07 de abril | 2019

Continuar sonhando ou tentando enxergar a realidade, eis a questão.

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“Quando as situações se materializam diferentes daquilo que foi almejado; quando os acontecimentos se mostram contrários ao que foi idealizado; enfim, quando nada dá certo, o melhor seria não ter enxergado a forma que entendemos ser ideal. Mas, será que o que entendemos como certo para nós equivale, pelo menos em parte, ao que seria o melhor para os que nos rodeiam?”.

Mestre Baba Zen Aranes

PARA DESENCANTO …

… de muitos e alegria de alguns poucos, esta Folha entrou, na última quarta-feira, no seu quadragésimo ano inin­terrupto de existência. Ou seja, completou no dia 03 de abril 39 anos desde a sua primeira edição em 1980, fase final da ditadura militar tão discutida atualmente e que, sem dúvidas, foi um período sangrento e corrupto para ser esquecido em nossa história, diferente do que pensam os fracos de conhecimento e, às vezes de cérebro, que pretendem impor que foi um movimento com a­poio popular.

CLARO, …

… muitos ouviram os pais que viviam no interior, onde os efeitos sentidos eram apenas do man­­donismo e da defesa do lema de que liberdade é meramente o exato cumprimento do dever. Queria ver os bobões de hoje que ficam defendendo ditadura e xingando pela inter­net, se tivessem vivido naquela época, se já não teriam levado umas boas lam­badas de pinto de jegue.

IMBECILIDADES …

… à parte, a verdade é que este jornal começou sua vida, sua história, sob o estigma da censura. Aqui no “interiorzão” era mais autocensura do que a própria. Fazíamos reunião de pauta para não incorrer na desgraça da Solange da censura, que ficou conhecida por proibir grandes jornais de publicar o que não era interessante para os militares.

ESTA FOLHA …

… reunia, todos os sábados, o advogado Alfredo Baiochi Neto (que foi sócio-fundador), este jornalista, o jornalista Orlando Rodrigues da Costa (que também foi seu sócio-fundador), o jornalista Al­ber­to Carlos Gomes Lomba que, ao depois, assumiu o lugar de Da Costa na sociedade, e figuras tidas co­mo intelectuais da época como Marcial Ramos Neto e Walace Delamanha San­tana. Tudo para tentar ser um jornal de verdade sem ter que ir parar nos porões da ditadura que sangraram milhares de humanos cujas famílias não sabem até hoje nem onde foram enterrados.

UMA FIGURA …

… que participou ativamente da história deste jornal e deste jornalista por estas quase quatro décadas, não só na mídia impressa mas no rádio local, foi o radialista e jornalista Valter Carucce, testemunha direta de toda esta aventura que fez surgir um veículo que marcou sua presença na vida desta cidade. Milhares de aventuras, experiências mil.

OUTRA, QUE …

… fez parte ativa também da vida deste jornal e deste jornalista, com seus textos irreverentes e sempre armado com a leitura de milhares de livros, foi o jornalista e bacharel em di­reito, Willian Antônio Zanolli.

CLARO …

… todo trabalho é fruto de esforço conjunto e por aqui passaram além de outras figuras marcante que carregaram o piano por lon­gos anos, como Ge­ni­val Aparecido da Silva e Sergio José Marti­nus­si e muitos outros que fogem da lembrança. Mas, este colunista faz questão de parabenizar todos os que se lembra ajudaram a chegar até aqui (que perdoem os que não forem lembrados): José Leal, Sueli Da­mion, Luiz Alberto Tó­foli, Oscar Albergaria Prado, Lu­iz dos Santos (in me­morian), Marilei Bar­salho, Ivo de Souza (in me­mo­ri­an), José Elias do Carmo, Fábio Prado, An­dré Luiz Spinelli Marti­nus­si, An­dre­za Mar­ti­nussi Pinto, Wil­son Ca­nevarolo, João Rodri­gues Ferreira, Marcos Francisco da Costa, Antonio Car­los Beltrame, Leonardo Concon, Eduardo Lu­cas Lopes, Paulo de Tar­so Pereira, Cristiano Al­ber­tino, Homero Rayel Cons­­tantino, Ho­mero Rayel Cons­tantino Jú­nior, Cibele Ondei Ro­drigues, Luciana Ondei Rodri­gues, Luciane Al­ves, Jéssica Mattos Gra­molelli Silva, Thiago Ca­rucce, Silvio Facet­to, A­dil­son Hipólito, entre muitos outros. Obrigado, obrigado, obrigado, a história a­gradece. Ah! As mulheres do colunista (Sofia, Sueli, Bruna, Ni­cole e agora a que está para chegar, Agatha e o papai dela Agnaldo e o agora também filho por afinidade Gustavo Mattos Gramolelli Silva) que também estiveram presentes diuturnamen­te nes­ta jornada.

FORAM …

… vários os momentos mar­cantes vividos por este jornal e este jornalista ao longo destas quase quatro décadas de funcionamento, entre ameaças de morte, tentativas de intimidação, de sufocamento econômico e até de prejudicar familiares. Mas o jornal conseguiu cumprir seu papel social e, através da informação e da opinião crítica, muitas vezes ácida e contundente, conseguiu influenciar diretamente na vida da cidade.

SE AO CHEGARMOS …

… até aqui não conseguimos influenciar para conquistar e formar uma O­lím­­pia progressista e melhor do que está, seria mu­ito pior se a Folha não e­xis­tisse, pois, este colu­nista costuma analisar sociologicamente que O­lím­pia foi sempre uma terra habitada por descendentes de coronéis ditadores e conservadores, para quem sempre os fins justificaram os meios e que sempre viveram a­chando que são un­gidos e que todos devem lamber suas botas. E se não fosse este também descendente de coronéis tentar refletir e denunciar casuísmos e atitudes meramente ditatoriais, teria sido muito pior. Só para citar um exemplo, imaginem se tivessem construí­do o “bostó­dro­mo” (Estação de Tratamento de Esgoto) ao la­do do Ther­mas?

MAS, AO LONGO …

… de toda esta história, ao se folhear as páginas des­ta verdadeira enciclopédia sobre esta cidade (está faltando pouco para que todas as suas edições sejam transformadas em arquivo de PDF – Formato Portátil de Documento), o que se nota é que muitas situações que chegaram a ocorrer ou foram evitadas, foram previstas pelo veículo ou por algum de seus articulistas.

A QUESTÃO …

… da saúde pública, no entanto, talvez seja a sua maior novela. E, agora, tal­vez seja o setor que esteja se configurando co­mo o de maior necessidade de que seja conseguido um funcionamento de qualidade, pois o dito cujo já está prejudicando o próprio turismo que a­tualmente representa mais de 50% da economia local.

E NÃO DÁ …

… para evitar dizer que lá atrás, no tempo do des­governo genial, já não se falava sobre o tema. E nem que no governo atual, o que está acontecendo o caos já não tenha sido previsto.

MAS, …

… fazer o quê? Sempre, em todo o tempo, na história desta cidade, o culpado tem sido quem opina, quem critica e não os atores diretos que provocam as consequências dos fatos aventados.

DIANTE DISSO …

… conclui-se que seria mais fácil não enxergar na­da e apenas imaginar coisas belas. Literalmente viver o contrário do ditado popular que diz que o pior cego é aquele que não quer ver. No nosso caso, apenas tirando o não: o pior cego é aquele que quer ver.

ALIÁS …

… só a título de curiosidade, em alguns sites da internet se encontra a história deste ditado, como tendo nascido de uma his­tória ocorrida no século XVII na França. Um aldeão de nome Argel teria sido a primeira pessoa a receber um transplante de córnea, num extraordinário sucesso da medicina da época. Ao enxergar, ele se tomou de um estado de horror com o mundo que passou a conhecer, bem diferente do que imaginava quando vivia na escuridão da cegueira. Solicitou então ao cirurgião que o operou a extrair-lhe os olhos, preferia voltar a ser cego. Com a recusa do médico apelou para os tribunais de Paris e do Vaticano e teve ganho de causa. Passou então a ser conhecido como “o cego que não quis ver”.

José Salamargo … histórias à parte, entendendo que quanto mais nos a­pro­fundamos nos conteúdos narrativos da vida, quanto mais tentamos enxergar as minúcias, os detalhes, as circunstâncias, para descrever os fatos de maneira mais ampla possível, para podermos com­pa­rá-los com o passado e tentar prever o futuro, quando chega o “insight” orgástico do é isso que está acontecendo e se isto está acontecendo o que poderá acontecer no futuro é aquilo, mais acabamos sofrendo diante da nossa impossibilidade de conseguir mudar o mundo. Por isso o melhor é continuar a enfrentar os moinhos de vento por mais algumas décadas… Adiante Roncinante! Vamos em frente Wil­li­an­sanchopança.

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