01 de janeiro | 2016

Educação e Economia

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Ivo de Souza

Não se pode negar que existe relação entre o desenvolvimento econômico e a qua­lidade da Educação de um país. Nossos sábios economistas ainda, parece, não descobriram es­sa verdade. A Co­reia do Sul é exemplo acabado de que a educação impulsiona a área econômica. É e­vidente que a educação de­ve ser de qualidade. Não im­porta muito, aqui, a ideia fixa (?) de inclusão escolar, se a escola tem um péssimo (nível) processo de ensino-aprendizagem, professores mal preparados, uma gestão dissociada dos verdade­iros valores pedagógicos, on­de os alunos concluem o ensino fundamental sem conhecimentos básicos de ma­temática, sem ter-se a­propriado da leitura e do en­tendimento dos textos que leem (eu disse entendimento, e não interpretação). Para o desenvolvimento do país, a educação é de suma importância. Haja vista o caso dos tigres asiáticos cujo desenvolvimento econômico deve-se muito ao sucesso de seu sistema educacional, ideia que não foi, lamentavelmente, incluída, repito, na agenda dos sábios economistas tupiniquins. E se o avanço (educacional) explica a saúde econômica, o atraso de nossa educação fundamental, do ensino médio e até do universitária explica o nos­so crônico subdesenvolvimento e a nossa nefasta distribuição de riqueza.

E não são somente os economistas brasileiros que ocupam cargos nos três níveis de governo que assim pensam e agem. Os próprios governantes, no Brasil, não priorizam a educação, não conferem o devido valor aos professores (e, por isso, os remuneram vergonhosamente).

O investimento em educação sempre fica muito aquém do que deveria ser feito. Capenga, a educação não consegue impactar a produtividade e não cuida como se deve do seu capital humano.

Existem pessoas que ainda não acreditam nessa relação de causa e efeito: a e­ducação de qualidade produz enormes benefícios para a população em geral, mormente no que diz respeito ao desenvolvimento econômico, ao bem-estar social e à disseminação da cultura brasileira.

Há quem prefira defender a tese de que os colonizadores e até a oposição são os verdadeiros culpados pelo sistema educacional de Terceiro Mundo que se instalou, há anos, no país (como bem disse Sartre, “o inferno são os outros”).

E se levantássemos a tese de que a corrupção (insti­tu­ci­onalizada!) é que tem u­ma parcela de culpa no nosso atraso educacional? Co­mo se sabe, a corrupção in­viabiliza a aplicação de verbas na educação, causa o de­semprego e faz galgar altos postos o dragão da corrosiva inflação.

P.S.: Editorial da Folha aponta cinco ideias para debate:

1.Enfatizar o gasto com o ensino básico, e não com o universitário

2.Garantir seis horas efetivas de aula por dia (?!?)

3.Pôr ênfase em português e matemática no currículo nacional

4.Dar autonomia a mestres e diretores e facilitar demissão dos piores

5.Fechar escolas ruins ou entregar sua gestão a organizações sociais

Essas idéias devem ser debatidas entre os principais interessados no processo educacional: pais, pro­fessores, alunos, diretores.

Basta observar atentamente e aprender com So­bral, município cearense, onde a educação pública brilha há alguns anos. O que será que Sobral tem, e os outros municípios não?

Em tempo: Lá em Sobral há “autonomia para diretores e professores escolheram os meios de alcançar metas claras e mensuráveis; há prioridade para a alfabetização na idade certa, com currículo bem definido; há produção de material didático próprio com treinamento pragmático para docentes aprender a utilizá-lo com ­eficácia…

 

Ivo de Souza é professor universitário, poeta, co­lu­nista, pintor e membro da Real Academia de Letras de Porto Alegre.

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