23 de junho | 2019

Câmara Municipal é mais caso de polícia que de política?

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Do Conselho Editorial

Vergonhosamente a Câmara Municipal da Estância Turística de Olímpia se transformou em um exemplo daquilo que não deveria ser.

Se antes não era aquilo para o qual foi criada agora parece passar a mil léguas de sua destinação, que deveria ser zelar para que os interesses da população fossem defendidos e respeitados.

Além da demonstração de não ser a preocupação principal dos atuais representantes do povo, as sessões legislativas passaram a apresentar um nível de baixaria inco­mum, envergonhando a população e desacreditando o poder legislativo.

De há muito que o Legislativo tem encaminhado as discussões na base do baixo nível, cujos golpes abaixo da cintura invariavelmente culminam em boletins de ocorrência acrescentando mais trabalho a já super atarefada polícia local.

Quando não se transforma em algum ritual satânico ou cristão como foi o de motivação estranha no gabinete do vereador Gustavo Pimenta, que saiu a pintar cruzes pelas paredes do prédio público.

Pimenta e seu grupo foram fundamentais para que Antonio Delomodar­me chegasse à presidência da Câmara, após a eleição da mesa diretora romperam de tal maneira que na semana que não promovem um mal estar na sociedade, deixam a impressão que não houve sessão no Legislativo.

Esta semana que passou, este jornal anunciou que Pimenta tinha sido alvo de um BO por parte de Niquinha por supostamente ter afirmado que o mesmo seria suspeito de ser mandante de roubo na Associação de Funcionários Públicos Municipais.

De acordo com o noticiado, Niquinha compareceu na unidade policial, relatando que durante sessão da Câmara local, Gustavo Pimenta teria proferido diversos comentários contra o declarante, dizendo que ele era suspeito de ser mandante de um roubo que aconteceu na Associação dos Funcionários Públicos Municipais de Olímpia, fato este que nega com veemência.

Alegou também no BO, que o vereador Pimenta está proferindo diversos fatos inverídicos contra sua pessoa e que vem tumultuando todas as sessões legislativas.

Niquinha, reclamando de uma eventual conspiração que estaria sendo articulada contra ele, e também de determinadas atitudes do vereador Luiz Gustavo Pimenta, fez ameaça de suspender os trabalhos e acionar a polícia para retirar o primeiro secretário da mesa de dentro do plenário.

“Na próxima vez que você tentar tumultuar o ambiente vou suspender a sessão, vou cumprir o regimento e mandar te retirar daqui do plenário. Posso usar a força policial. Os dias estão contados para o senhor sofrer isso aqui nessa casa”, afirmou durante sua manifestação no tempo regimental da liderança do Avante.

Tudo começou quando o vereador Hélio Lisse Júnior reclamou com Niquinha a existência de um acordo entre todos os vereadores, no sentido de ninguém usar o tempo regimental para a ordem do dia terminar mais cedo e permitir a manifestação do líder dos feirantes, Lucas Nascimento, que estava inscrito para a Tribuna Livre, cujo espaço é aberto às pessoas depois de encerrada as votações dos projetos de leis.

Embora defendendo Salata que já tinha usado seu tempo regimental, Pimenta alegou que não sabia do acordo e criticou Niquinha falando que este não teria liderança nem para construir um acordo nesse sentido dentro da Câmara.

Salata tentou justificar a utilização do tempo e afirmou que o vereador Luiz Antônio Ribeiro, Luiz do Ovo, teria cedido dois minutos do tempo dele para essa finalidade. Porém, Ni­quinha o cobrou afirmando que na condição de ex-presidente deveria saber que um vereador não pode ceder parte de seu tempo para favorecer pessoas inscritas na Tribuna Livre.

Entretanto, Pimenta estava aguardando para iniciar a sua fala e cobrou isso de Niquinha que falou em tom mais alto: “Vo­cê vai falar? Então, fala logo.”

Pimenta iniciou sua fala, mas voltou a criticar o presidente: “quando fizer acordo, Vossa Excelência tem que encabeçar o acordo. O senhor não está figurando aqui. O senhor é o presidente dessa casa”. Niquinha tentou cortar. Pimenta começou a gritar: “eu falo e o senhor fica quieto. O senhor fica quieto”. Niquinha respondeu: “cala a boca você rapaz. Cala a boca e usa o teu tempo”.

Pimenta continuou: “eu estou usando o meu tempo”. Em seguida Niquinha também gritou: “se não eu suspendo a sessão e mando te retirar. Tenha educação. Um cara de 50 anos, foi vice-prefeito 8 anos, advogado e não tem um pingo de educação”. A discussão continuou e depois Pimenta disse: “não sou da sua laia”.

Niquinha respondeu “aqui você não vai querer crescer, aqui não. Eu suspendo a sessão e mando te retirar. Eu já te denunciei no ministério público, agora eu mando te retirar daqui”. Pimenta voltou a falar: “isso é o reflexo do nosso legislativo”.

Mas durante esse bate-boca, Niquinha criticou também o vereador Luiz Antônio Moreira Salata, chegando a lembrar o caso de um telefone celular que este foi acusado de ter furtado da câmara, embora o próprio presidente, provavelmente no sentido de se eleger presidente da mesa, tenha pedido o arquivamento de uma CEI que ele mesmo havia instalado contra Salata.

Estas as discussões que podem no seu bojo cuidar de tudo menos de discussões sérias que conduzam a cidade a outro patamar de crescimento e de preocupações com seu destino presente e futuro.

Tudo indica, à medida que se aproxima o ano eleitoral, que a tendência é de que se ampliem estes debates nivelados por baixo e continue a  Câmara Municipal a ser muito mais caso de polícia que de política.

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