04 de janeiro | 2015
Esperançar, almejar, sonhar, buscar, agir, é contrário de esperar
DO CONSELHO EDITORIAL
Em uma destas palestras pelo Youtube, a que todos podem ter acesso, do filósofo e teólogo Mário Sérgio Cortella chama a atenção à forma como ele evidencia a diferença entre a tradicional confusão que se faz em relação à palavra esperança.
Bastante comum que as pessoas, por distração, por desatenção e até mesmo pela prática da não consulta a freqüente a dicionários elaborem ou aceitem a idéia de que esperança venha de esperar.
Tomando por base entre outros textos um do fenomenal educador Paulo Freire, Cortella desfia com poesia e filosofia minuciosa descrição das diferenças entre esperança e esperar, que os leitores poderão, se for alvo de seus interesses buscar na rede mundial de computadores.
Aqui, pela oportunidade única que é a troca de um ano que deixa um farto legado de histórias ricas para acréscimo da experiência de cada um dos que atravessarão a soleira de 2014 e pisarão firme e forte nos dias, semanas e meses que comporão 2015, se buscará será a essência destas questões tão belas e humanas nos seus múltiplos significados.
Nada melhor que iniciar por Freire, que dizia que era preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; por que tem gente que tem esperança do verbo esperar.
E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.
Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.
Se for dada uma corrida ao dicionário será fácil perceber que ter esperanças é almejar, sonhar, buscar, agir, que repetindo o que já foi escrito, é contrário de esperar.
Quando se está sem forças se diz que é preciso ter esperanças, que, diferente de ficar esperando, esperançar é sonhar, é definir o que se quer, e o como irá alcançar passa a ser uma força que torna o ser humano resiliente.
Resiliência é um conceito psicológico emprestado da física definido como a capacidade que o indivíduo tem para lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas, choques, estresse sem surtar.
Daí se infere, ou se deduz que a esperança entre outras coisas se relaciona também com um momento de especial dificuldades que o individuo tem, ou deseja superar e busca forças no seu íntimo para superar as adversidades impostas pelo adverso, passando a ser um sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja, confia, que coisas boas poderão lhe ocorrer,tem fé que isto possa acontecer, por almejar uma vida melhor, não deseja nunca perder a esperança. Na religião cristã, a esperança, ao lado da fé e da caridade é a segunda das três virtudes teologais.
Como é rica a experiência contida nas palavras, desde que o homem começou a desenhar nas paredes da caverna para se comunicar e assim contar a sua história e a história de sua tribo, tão rica quanto a história da humanidade, que a cada ano cumpre o ritual de passagem com o mito de despedida do período que se vai e de recepção do ano que se instala.
É tempo de dizer adeus a tudo quanto foi vivenciado e se preparar para novas experiências, que fornecerão acréscimos a biografia que cada um escreve de si mesmo nas páginas do dia a dia.
Nada melhor que parodiar Chico Xavier, que dizia que ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um ou qualquer uma, pode começar agora a fazer um novo fim.
O nome disto é esperança.
Isto talvez poderia resumir de forma simples e direta o que poderia fazer a maioria cujo interesse é a busca da felicidade, como são diversos, complexos e até confusos os pensamentos, melhor que pode fazer o ser humano em 2015 é conjugar o verbo esperançar, se possível no futuro do presente simples.
Eu ( jornal) esperançarei.
Tu (leitor) esperançarás.
Ele esperançará
Nós esperançaremos.
Vós esperançareis.
Eles esperançarão.
A Folha da Região deseja um feliz 2015 a todos, que inicie e culmine cheio de paz, amor fraternidade, solidariedade, e esperança.
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