05 de março | 2017
Cunha, tu quer acabar com o Curso de Teatro e com a UEUO?
Willian Zanolli
Como diria o velho filósofo nas suas horas de divagações contemplativas, quando não deseja melindrar o pólo contrário a posição expressada:
– Perguntar não deveria ofender.
E já vou iniciando o texto indo direto a pergunta sobre dois temas que têm frequentado as redes sociais e as mídias locais, sobre os quais tenho, por razões diversas, interesse no esclarecimento.
O questionamento da juventude na rede se refere à questão da possibilidade de não haver mais o curso de teatro para a moçada na Casa de Cultura e pelo que se pode interpretar como tentativa de estrangulamento da UEUO.
A pergunta que não quer calar.
– Cunha, tu quer acabar com o Curso de Teatro e com a UEUO?
Lógico, que o atual prefeito pode ficar à vontade, embora independa e nem precise de autorização, para esclarecer ou não esta dúvida que passo a discutir.
Esta semana vou discutir o grupo de teatro e na semana que vem, caso o poder público não manifeste suas razões de forma convincente, falaremos de UEUO.
A meninada, bem intencionada, que gosta de cultura, de se envolver no movimento de arte, articulara-se em um grupo comandado pelo professor Genival Ferreira de Miranda e, ao longo dos anos, levou vida e arte à quase abandonada Casa de Cultura.
E ali desenvolviam seus trabalhos de arte cênica, batiam textos, trocavam experiências, discutiam teatro e outras artes afins. Ensaiavam, produziam peças, escreviam, representavam com muita garra, disposição e uma ajudazinha do poder público que, até onde me informaram entrava com umas quirelinhas, umas miudezas econômicas e com o espaço.
O que permitia que o grupo vivesse as dificuldades que a arte de maneira geral impõe aqueles que se dedicam a nobreza de transformar em beleza estética e emotiva o conflito humano em uma nação sem muita compreensão do significado da cultura no crescimento individual e coletivo dos seus cidadãos.
Para suportar as despesas com maquiagem, elementos de cena, roupas, fantasias e outras necessidades próprias ao espetáculo faziam das tripas coração, rifa, venda de pizza, “paitrocínio”, “mãetrocinio”, “avôtrocinio”, “tiotrocinio” e até raspada nas minguadas mesadas para dar continuidade no projeto teatral.
Sei disto por experiência própria e por que alguns dos meninos falavam de suas histórias durante entrevistas, ou após, e por vê-los nas ruas fazendo pedágios.
Sou apaixonado por teatro, tive a oportunidade de participar de vários cursos, ajudei a produzir peças profissionais em vários teatros, entre eles TBC, Henfil e outros.
Há questão de meses assisti ao curso a distância sobre o teatro Essencial da fantástica e admirável Denise Stoklos.
Enquanto assistia às aulas viajava na maionese do quanto poderia ser maravilhoso, que todas as pessoas pudessem ter acesso ao teatro em um mundo onde milhões morrem todos os dias sem nunca ter assistido uma peça teatral.
Aí, quando a gente fica sabendo que há a possibilidade do prefeito, no caso, Cunha, não facilitar para que o curso de teatro que a moçada vem sacrificadamente ao longo dos anos mantendo, dá uma pontada no coração.
Não sei, parece que a maldade está tomando pra si algo que é muito bom pra vida das pessoas e que esta maldade, se ela de fato existir, não pode ser boa para o ser humano que a pratica e muito menos para a sociedade que a recebe.
Não quero crer nisto, espero que haja um mal entendido e que o Cunha, civilizadamente, como parece ser do seu perfil, sente com a moçada e esclareça os pontos divergentes, se houver, e não prejudique o sonho da meninada, não tire deles a esperança e o desejo de serem melhores para si e para os outros através dos sentimentos e dos fluidos benéficos que a arte pode espargir sobre a cidade.
Willian A. Zanolli é artista plástico, teatrólogo, jornalista, estudante de Direito e pode ser lido no www.willianzanolli.blogspot.com.
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