16 de março | 2014

Ator Paulo Goulart – * 9/01/1933 – + 13/03/2014.

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Luiz José Moreira Salata

A população brasileira consternada recebeu a notícia do falecimento do renomado  e indiscutivelmente consagrado um dos grandes pilares da intelectualidade das artes,  ator  de teatro, da televisão e do cinema, um dos mais admirados. Com 62 anos de vitoriosa carreira e 81 anos completos, desencarnou, como sempre se referia ao desenlace dos mortais, demonstrando o seu apego e seguimento na doutrina espírita. Nós, os originados e os nativos da cidade de Olímpia – SP, conhecedores da figura de Paulo Affonso Miessa, seu nome de nascimento, principalmente os mais antigos que lá conviveram com ele e sua família, e também  os de lá moradores na Capítal, sempre se encantavam com a sua fidalguia, aliás de primorosa educação e trato, privilégio dos seus pais Affonso Miessa e Elza França Miessa, do irmão Milton Carlos, ator e radialista, e os avós paternos, os benfeitores Sandálio Miessa e Cláudia Ledesma Miessa. Paulo Affonso nasceu no dia nove de janeiro de l933, na Fazenda Santa Tereza, em Ribeirão Preto, e quando tinha cinco anos a família mudou para Olímpia, residindo na Rua Dr. Antonio Olimpio, nº 266. Seu pai fundou a ZYG-8 – Rádio Difusora de Olímpia – a maior pequena emissora do Brasil, como dizia  o jovem Paulo Affonso que  nela  trabalhou como sonoplasta, operador de som, discotecário, locutor e rádioator.  

Participou do Quarteto Tupã, conjunto de cantores. Sua mãe sempre relembrava que desde pequeno já dizia, “quando crescer quero ser ator”.

Pretendendo estudar, veio para São Paulo, já com 17 anos e ingressou na Faculdade de Química Industrial,no Liceu Eduardo Prado, mas  no segundo ano letivo desistiu, bem sabendo que a sua verdadeira aspiração já era o teatro.

Nesse tempo, quando convivia com o tio Airton Miessa,conhecido como Tito Goulart, irmão de seu pai,  e que trabalhava como locutor na Rádio América, sempre lá freqüentava ficando conhecido como o sobrinho do Goulart.A primeira oportunidade apareceu, quando Oduvaldo Vianna procurava  radioatores para a Rádio Tupi, fez o teste e aprovado, daí ingressou na vitoriosa carreira.

Mas, o marcante acontecimento de sua vida foi quando fez um teste, como ator,  na Companhia  Ni­cete Bruno e seus Comediantes, no recém inaugurado Teatro de Alumínio, para a peça Senhorita Minha Mãe, de Louis Vermeuil, sob a direção de Abelardo Figuei­re­do.

Aprovado, então com 19 anos, engajou-se na companhia teatral, e com a convivência nos palcos não resistiu aos encantos da graciosa e encantadora atriz Nicette. Do casamento realizado no dia 26 de fevereiro de l954, tiveram os filhos Bárbara, Elisabeth e Paulo Filho, todos atores, sete netos e bisnetos.

Da sua vida artística, no teatro (centenas de peças de comédias e até de Shakespeare), televisão (51 participações entre novelas e miniséries) e no cinema (27 filmes), as suas inúmeras participações são conhecidas de todos os leitores, nos 62 anos de carreira artística.

A sua grande conquista na área teatral foi ter colocado em prática o “Projeto Teatro nas Universidades”, sob a Lei Rouanet, uma campanha vitoriosa e com o  sucesso da empreitada, recebeu  em 2009, o Prêmio Especial da Associação Paulista dos Críticos de Arte. A família de artistas recebeu o 18º Prêmio Shell de Teatro, pela participação conjunta em projetos teatrais.

A empresa Miessa e Filhos, toda a família, administrou o Teatro Paiol, e numa dessas oportunidades tendo comparecido em encontro anual dos moradores da Capital e região originados de Olímpia, em jantar festivo, convidou a todos para a encenação de “ As Mãos de Eurídice”, a sua primeira peça ensinada pelo Dr. Izaias Mi­es­sa,  seu tio paterno e ator, desde os tempos de Olímpia, ree­di­tando o início do sucesso no teatro.

No final, agradecendo a presença dos olimpienses, dedicou a  todos e ao seu tio orientador o grande momento que vivia na vida artística, relembrando a juventude vivida na cidade.Foi uma emoção geral única.

A maior homenagem que uma cidade poderia receber de um dos seus antigos moradores, foi a do casal ter comemorado as Bodas de Ouro, em 2004, na cidade de Olímpia, ali passando a semana com toda a família e passeando livremente, encontrando e cumprimentando os conterrâneos.

Comemorou Bodas de Diamante – 60 Anos de Casamento,neste último 26 de fevereiro.

Particularmente, meu saudoso pai, Luiz Salata Neto, muito amigo dos avós dele, Sandálio e Cláudia, após o falecimento deles, como Vereador, apresentou projetos de denominação de ruas com os seus nomes.

Em segunda geração, meu irmão Engenheiro e Vereador, Luiz Antonio Moreira Salata, apresentou projeto de concessão do Titulo de Cidadão Olimpiense para Paulo Affonso, aprovado por unanimidade, não entregue por falta de agenda. Paulo e Nicette contribuíam com dezenas de entidades de assistência social de maneira oculta e desinteressada.

A lacuna deixada pela perda de Paulo Affonso é irreparável pelo grande homem que foi, apaixonado pela vida, família e  trabalho, mas o seu legado certamente irá contribuir para as gerações pelo grande exemplo que deixou.

Esta não é uma biografia tecnicamente elaborada, pois sem consultas ou pesquisas, baseou-se apenas nas lembranças da vida de Paulo Affonso, gravadas na mente e no coração deste interiorano olimpiense.

 

Luiz José Moreira Salata, é Advogado, extremado admirador de Paulo Affonso.

 

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