01 de dezembro | 2024

O impacto do uso excessivo de telas no desenvolvimento infantil

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Como pais e educadores podem equilibrar os benefícios tecnológicos e os riscos à saúde mental e cognitiva das crianças.

Cláudia Caetano – Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) revelou que 72% das crianças avaliadas apresentaram aumento da depressão associado ao uso excessivo de telas. Além disso, a pesquisa apontou uma diminuição no quociente de inteligência (QI), evidenciando os prejuízos do uso exagerado de dispositivos eletrônicos como celulares, computadores e videogames.

A psicóloga Giovanna Antunes Botazzo Delbem, da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, alerta para as consequências desse comportamento. “O uso excessivo pode causar problemas de saúde mental e desenvolver deficiências mentais e intelectuais em crianças, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de depressão, ansiedade e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)”, explica.

BENEFÍCIOS E RISCOS TECNOLÓGICOS

Embora a tecnologia tenha sido uma aliada durante a pandemia, principalmente na educação e no aprendizado, o uso exacerbado de telas trouxe uma série de problemas. Pesquisas apontam que a exposição excessiva afeta a memória, criatividade, capacidade de resolução de problemas e o desenvolvimento da linguagem. A interação limitada com os cuidadores compromete tanto a quantidade quanto a qualidade do aprendizado social, o que pode gerar déficits no desenvolvimento infantil.

ORIENTAÇÃO DA OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda restrições claras para o tempo de exposição às telas:

Até 2 anos: nenhuma exposição;

De 2 a 5 anos: no máximo 1 hora por dia;

De 6 a 10 anos: de 1 a 2 horas por dia;

De 11 a 18 anos: até 3 horas diárias.

COMO LIDAR COM O EXCESSO DE TELAS
Os pais devem ficar atentos a sinais como sedentarismo, obesidade, alterações no sono, isolamento social, perda de memória e queda no desempenho acadêmico, que podem indicar o uso abusivo de dispositivos eletrônicos. Também é essencial investigar os motivos que levam ao uso excessivo. Em muitos casos, as telas são usadas como fuga de emoções desconfortáveis ou como busca de recompensas rápidas de dopamina.

Proibir o uso não é a solução mais eficaz. O ideal é criar estratégias para limitar o tempo de exposição e promover interações saudáveis. Dizer não também é um ato de amor e cuidado. Propor atividades de socialização e brincadeiras longe das telas é fundamental para o desenvolvimento integral das crianças.

BUSCAR O EQUILÍBRIO

Outro ponto importante é o exemplo dos pais. Desconectar-se das telas e passar mais tempo de qualidade com os filhos não só fortalece vínculos como também ensina pelo exemplo a importância de equilibrar o uso da tecnologia.

O equilíbrio é o caminho. Proporcionar um ambiente que estimule a criatividade, a interação social e o aprendizado é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças. Como diz o ditado, quem ama, cuida.

Cláudia Caetano é Psicoterapeuta, especialista em Psicopedagogia, Neuropsicopedagogia, Neuroaprendizagem, Psicologia com ênfase em Inclusão, ABA (Análise do Comportamento Aplicada) e possui aperfeiçoamento em Neuropsicologia, com atendimento voltado para todas as idades.

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