25 de novembro | 2012

Lugar de ladrão, não deveria ser na cadeia?

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Willian A. Zanolli
O Brasil está discutindo como nunca discutiu antes a famigerada corrupção, o tal de assalto aos cofres públicos.

 

Pra se ter uma pequena idéia da dimensão disto, a Justiça da ilha de Jersey, paraíso fiscal britânico, determinou que as duas empresas atribuídas à família Maluf devolvam US$ 22 milhões (R$ 45,6 milhões) à Prefeitura de São Paulo. Segundo a prefeitura, esse valor foi desviado pelo deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), que foi prefeito de 1993 a 1996. Ainda cabe recurso da decisão.
 

Vocês leram, o cara foi condenado em Jersey e é deputado aqui. Pouco lenta a nossa in-justiça?
 

Porém, sempre há uma luz no fim do túnel. Olha a notícia: o VI Encontro Nacional do Judiciário aprova meta contra improbidade administrativa.
 

Continuemos: O reforço das ações de combate à improbidade administrativa foi a principal meta aprovada, na última terça-feira (6), na plenária de encerramento do VI Encontro Nacional do Poder Judiciário, realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em Aracaju/SE. Presidentes de Tribunais da Justiça Federal e da Justiça Estadual assumiram o compromisso de, até 31 de dezembro de 2013, identificar e julgar as ações de improbidade administrativa e ações penais relacionadas a crimes contra a administração pública.
 

Os participantes do encontro aprovaram também a realização de parcerias entre CNJ, Tribunais de Justiça, Tribunais Federais, TREs e Tribunais de Contas para o aperfeiçoamento e a alimentação do Cadastro Nacional de Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa.
 

Com o objetivo de garantir a correta aplicação dos recursos públicos, os participantes do evento se comprometeram a fortalecer as unidades de Controle Interno dos Tribunais. Além disso, aprovaram a meta de desenvolver, nacionalmente, sistemas efetivos de licitação e contratos. Essa é a primeira vez que os presidentes de Tribunais fixam metas relativas ao combate à improbidade administrativa.
 

Ótimo que enfim algumas coisas comecem a ser modeladas no sentido de tirar os corruptos, eufemismo para ladrão do dinheiro público, de circulação.
 

Não dá mais para conviver com gestores públicos que em pouco tempo saem da miséria para o exibicionismo de enriquecimento que não condiz com seu histórico empresarial.
 

A máquina pública no Brasil sustenta verdadeiros larápios que não só se corrompem como também passam a impressão, e muitas vezes a realidade de corromperem todo corpo social para se manter no poder sem serem alcançados pela mão aparentemente curta da Justiça, que se estende de forma geral aos miseráveis e excluídos, que historicamente lotam o sistema carcerário.
 

Ao longo de nossa história passada e recente os poderes foram tomados por quadrilheiros de toda ordem que drenaram, sugaram para si e para seus liderados o dinheiro público que deveria servir para tirar da linha de extrema pobreza milhares de brasileiros abandonados, desde a geração de emprego, a formação estudantil e profissional aos serviços básicos que geralmente não contempla a massa geradora de riquezas.
 

Não contempla exatamente por que partes significativas das riquezas produzidas pelo país vão parar no bolso de desajustados, que ao invés de lhes dar destinação correta investem na compra de patrimônio para si, fazendas, carros, coberturas, aviões, mercado imobiliário, e crendo na impunidade não escondem o crescimento, o grande salto dado à custa do erário.
 

Ao que tudo indica o país está mudando, e as indicações dos mais otimistas é que os ladrões que posavam de autoridades irão, enfim, dividir espaço nas cadeias públicas e presídios com os ladrões de varal, com os bandidos comuns, aos quais se igualam com a diferença de que, por enquanto, por falta de justiça, e punição, ainda posam de donos do mundo com a prepotência de quem tem a certeza de que o dinheiro sujo que amealhou compra tudo e todos.
 

Já os pessimistas creem que o tamanho da pizza será universal e que as coisas mudam para ficarem do jeito que sempre esteve.
 

Tomara que desta vez os primeiros estejam cobertos de razão. Este país já não aguenta mais tantos ladrões no comando de uma nação que poderia ser muito mais não fosse o desvio de verbas públicas para contas particulares, enquanto a miséria permeia por ai.
 

Willian A Zanolli é artista plástico e jornalista e visitem nosso blog www.willianzanolli.blogs pot.com.

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