12 de janeiro | 2025
O custo do descaso: uma cidade em ruínas e uma população abandonada
HERANÇA MALDITA
Saúde pública em colapso, educação negligenciada e infraestrutura sucateada. Após oito anos de exclusão, Olímpia precisa de uma reconstrução urgente e inclusiva.
José Antônio Arantes – Os primeiros dias de 2025 revelaram o tamanho do abismo deixado por oito anos de uma administração que governou para poucos. A passagem do prefeito Geninho Zuliani por prédios públicos e secretarias trouxe à tona uma realidade que este jornal já vinha denunciando: Olímpia foi conduzida por uma gestão elitista, que, ao que parece, “tinha nojo de pobres” e deixou a maioria da população à margem.
Com uma saúde pública em ruínas, educação abandonada e infraestrutura inoperante, o cenário é desolador. A herança deixada é a de uma cidade fragmentada, onde as desigualdades não apenas se perpetuaram, mas se agravaram.
Na área da saúde, a calamidade é evidente.
O Laboratório Municipal e o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) foram encontrados em condições tão precárias que a Defesa Civil precisou interditá-los. Enquanto o CAPS foi transferido para o Fundo Social de Solidariedade, o laboratório foi deslocado para o Ambulatório de Referência e Especialidades.
Na UPA, o calor e o atendimento desumanizado são reflexos de uma gestão que negligenciou até o básico. Além disso, o aumento de 853% nos casos de dengue em 2024 é o retrato do descaso, com três mortes confirmadas e milhares de notificações, revelando a total ausência de políticas preventivas eficazes.
UMA EDUCAÇÃO
QUE NÃO AVANÇA
O cenário educacional não é menos alarmante. Olímpia ficou fora, novamente, dos repasses do Fundeb pelo programa Valor Aluno Ano Resultado (VAAR), que premia municípios que reduzem desigualdades sociais, educacionais e raciais.
A falta de avanços e a ausência de dados básicos, como a autodeclaração racial, mostram o quanto a administração anterior foi omissa. Enquanto cidades vizinhas conquistaram milhões para fortalecer suas redes de ensino, Olímpia permaneceu estagnada. Perder esses recursos significa negar oportunidades a milhares de crianças que dependem de uma educação pública de qualidade para superar barreiras sociais.
Ao mesmo tempo, veículos e máquinas essenciais para a prestação de serviços públicos foram encontrados sucateados. Obras de manutenção e serviços básicos foram paralisados, prejudicando principalmente as regiões mais pobres.
Em contraste, o Vale do Turismo, símbolo do investimento voltado para uma elite econômica, segue resplandecente. Essa disparidade entre os cuidados destinados aos turistas e o abandono dos moradores evidencia a lógica de um governo que, por oito anos, parece ter “maquiado suas mazelas” para parecer eficiente, mas deixou a população desassistida.
PRIMEIROS PASSOS
PARA UM NOVO FUTURO
O novo governo já demonstra estar ciente do desafio gigantesco que tem pela frente. Nos primeiros dias, o prefeito Geninho Zuliani montou uma equipe técnica com profissionais experientes para lidar com o caos herdado. A reorganização do CAPS e do Laboratório Municipal foi uma medida emergencial que garantiu a continuidade de serviços essenciais, ainda que temporariamente. A prefeitura também iniciou mutirões de limpeza, campanhas educativas e fiscalizações intensivas para combater a dengue, ações que já deveriam ter sido realizadas há anos.
Outro sinal positivo foi a escola de técnicos e não de políticos para secretarias voltadas para áreas estratégicas, como inovação, sustentabilidade e saúde pública. O prefeito prometeu uma gestão transparente e eficiente, comprometida com a reconstrução de Olímpia. No entanto, transformar palavras em ações concretas será o grande teste de sua administração.
RECONSTRUINDO
UMA CIDADE PARA TODOS
Os próximos anos serão cruciais para definir se Olímpia será capaz de superar o legado de abandono e exclusão. O governo atual precisa ir além de ações emergenciais e estabelecer políticas estruturais que atendam à maioria da população.
A cidade não pode mais ser governada para uma minoria, enquanto os mais vulneráveis ficam sem acesso a serviços básicos. O desafio está em construir uma Olímpia que não abandone seus cidadãos, que ofereça educação de qualidade, saúde digna e infraestrutura funcional.
O tempo e os resultados dirão se a nova gestão conseguirá transformar promessas em realidade e corrigir os erros de um passado marcado pela desigualdade.
O que está em jogo não é apenas a recuperação de serviços públicos, mas a dignidade de uma população que, por anos, foi ignorada.
Olímpia não pode mais esperar; é hora de reconstruir, com coragem, inclusão e eficiência, uma cidade que pertença a todos, e não apenas a poucos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!
Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!