18 de agosto | 2013

As coisas existem, mas não funcionam

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Do Conselho Editorial

A cada período a classe política, ou o próprio homem, entende que se reinventou através de uma nova descoberta ou proposição que começa a entender que dará uma interpretação mais coerente ou utilitária do universo em que vive.

A classe política de maneira específica, fora as exceções, é bastante criativa para conduzir processos e mecanismos de indução que encaminham situações a pontos negros que acabam não dando em nada, a não ser lucros para eles.

Houve um período não muito distante que a grande discussão era o choque de gestão, depois passou-se a discutir, não na ordem exata da discussão, orçamento participativo, política de resultados, neoliberalismo e outras performances que fizeram o país mergulhar em ondas gigantesca de corrupção.

Agora, se observam duas vertentes que embora pareçam inconciliáveis, no fundo necessitam uma da outra para sobreviverem até o último suspiro.

A visão do crescimento do caixa impulsionado pela elevação das taxas e impostos, que permitiriam a ampliação de arrecadação e o “obreirismo” faraônico.

Desde que cinicamente se assumiu a política “ademarista” do rouba mas faz, a prova de competência no poder público e que fazia o administrador ser visto como um tocador de obras, eram as obras faraônicas.

Levadas muitas vezes sem planejamento algum acabavam abandonadas e sem destinação, como, por exemplo, a ponte de concreto abandonada no Rio Cachoeirinha, ali na Prainha, ou a distante Rodovia Transamazônica.

O que importava era o anúncio, o gigantismo e o início das obras, a finalização servia apenas para comícios ufanistas e o funcionamento, a destinação social que se dane.

E foi desta maneira com muitas obras neste país onde tudo se constrói e se destrói para ser cons­truído novamente, não há lógica cartesiana que consiga comprovar que o dinheiro público gasto nas reformas da Câmara Municipal ou da Casa  de Cultura seriam suficientes para fazer um prédio maravilhoso, por exemplo.

Nos bastidores, para seguir na linha do exemplo, a antiga Beneficência Portuguesa foi reformada no início do governo Eugênio José para abrigar a Secretaria de Saúde e já há comentários de que o prédio apresenta problemas de ordem estrutural obrigando a mudança da Secretaria.

Esta a ótica de maioria dos novos governantes pelo Brasil afora e por aqui a construção de prédios faraônicos, como a sede do Daemo, ou reformas, como a do gabinete do prefeito na praça da Matriz, no prédio que abrigava o Daemo.

E por ai vai, agora todas as UBS serão ampliadas, a Eta foi retomada, as rotatórias já estão semi­des­truídas, a praça precisa de reparos, e o aumento da taxa de lixo, esgoto, iluminação pública, e outras demonstram o apetite voraz do poder público.

Porém, quando se trata do resultado obtido pelas transformações estéticas e econômicas a população não consegue visualizar o quanto houve de mudanças significativas no dia a dia da sua cidade, que incorporou ao orçamento quase cento e cinqüenta milhões de reais, que é o dobro dos pouco menos de setenta e cinco milhões de reais herdado da administração passada.

O bolo financeiro está crescendo de forma extraordinária, impondo sacrifícios à população e a con­trapartida não tem sido algo que possa louvar, visto a precariedade dos serviços públicos prestados.

Sem contar o abandono em que se encontra o município com ruas esburacadas, lixo e mato por todo lado, a performance na Educação não é das melhores e a Saúde está um caos vergonhoso.

Os prédios, no entanto, estão com características de recente, de bem cuidados, de perfeitamente em ordem, se peca o governo de Eugênio é exatamente isto, trata o bem material da forma que deveria tratar o ser humano.

Sobra prédio construído e falta consultas e remédios, falta educação de nível e material condizente para que as aulas possam ser levadas a efeito, e sobra estrutura de cimento, dura e áspera como a alma do governante.

Se recolhe muito dos contribuintes, mas não se retorna na mesma proporção para satisfação da sociedade.

No fim e no fundo não se pode negar que as coisas existem, mas não há como confirmar que funcionem.

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