21 de setembro | 2014

A voz corrupta das ruas

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DO CONSELHO EDITORIAL

Iludidos, românticos, poéticos sonhadores, quixotescos e oportunistas, cada um com seu olhar de ver o mundo, jogaram foco e opiniões sobre as manifestações de julho.

E se ouviu de tudo das bocas santas e satânicas, para uns o povo exigia mudanças, enquanto para outros a questão era a corrupção no poder central, no final, por razões diversas, convergiam na necessidade da presença do povo nas ruas.

Os que têm ideais, e que infelizmente são poucos, pode ser que verdadeiramente objetivassem que o monstro houvesse acordado e ganho as ruas clamando por mudanças já.

O mundo não é construído pelos sonhos, não dá espaço à esperança, as coisas se materializam pelo consumo, e o que almeja o capitalista é a manipulação da informação visando sua permanência no poder.

O movimento de julho no que tinha de ótimo foi sequestrado pelas intenções perversas daqueles cuja intenção e desejo é a volta ao poder, e por isto perdeu fôlego e essência, por ter se transformado em correia de transmissão do pensamento das oligarquias.

O que era para ser a legítima expressão da vontade do povo invertido e manipulado pela mídia, que vive a reboque do pensamento lacerdista da elite brasileira, foi se transformando no desmonte do que restava de respeito ao comando do governo central que viu suas principais figuras serem arrastadas para o centro das chamas do vulcão.

Enquanto ardia a revolta em torno do aumento das tarifas dos ônibus urbanos nas grandes capitais, nos bastidores foi se tramando a mudança das bandeiras que foram tomando tons de indignação e fúria pelo abandono do setor de saúde, pelos péssimos resultados obtidos na Educação, pela falta de segurança, e pasmem leitores, a excessiva corrupção no poder central.

Duas coisas não coincidiam no discurso, embora tenham ganho abordagens furiosas e conotações que demonstravam que a indignação popular exigia mudança radical de comportamento nestas questões.

Melhorias na Saúde e Educação, Ensino de qualidade, segurança de primeiro mundo e na rebarba, reforma política e fim da corrupção, estas as exigências da voz que vinha das ruas.

No entanto, como observado acima, duas coisas não coincidiam no discurso, a exigência do fim da corrupção no poder central e o fato da mídia afirmar que a revolta era popular e tinha origem no cansaço da população.

A primeira é que não só no poder central a corrupção está disseminada, ela se encontra em todo território nacional das prefeituras do cafundó do Judas até os governos estaduais, com raras exceções não permeia a corrupção, podendo, no máximo, ser discutido porcentagens e valores que podem ser maiores ou menores variando de caso a caso, ou capacidade de encobri-los.

A segunda questão é que o brasileiro culturalmente não tem nenhuma aversão a corrupção, está disseminado no inconsciente coletivo que todos que chagam lá se corrompem, fora desta generalização residem as exceções, que são poucas.

O próprio movimento do Passe livre que nasceu com uma certa responsabilidade social e de forma séria foi invadido pelos Blacks Blocks que tinham dentro do grupo, nas manifestações, gente profissionalizada, recebendo, segundo denúncias nos jornais, para atuarem de forma truculenta.

Inclusive, anota-se que os responsáveis pela morte do cinegrafista recebiam cento e cinquenta reais para estarem nas manifestações, o que de certa forma endossa a tese de corrupção no grupo e da participação de partidos políticos que visavam o desgaste do poder central.

Não se coloca aqui e nem se pretende discutir se as bandeiras levadas pelos manifestantes eram coerentes ou não, óbvio que eram, se não, não convenceriam a massa alvo da manipulação dos grupos políticos partidários infiltrados.

A situação é caótica em todos os planos de poder nos estados da república federativa do Brasil, as questões elencadas estão ai para serem resolvidas e vão continuar por muito tempo, os movimentos esvaziaram e o povo que foi às ruas irá agora às urnas.

Uma ótima ocasião para se comprovar as afirmações, ditas em tom de verdade absoluta, que a mídia corrompida usava, de que o povo está cansado e não agüenta mais tanto descaso e corrupção.

As pesquisas, como as manifestações que se recolheram ao silêncio, demonstram que muito do que foi dito não passava de bazófia, inflamação, mentira, tudo indica que o povo, na sua maioria corrupto, vai, mais uma vez endossar em todos os níveis a continuidade da corrupção que a mídia manipuladora vendia em julho, a idéia que não suportava mais.

E não fosse a intervenção da justiça que tirou da disputa eleitoral, e está tirando através do ficha limpa, milhares de corruptos, o número de gente safada eleita seria bem maior.

 

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