01 de maio | 2022

Daniel Silveira, Bolsonaro e os riscos à democracia

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“A princípio, os bolsonaristas raízes creem que foi uma jogada de
mestre; os que se opõem acreditam que o Mito
jogou Daniel na cova dos leões”.

 

Do Conselho Editorial

O deputado Daniel Silveira, assim como outros representantes do bolonarismo raiz, faz uso do discurso da intolerância, do ódio,do preconceito e da afronta às instituições para se promover junto ao eleitorado nazifascista que representa.

Este eleitorado pode fornecer a Bolsonaro, em apertada análise, considerando as pesquisas atuais, até trinta por cento dos votos no primeiro turno das próximas eleições.

Isto não significa, de forma alguma, que este porcentual não possa se elevar ou diminuir com a proximidade do pleito e com as ações levadas a efeito pelo governo.

Neste momento, baseado nas pesquisas dos principais institutos, seriam estes os números aproximados das intenções de voto no pré-candidato presidente da república.

Estes números sinalizam, em tese, que o mesmo poderá estar no segundo turno disputando com algum outro candidato.

Para que consiga chegar lá, ficou bem claro para a população que a estratégia de campanha que polarizava com a esquerda e criticava o “centrão” e o mito da instalação do comunismo no Brasil deve ser mantida pelo pré-candidato.

Algumas questões trazem alguma dificuldade para que o chamado Gabinete do Ódio e os construtores de fakenewsencontrem facilidades como encontraram na eleição passada.

A começar que Bolsonaro não é mais novidade; não tem mais como fazer uso do discurso da moralidade da coisa pública envolvido em tantos escândalos.

Muito menos as falas contra os políticos corruptos amparado pelo Centrão, contra quem, o General Heleno, na eleição passada cantava: “Se gritar pega ladrão não fica um meu irmão”.

Depois de muitos cargos e Ministérios distribuídos a políticos envolvidos em atos censuráveis de corrupção, os filhos, a mulher e os amigos atolados até o pescoço em rachadinhas, não dá pra passar pano de honesto.

Quando cai no plano dos projetos não há muito que se falar porque foram quase quatro anos de guerra campal contra quase tudo que respirava democracia nesta terra brasilis.

Sobrou exatamente isto: brigar para estimular os fundamentalistas para se chegar no segundo turno e lá ver o que se pode fazer para se reeleger.

E é neste contexto absurdo de guerra de narrativas que bolsonaristas atrás de Likes, curtidas e compartilhamentos, acabam se enrolando de tal maneira que impossibilitam a si mesmo com suas próprias armas.

No Rio, Gabriel Monteiro, policial blogueiro que tinha tudo pra se reeleger, está enrolado até o último fio de cabelo em razão dos absurdos que propagou e fez.

Em São Paulo o Blogueiro Mamãe Falei, depois de muitos disparates nas redes, foi internacionalizar suas cacas na Ucrânia e já renunciou ao mandato na tentativa, que parece frustrada, de continuar elegível.

Já Daniel Silveira, após muita provocação para ser conduzido a condição de herói mega alfa do bolsonarismo, foi para um embate direto com o STF, via Alexandre de Morais.

Foi condenado e, em que pese o possível exagero da dosimetria da pena e outras circunstâncias em que se pode discutir alguns excessos cometidos no bojo do processo, não há história de um ser vivente deste país que tenha saído vitorioso em um embate direto contra o STF.

As provocações continuam e o presidente em exercício utilizou preceito constitucional que o autoriza a conceder para beneficiar Daniel Silveira com a graça.

O indulto individual ou a graça, assim como o indulto coletivo, é ato privativo do poder executivo, cujo assento constitucional é igualmente o art. 84, XII, da Constituição.

Entretanto, diversamente do indulto coletivo,a graça é individual, isto é, destina-se a pessoa determinada.

É algo inédito no Brasil, um presidente da república conferir a alguém a graça mesmo antes do trânsito em julgado da sentença ou que não esteja em cumprimento de pena.

Como Bolsonaro sempre inova para pior, resolveu jogar com a ameaça da democracia através do golpe e o espetáculo que Daniel oferece para os apoiadores radicais.Neste momento deve ter parecido ao presidente uma boa estratégia de campanha.

O tempo dirá se foi ou não. A princípio, os bolsonaristas raízes creem que foi uma jogada de mestre; os que se opõem acreditam que o Mito jogou Daniel na cova dos leões.

E através do caso Daniel Silveira, Bolsonaro mostrou ao país e ao mundo que a democracia está em risco.

 

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