08 de fevereiro | 2015

Câmara, o cinismo, deboche e desrespeito malufista voltou?

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Do Conselho Editorial

O malufista Salata voltou a presidência da Câmara de onde saiu deixando para trás um histórico que ainda é discutido nos tribunais.

Suas características pessoais e trato com a coisa pública em muito deixa a desejar aos que entendem república como algo em que a simples suspeita de transformar o que é coletivo em discussões de ordem pessoal deveria ser o suficiente para rejeição da presença dos fisiológicos no exercício do poder.

No Brasil, no entanto, tudo indica que aquilo que deveria ser visto como defeito e matéria para análise no sentido de se posicionar a favor ou contra a possibilidade da eleição de possíveis oportunistas, parece ser exatamente o que os qualifica para o exercício do cargo.

O sem número de situações em que políticos se envolvem em verdadeiras máfias, e sinistros acontecimentos que não deveriam habilitá-los para a função pública e que, independente de suas manchadas biografias, se elegem e galgam posições de destaque.

Exemplo recente são os casos envolvendo Renan Calheiros e Eduardo Cunha, com passados nebulosos e eleitos respectivamente presidente do Senado e da Câmara, sendo que Renan em tempos passados renunciou ao cargo para não ser cassado e Eduardo Cunha é cria de Paulo César Farias, e ambos ao que tudo parece indicar, são investigados na operação Lava Jato e poderão ser denunciados em breve.

Outro exemplo clássico entre os muitos que há na representação do povo brasileiro, eleito independente de seu passado é Paulo Maluf, figura carimbada é até procurada pela justiça de vários países. 

Salata, que desde sempre foi adepto e defensor do malufismo, mesmo que no discurso defenda o combate a ética dos balcões, tem em sua trajetória histórias muito mal esclarecidas e comportamento de bastidores que insinuam que não é o representante daquele povo que vai as ruas pedir mudanças no comportamento dos políticos brasileiros.

Sua ligação com o malufismo já o remete ao endosso do período ditatorial, que diga-se de passagem faz parte do repertório daqueles que o cercam.

Isto, não seria nada demais, visto que uma das características marcantes do ser humano é exatamente a possibilidade de mudar, incluindo-se ai duas hipóteses, para melhor ou para pior.

O vereador e atual presidente da Câmara em tempos passados, quando presidente da mesma casa deixou para trás a história de uma indicação na Prodem cujo personagem até o dia de ontem parece não havia sido encontrado pela justiça.

No mesmo período, a casa viveu perturbações por conta da suspeita de divisões de salários de funcionários não confirmados e não investigados pela justiça, o que sem sombra de dúvidas, mesmo que possa não ter o seu envolvimento trouxe desgaste no período à sua figura pública.

Responde processo de improbidade administrativa  por possível desvio de verbas ocorrido na sua gestão frente ao Legislativo.

Era base aliada e defensor do governo Moreira cujo líder é procurado pela justiça tamanho os descalabros que aconteceram na administração pública, que não foram investigadas no Legislativo pelos omissos vereadores do período.

Rejeitado no governo Carneiro, saiu da postura de submissão ao executivo e levantou a bandeira da moralidade pública sendo seu principal chavão o combate as mazelas do poder público.

Foi, ou se portou como adversário, quase inimigo público do vereador Eugênio José a quem se referia com ironia nos discursos e polêmicas que travava da Tribuna da Câmara.

De adversário de José Rizzati passou a ser seu aliado disputando eleição em sua coligação, não se elegendo.

Eleito suplente em eleição posterior em coligação com Eugênio José, superou, para variar, as adversidades e de adversário passou a defensor e líder de seu governo, demonstrando seu apetite voraz, sua fome excessiva pelo poder.

Sendo eleito suplente foi premiado por Eugênio José com a vereança onde, por quatro anos foi submisso as vontades do executivo e sepultou o combativo vereador do período de Carneiro, que não dava descanso nem aos mortos, transformou-se na sombra borrada e acanhada de si mesmo, demonstrando um carreirismo e um oportunismo chocante.

Eleito vereador na última eleição manteve por dois anos seu discurso de serenidade, compreensão e bajulação ao poder constituído, juntamente com os vereadores da base, tendo entre si até onde se sabe uma convivência fraterna e pacifica que se rompia de forma suave quando algum interesse de ordem pessoal era contrariado.

Elevado a condição de presidente por interferência indireta de Eugênio José, trazendo beneficio de ordem eleitoreira ao grupo de Gustavo Pimenta, a quem deve ter se aliado para chegar lá, e evidentemente contrariando o grupo de Beto Puttini, que não agrega, espalha, começa a dar motivos a que se pense que era extremamente falsa a relação de cordialidade com seus pares.

A primeira sessão da Câmara com Luiz Antônio Moreira Salata na presidência foi sem sombra de dúvidas uma chocante constatação de quanto o poder pode mudar a postura de um cidadão.

O que se viu naquela sessão foi um presidente sem condição alguma de presidir um parlamento e torná-lo respeitado pelo total desrespeito demonstrado aos seus pares, que diga-se de passagem, não sendo empregados do presidente deveriam ter se comportado de forma menos submissa quando confrontados com tanto desdém, com tanta ironia, com tanta falta de apreço.

Ali, até onde se sabe, não há quem se oponha ao governo de Eugênio, o que torna mais incompreensível a atitude do presidente que iniciava o seu mandato.

O único que poderia se considerar oposição, mas que também não demonstra ser, da mesma maneira se viu rebaixado a uma condição que a sua e a  autoridade de outros representantes do povo, se verdadeiramente fossem imbuídos deste espírito, não deveriam de maneira alguma aceitar.

Porém, internalizaram a ideia de submissão ao poder Executivo e não ao povo, chega a parecer natural que evitem o conflito com um presidente autoritário, ditatorial, que os tratou como se empregados fossem em um tempo que os patrões não podem tratar os empregados com aquela empáfia, com aquele desnecessário topete para não causar constrangimento e responder legalmente por isto.

Não bastassem as ameaças veladas como forma de intimidação como senão fora direito do vereador se abster de votar, coisa que Salata deve ter feito muitas vezes em sua longa vida pública.

Começou mal e agora é esperar que o pensamento popular de que geralmente o que começa mal costuma terminar pior, não venha a se configurar.

 

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