção,extinguindo a necessidade de estar armado em um espaço público cuja destinação é o debate de ideias.

Independente de ser ilegal, legal, moral, imoral, constitucional ou inconstitucional, o decreto por si só é uma aberração, em nada condizente com o exercício das funções legislativas, uma ideia de jerico que deveria ser repensada e reconsiderada com urgência.

Nem nos tempos em que Anibal Vieira andava assombrando a região, vereador frequentava a Casa de Leis armado.

Não que não tivessem armas, mas por se tratar de um enorme desrespeito ao processo civilizatório e uma intimidação vergonhosa para os que se encontravam desarmados.

Para os que não sabem, Anibal Vieira era tido como o Lampião Paulista, nascido em Olímpia, tinha três irmãos: Ubirajara, Moacir e Leonilda.

Leonilda, uma moça muito bonita, com problemas mentais, merecedora de cuidados especiais por parte da família, principalmente do irmão Aníbal, tinha por diversão ir até uma ponte de madeira, no rio Santo Antônio, esperar pela passagem da jardineira.

Um dia, no mês de fevereiro de 1924, antes da jardineira passar, cinco indivíduos vindos de São José do Rio Preto para uma pescaria e, completamente embriagados, vendo ali aquela inocente criatura, não tiveram dúvida, sequestraram e levaram Leonilda para uma estrada deserta e a estupraram.

Após o ato libidinoso, deixaram a moça num prostíbulo em São José do Rio Preto.

Os canalhas eram: Jerônimo (funcionário da Câmara Municipal), Martinelli (chofer de praça) e três policiais, Florindo, Sebastião e Gustavo.

Aníbal, com apenas 16 anos, adquiriu dois revólveres calibre 38 e partiu em busca dos algozes de sua irmã.

Matou todos, dando início à vida de pistoleiro, desviando-se, talvez, de um futuro promissor. (Fonte: O Doutor e o Pistoleiro – https://jmonline.com.br/o-doutor-e-o-pistoleiro-).

Mesmo neste período em que a maioria andava armado, repita-se, vereadores não iam armados a Câmara de vereadores.

Dos tempo sem que o homem escrevia nas paredes das cavernas, aos que passou a utilizar pergaminhos, pairos, papel e internet houve uma evolução nas relações sociais e agora a Câmara Municipal olhando para o retrovisor dá uma ré violenta e volta ao velho oeste.

Na história de Anibal Vieira um funcionário da Câmara Municipal e três policiais foram mais bandidos que o que transformaram no bandido que lhes tirou a vida.

Sobram, ao final, dois enigmas a serem desvendados.

O povo, através do voto, irá eliminar os que corromperam o significado da casa de Leis da outrora Cidade Menina Moça?

Ou… O espírito do Anibal Vieira vai presidir a Câmara?

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