10 de junho | 2012

E de tudo ao meu humor serei atento

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Willian A. Zanolli
Se as coisas já estavam boas, melhoraram muito depois que conseguimos chegar ao centro do entendimento de que tudo traz em si a lição de crescimento e da melhoria do ser humano que fomos para o ser humano que passamos a ser no momento seguinte.

Isto se houver o momento seguinte, se não houver, eis ai outra lição, atravessaremos o umbral da eternidade, poderemos confiar na barba de Deus ou tirar sujeiras da unha com o garfinho do Diabo.

Tudo vem para acrescentar, para aumentar nossa visão sob todos os aspectos da vida.

Há muito frio e pouco cobertor demonstrando que os dias ensolarados tinham beleza mesmo que carregados do cheiro álacre avinagrado do suor que escorria, ou mesmo o sal que ardia nossas vistas, a beleza dos raios de sol bailando sobre águas de riachos.

Isto não tira, porém, a ternura e o encanto dos gatinhos encolhidos e das pardalocas nos galhos das jabuticabeiras, os hamsters amontoados, e a perna da amada buscando o calor do nosso corpo.

Um bom café à boca do fogão de lenha, uma fogueira no quintal, que isto, o rigor do frio, pede e pode para os que gostam, vir acompanhado de uma sopa ou uma canja das boas, para quem detesta, um bom queijo e vinho, ou uma caipirinha, um conhaque com limão para curar a gripe que ronda nossas velhas e carcomidas carcaças.

E no verão, sol brabo de estourar mamona, o asfalto soltando aquela fumaça que lembra névoa de inverno, a cerveja sorri para quem gosta de loiras geladas, e o churrasquinho pede passagem, a música ganha o ar e tudo que estava encolhido parece que se levanta.

E não há, embora pareça, nenhuma dubiedade na frase, apenas a constatação que o frio deixa as pessoas mais contidas, perdidas ou encontradas em reflexões, que tudo e todo o tempo é lição e aprendizado que sempre auxilia a que as pessoas cresçam seu entendimento sobre a vida.

Sim, sei que você, leitor mais pessimista, deve estar discordando desta visão otimizada que parece não condizer com a realidade e aponta muito mais para virtualidades que realismos marcantes.

Porém, pessimista é o que percebe que não está ótimo o desenrolar dos acontecimentos e muitas vezes por estar desatento a sua própria volta, seu entorno, não consegue observar que o estado que seu pessimismo vislumbra é exatamente o alerta de que as coisas podem ter que dar marcha ré para a retomada do processo, que há outras soluções a serem discutidas no processo.

É isto aí ou talvez não seja, este espírito que ora toma conta de nós passou a ser estimulado a partir da verificação de que um comentário de alguém criticando a conduta de um destes que estão enriquecendo às custas do erário, roubando dinheiro público.

Outra pessoa na roda fez ver que este ou vários ladrões do dinheiro público pararam de pedir aqueles favores especiais, deixaram de encher o saco dos outros com cheques sem fundo, afora um ou outro que insiste na velha prática, não precisam mais de endosso, pegar dinheiro com agiotas, e estão comprando um patrimônio incompatível com suas realidades passadas.

Pagam conta de água e luz sem ter de pedir dinheiro emprestado e salvo exceções raríssimas tem o tanque do carro abastecido de combustível até a boca sempre, podendo dar caronas e pedir votos para os seus preferenciais.

E fez outras ponderações tão ilógicas quanto estas acima que parecem tão racionais inicialmente quanto o discurso do rouba mas faz ou a visão do mundo virtual em que o universo ao redor é o melhor que existe mesmo com toda a violência e insegurança que parece que vivemos.

No entanto, inebriado pelas impressões primeiras cheguei a conclusão que pode ter havido pelo menos entre todas as ponderações doentias a justificar o roubo dos cofres públicos uma que me sensibilizou mais que as outras.

Agora, eles, os “larapinhos” deste meu Brasil Brasileiro, pensam que são gente e “nosostros” um saco de esterco de vaca, dai só andam com “otoridades”, nos esqueceram, poderia ser muito ruim este comportamento se não observássemos o positivo da coisa.

Não comem mais nossa costela temperada no sal grosso, nem bebem nossa cerveja de promoção gelada naquele congelador meia boca; estamos livre destas malas sem alça eis ai a grande e magnânima lição.

E é por isto, desde hoje até enquanto durar sempre de tudo, ao meu amor e ao meu humor serei atento.

Willian A. Zanolli é artista plástico e jornalista, mesmo que não possa parecer. E sabe que tem gente que depois do meio do artigo irá falar que estraguei um belo texto, posso ter estragado, mas sinto que cresci, estou me sentindo com um metro e setenta e dois centímetros.

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