30 de dezembro | 2012

Em 2013 serei mais honesto ainda, só de sacanagem

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E NÃO É …
… que aos trancos e barrancos conseguimos terminar mais um ciclo de nossas vidas. Mais um ano se passou e outro está começando. Entre mortos e feridos salvaram-se quase todos.

 

NO ENTANTO, …
… toda a vez que chegamos ao final de um ciclo e final significa término, o normal é passar pelas nossas mentes, como um filme em câmera rápida, tudo aquilo que quisemos ser sem ter conseguido e tudo o que fomos e fizemos querendo ou sem querer fazer.

 

UM CICLO …
… vai terminar à meia-noite de segunda-feira. E outro começará imediatamente.  Muitos tentarão fazer este balanço para tentar corrigir as falhas ou mesmo para agir ainda melhor no ano que se inicia.

 

O QUE DÁ …
… pena é saber que a grande maioria, sem saber porque, mas porque acostumou que viver é trabalhar, trabalhar e trabalhar e, em finais de semana e feriado, se entorpecer como se fosse a única forma de se realizar, vai continuar contribuindo para o engrandecimento do “animalismo” artificial.

 

E NO DIA, …
… seguinte, ao invés de replanejar, de refazer metas, ou tentar evoluir, adquirir conhecimento, deixar fluir a manifestação mais pura do ser humano através do extravazar das emoções pela arte, com a cabeça parecendo que tem uma bigorna dentro, vai ronronar pra todo canto suas proezas do dia anterior.

 

PROEZAS …
… entorpecidas contando quantas coisas inéditas realizou, como jogar cerveja na cabeça, ou champanhe no outro, ou mesmo quantas cervejas tomou, quantas gargalhadas deu, etc, etc, etc, tudo sob o efeito desta droga que é tão danosa, ou até pior que o crack … (mas que é bom encher a cara e fugir de tudo … isso é).

 

PARA ESTA …
… grande maioria o ano começa e recomeça, não finda nenhum ciclo, nada vai ocorrer de novo, apenas uma repetição de fatos, como se fossem meros robôs, sem perspectiva nenhuma, programados para ser o que são, já que para ter perspectiva de alguma coisa é preciso ter conhecimento suficiente pra se conhecer e conhecer o mundo e, aí sim, conseguir escolher um caminho, trilhar por trilhos que levam a realização como ser que tem a possibilidade de ser humano.

 

TRADUZINDO: …
… é preciso transcender o prazer meramente animal e descobrir as emoções humanas que abastecem a alma, que embriagam sem álcool, que levam ao êxtase sem precisar de droga nenhuma.

 

“VIXE” …
… este pseudo ser humano já está entrando na seara etnocentrista (no seu sentido derivado pessoal de achar que todo mundo tem que pensar como você pensa), cujo maior defensor local é seu ex “cudeiro” SanchoWillianquasepança, para quem existem verdades absolutas, aliás, tenta demonstrar o contrário, mas discursa como se a dele fosse a única. Ele é, mas quem não sou? Hohohoohohoho!

 

PIOR AINDA …
… do que aqueles que não pensam e vivem acorrentados no fundo da caverna, vendo apenas fragmentos da realidade, alienados pelo sistema que continua necessitando dos escravos para produzir os bens de consumo para dar prazer aos que têm o poder do dinheiro, são os que têm informações suficientes para pensar, mas não conseguem fugir do mero prazer do consumismo e ficam dependentes de livros de autoajuda para amainar o ser que precisa explodir, necessita sair da caverna.

 

MUITO BONITO …
… o pensamento acima, diria o grande Sancho, mas não se pode confundir caverna com armário, embora não se tenha nada contra quem ou o que quer que seja. Cada um deve ser o que quiser ser, independente do filhosofia, independente de qualquer coisa.

 

O QUE SE …
… pratica aqui é apenas o soltar a imaginação e deixar que ela comande plenamente os dedos que ficam em contato direto com o teclado. Como se fosse um psicografar pelo Word.

 

MAS, PIORES …
… ainda, pensa este “calonista”, são os que, embora não fiquem inertes, embora se embriaguem com tudo o que o dinheiro dos outros pode comprar, param, nesta época do ano, para contabilizar quanto conseguiram juntar tirando dos pobres coitados e o que é pior, replanejam como vão fazer para “tomar” ainda mais dos que vivem em estado animalesco apenas para produzir, se embebedar e aceitar passivamente as migalhas que vem do poder.

 

E O PIOR …
… é que fazem tudo isso sem ter um mínimo de resquício de consciência de quantas mortes estão causando, de quanto sofrimento estão impingindo a quem não tem condições nem de enxergar que isto esteja acontecendo.

José Salamargo … desejando Feliz Ano Novo para os seus quatro ou cinco insistentes leitores assíduos, pede licença para reproduzir aqui um poema de Elisa Lucinda que foi popularizado no disco de Ana Carolina e Seu Jorge lançado há alguns anos atrás, por retratar justamente o que este colunista “Só de Sacanagem” replaneja para 2013.
 

“Meu coração está aos pulos!
 

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?
 

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
 

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
 

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
 

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.
 

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: “Não roubarás”, “Devolva o lápis do coleguinha”, “Esse apontador não é seu, minha filha”. Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar.
 

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar.
 

Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba” e vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”
 

Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!”

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