22 de dezembro | 2013

Eu roubo, tu roubas, eles roubam, nós roubamos!. Vós roubais?

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Willian Antonio Zanolli
Este ano foi o ano em que o verbo roubar ganhou notoriedade. Nunca o roubo e o ladrão do dinheiro público estiveram tanto em pauta nos noticiários.

Da mesma maneira frutificou e cresceu assustadoramente a política do rouba mas faz, a política dos resultados.

Nunca vi tanto ladrão de colarinho branco em tardes de comemorações cívicas, em noites de entrega de medalhas e comendas, títulos e outros adereços; parece que a categoria resolveu se unir para tomar de assalto a nação.

Este “de assalto” não é trocadilho, não, e se gritar pega ladrão… não fica um meu irmão.

A coisa tá bem pra lá de feia, está horrorosa, é Mensalão, Máfias do Metrô, ISS, Asfalto, e parece interminável o trabalho da Polícia Federal, quanto mais escarafuncha mais ladrão raposa sai batendo asas do galinheiro.

Este ano foi demais, foi “fo­dento” como diz um amigo meu.

Cheguei até a pensar num projeto que profissionalizasse esta gentalha; meu espírito Mujica bateu forte, se não pode com a droga se alia a ela.

Imagina profissionalizar o desvio de dinheiro público, que maravilha.

As velhas ratazanas pagando INSS, de onde elas vez por outra arrastam um tanto.

Participando do SUS, de onde também mordem.

Podendo declarar suas rendas não contabilizadas à receita.

Imaginem o cara que rouba da administração poder enfim ter o sossego de morar na cobertura e dizer publicamente que é sua.

Imagina ele, ladrão do dinheiro público, podendo andar de carro zero que esteja no seu nome e não nos de laranja.

Colocar todos empreendimentos imobiliários, toda participação em empresa, em loteamentos cujas aprovações passaram por ter de dar trinta por cento para o larápio, enfim poder ser conhecido de todos.

Errei, muitos já são; a diferença é que neste mundo que estou por ironia visualizando isto sairia do terreno das hipóteses e cairia para o mundo da realidade, até por que já é real.

Sim, o cara não tinha nada, passou a ter através do roubo, artimanha que o brasileiro, na sua maioria, culturalmente aprova, acha inteligente, bonito, legal, gostaria de fazer igual.

Só que ai o bem sucedido larápio, tem, todo mundo sabe que tem, de onde veio, como conquistou e por causa da minoria que desaprova a conduta que entende como antiética, é obrigado a fingir que não tem, a negar.

Que bobagem, o cara desfila de carrão, toma wiski 35 anos, mora bem, festeja; dinheiro não dá em arvores e não cai do céu, as evidências apontam para o crescimento gigantesco do capital em muito pouco tempo.

A maioria sabe como esta “bagaça” se deu.

Pra que esta necessária hipocrisia de colar a federal na pista do cara, gastar mais dinheiro público com o que parece não ter solução?

Posso chegar a conclusão que liberar geral ia ficar mais barato.

Sem contar que tiraria o pessoal da informalidade né, disciplinaria a conduta, colocava freios no mercado.

E ai, o tal de laranja ia se ver azul, concordo, que abriria um ponto negro, uma névoa para esta categoria, que entendo poderia criar sindicatos e lutar por seus direitos, que direitos sempre há até para quem é torto.

Fica ai a sugestão, uma forma para se parar de conjugar o verbo roubar como se conjugou neste ano.

Desta maneira seremos obrigados a adicionar o eu na conjugação do verbo, contribuir com a categoria.

Vou me juntar ao tu, ao eles e ao nós?.

Vai dar conjugação: Eu roubo, tu roubas, ele rouba, nós roubamos.

E VÓS….vós roubais?.

Ou assiste de forma submissa e bovina o crescente de corrupção que assola esta nação?

 

Willian Antonio Zanolli é artista plástico e jornalista e está desencantado com o que tem percebido de corrupção neste país, haja mercenários, haja mercenários.

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