26 de setembro | 2021

… E por Falar Em…“Maria Fumaça”

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A. Baiochi Netto

“Maria Fumaça”, na expressão jocosa da época, referia-se às antigas locomotivas que puxavam os vagões para transporte ferroviário através das redes (trilhos) de bitola estreita. Era o caso de Olimpia. Vamos por partes.

Quando, após sua fundação, Olímpia se projetava economicamente pela boa qualidade do café aqui produzido e pelo potencial dessa produção, a ferrovia mais próxima da cidade, com seus trilhos de bitola larga, ficava em Bebedouro.

Os pretendidos projetos de extensão da linha de bitola larga de Bebedouro até Olimpia foram, porém, substituídos pelo projeto do ramal rodoviário, de bitola estreita, denominado São Paulo – Goiaz, objetivando o transporte da produção daquele estado até Bebedouro, passando por Olimpia e tendo como destino final São Paulo e o porto de Santos.

O projeto de criação da linha São Paulo – Goiaz, de bitola estreita, no entanto, chegou até Nova Granada e parou ali mesmo.

Os vagões da bitola estreita eram, então, puxados por locomotivas movidas a vapor, produzido por caldeiras alimentadas pela queima de lenha e carvão. Por isso, em seu trajeto, ia soltando intensa fumaça negra e fagulhas. Daí a referência jocosa de “Maria Fumaça”.

Em meados de 1961 uma nova esperança de crescimento brotou para a cidade, quando o ramal São Paulo- Goiaz foi adquirido pela Cia. Paulista de Estradas de Ferro, mantenedora da linha de bitola larga que chegava até Bebedouro. Comemorou-se a esperança de que a Paulista estenderia então, até Olímpia, a linha de bitola larga. Em razão dessa pretendida extensão, dizia-se, na cidade, que a região de Olimpia passaria a ser conhecida como a região da “Nova Paulista”.

Nelito Santos, o saudoso jornalista que era um entusiasta pelas coisas da cidade, fundou, na época, o jornal semanário “Tabloide da Nova Paulista”, que deixou de circular há alguns anos.

A bitola larga representa uma das grandes frustrações pelas quais o município já passou. Isto porque a Paulista limitou-se a introduzir apenas alguns poucos melhoramentos pontuais na linha de bitola estreita, que ficou mantida, dentre os quais a substituição das máquinas “Maria Fumaça” por locomotivas movidas a óleo diesel.

Creio que a locomotiva recentemente transferida e assentada, com grande aparato oficial, junto à antiga estação da São Paulo- Goiaz é uma máquina a óleo diesel e não uma “Maria Fumaça.

Dada a pouca relevância do fato – simples mudança de base- e do aparato oficial em sua divulgação, pode-se até supor que algum observador mais pragmático venha a pensar com seus botões que, na falta de peixe grande, qualquer lambari pequeno serve.

Felizmente o peixe maior está por vir, que é a recuperação do prédio da antiga Estação, transformado em centro cultural. Qualquer aparato oficial em sua inauguração será bem recebido.

EM TEMPO. Em nosso último artigo aqui na Folha, abordamos a figura do Dr. Neves e seu empreendedorismo. Certamente em razão da diagramação, foi cortado do artigo a sua parte final, onde, entre as ações do Dr. Neves, lembrávamos ter sido ele o doador do terreno – o marco zero – onde se encontrava o poço profundo de águas quentes, perfurado pela Petrobras, e que veio a dar origem ao Thermas dos Laranjais empreendido pelo Benito.

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