21 de fevereiro | 2021

Notícias da Covid e notícias de vereadores privilegiando pessoas e não o coletivo?

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Passou da hora desta gente ter juízo e
vergonha na cara. Privilegiam seus amigos
e ainda postam na rede social
como ação benemérita.

Willian A. Zanolli

Seguinte: se tiver uma banqueta daquelas de madeira, verifique se os pés não oferecem risco de uma queda. Se não tiver, pode ser uma cadeira, sofá, cama, rede, beira da guia, pouco importa, desde que verificada a sua segurança.

Feita esta manobra, sente-se seguramente, ou deite no seu lugar de preferência ou conforto e venha ler o Willian que você gosta ou odeia.

A razão do pedido de segurança: pessoas muito bem informadas me colocaram a par de que os leitos da UTI na Santa Casa local estão lotados e que há sete pacientes com Covid na enfermaria.

Que há pacientes se tratando em casa, esperando vagas em hospitais na região que também estão lotados.

Então: se você não se cuidar e observar sua segurança para não ocorrer um desastre caseiro, mesmo na hora da leitura do jornal, hora que subir em escada pra trocar lâmpada, lavar o piso escorregadio do banheiro ou trepar … na jabuticabeira para colher umas frutas, pode acabar lá.

E internado em hospital corre-se vários riscos que não vou detalhar aqui. Só vou lembrar que hospital lotado em tempo de pandemia não é um bom lugar pra se frequentar.

Se bem que não é recomendável em tempo algum.

Para evitar, além de cuidados nas coisas mínimas, observe a distância recomendada pelos protocolos de saúde, higienize as mãos constantemente, evite aglomerações e faça uso da máscara.

Tomadas as devidas precauções, que acidentes podem acontecer sempre, até quando se lê jornal e quando o cidadão tem contra si o calendário, a cronologia, o tempo, se quebrar, não há “superbonder” que cole, vamos ao artigo.

Santa Casa lotada.

Leio na internet que há uma modinha se espalhando pelas corruptelas de vereadores interferindo em favor de parentes e amigos para receber vacinação, furando fila, e intervindo para conseguir vaga em hospital.

A modinha do possível Fura Fila, li neste jornal, já foi encaminhada ao Ministério Público pela advogada Monica de Lima Nogueira a de intervenção de vereadores em favor de vaga tenho ouvido falar a respeito, sem comprovação, pode ser boato, intriga.

Espero que não esteja ocorrendo, pois se estiver e encaminharem pra mim as evidências que comprovem a ação, o caso será prontamente encaminhado ao Ministério Público para averiguação.

Esclareço que não se trata de ameaça, trata-se de respeito ao direito a vida e o reconhecimento de que a função do MP é investigar para que atos antijurídicos (ilegais, inconstitucionais e até imorais) não prosperem.

Como assim? Questionará o leitor menos atento.

Explico: tenho aqui no computador as notícias de um relato de que a sogra de uma pessoa está em casa com Covid 19, porque não tem vaga hospitalar; e outro relato de uma pessoa que estava muito mal em uma UPA e não conseguia vaga em UTI naquela região.

Que, em razão da intervenção de um vereador daquela cidade, que entrou no circuito em favor de seu eleitor conseguiu-se uma vaga para o referido e específico cidadão.

E há também um outro relato de uma senhora nas mesmas condições que conseguiu vaga através de vereadores (as).

Você deve estar se perguntando carinhosamente:

– Mas Zanolinha que mal pode haver em um vereador utilizar sua influência e conseguir uma vaga no hospital para alguém muito doente? Ele não ajudou aquela família?

Eu respondo: sei que o senso comum entende como normal este tipo de intervenção, que o político utiliza seu poder para ampliar o número de seus adeptos, mas ocorre que:

– Saúde é direito de todos e dever do Estado e sendo assim todos teriam que ser tratados indistintamente e no caso a intervenção do político passou a ser um atendimento privilegiado que conspira contra o coletivo por beneficiar o individual.

Insistente e cri-cri, meu “amigo” ilusório perguntaria:

– Que mal há nisto Tio Willian?

Bom se não havia vagas e a interferência política forçou pra que houvesse uma, pode-se presumir que alguém foi desalojado de sua vaga ou que alguém que estava na fila de espera pode ter perdido a vaga para o amigo do vereador (a).

E o chato insistirá:

– Que mal há nisto Willian Antonio?

E eu paciente e prontamente respondo: O mal é que o vereador (a) tomou para si o destino de outrem, se a pessoa desalojada ou a que não foi alojada vier a falecer ( morrer) quem determinou o destino dela, a morte, foi o vereador.

Isto, segundo o grande e respeitado filósofo Zeca Gava que escreveu interessante tese sobre o Direito Penal do Inimigo, que recebeu nota de louvor pela banca julgadora, chama-se “Clientelismo Mortal”.

Está desenhado com certa precisão o absurdo do Clientelismo Mortal e suas consequências na vida e na morte das pessoas, razão pela qual quem deve decidir o destino de um ser humano adoentado é o profissional médico e não o legislador e nem o chefe do Executivo e nem seus Secretários.

Dado o recado, que espero tenham compreendido.

Após visualizar algumas intervenções de vereadores (as) intervindo em favor de vacinas e outras situações nas redes sociais, informo que, se juntados indícios mínimos desta prática criminosa, os irresponsáveis irão responder pelas irregularidades.

Passou da hora desta gente ter juízo e vergonha na cara. Privilegiam seus amigos e ainda postam na rede social como ação benemérita. É o mesmo que chamar de jumento (com o perdão do animal) qualquer ser pensante.

Li que ocorreu em outras cidades e espero que não ocorra aqui, pra que não tenhamos de informar às autoridades que já tem muito trabalho pra ficar cuidando de ação com indícios de ilicitude de gente sem noção alguma.

Willian A. Zanolli é advogado, jornalista, artista plástico e sempre verifica os pés do banquinho antes de sentar.
 

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