10 de fevereiro | 2013

Carnaval, depois o país volta a começar a viver

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Do Conselho Editorial

A experiência vivida e passada demonstrou que o país começa a funcionar depois do carnaval, de forma lenta vai se retomando a prática do dia a dia.

Fora isto, como se fora um ritual de férias combinado, se interrompe em dezembro a correria e o ritmo que é imposto às necessidades de solução das questões comerciais, executivas, legislativas, judiciárias se enquadram na histórica teoria da calmaria que o jeitinho brasileiro impõe.

E, sendo levado desta forma interrompido, ou colocado em marcha lenta, o Brasil chega neste final de semana no início do fim de suas quase férias ritualísticas que são levadas desde séculos.

Ontem, sexta-feira, em alguns lugares o festejo consagrado ao rei Momo teve início, hoje outras localidades pelo Brasil afora se incorporarão aos festejos carnavalescos.

Serão quatro dias de folia para alguns e de descanso para outros, de louvação a carne ou de respeito a princípios religiosos.

Uns vão para a avenida ou para os salões sambar, outros para o rio pescar, para pousadas descansar, ou para retiros espirituais rezar.

Os que irão para os salões, que é onde se desenrolam os motivos das festividades, desde há algum tempo já se preparam para a folia.

A esta altura do campeonato os enredos que irão embalar os carnavalescos, que farão os passistas mostrarem o samba no pé, foram compostos e ensaiados a exaustão pelos puxadores, que auxiliado pelo som de agogôs, cuícas, repeniques, tamborins transmitirá ao povo através do som de sua voz, o enredo escolhido pela escola.

Maioria das vezes a inspiração dos enredos é buscada na história residindo ai uma das razões para se enaltecer e valorizar o carnaval pela sua característica cultural marcante.

Carnaval vem do latim “carna vale” que significa dizer adeus à carne, e é uma festa que originou-se na Grécia, há mais de 500 anos a.C. Nesta festa o povo agradecia aos deuses pela colheita, pela sua produção naquele período. Os festejos eram bastante difundidos pelo povo de cada cidade, onde todos comemoravam brincando, comendo fartamente e consumindo muito vinho.

A metáfora do carnaval nos remete a reflexão sobre a preciosa expressão cultural e popular de um povo, sua identidade cultural. Na redenção e catarse que significa aqueles parcos dias de folia. Na crítica satírica da realidade social e na inércia do poder constituído ante as agruras sofridas cotidianamente por um povo.

 O carnaval é uma enorme metáfora que possui dialeto próprio contagiante. A tribo inicial incha e sob proporções dilatadas desfila triunfante sob paetês, lantejoulas, plumas, penas, e toda sorte de fantasia. O cidadão comum durante o carnaval se traveste em rei, príncipe ou nobre importante. O empresário se traveste de malandro, mafioso ou sambista. E, todos trocam de papéis numa subversão consentida.

 As baterias das escolas de samba esquadrinham novas batidas, novas paradas, novos ritmos remodelando os sambas-enredo, redesenhando a dança das mulatas, das passistas e dos espectadores.

Anônimas figuras que travam uma breve revolução cultural e social nas ruas, calçadas, clubes e passarelas que são liberadas para a manifestação espontânea de alegria, musicalidade e arte.

Durante os dias de folia, para os que sambam, pescam, descansam, fazem retiros espirituais, acampam ou oram, se a felicidade não existe, ela é inventada.

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