12 de julho | 2015

A pior Câmara de todos os tempos

Compartilhe:

Do Conselho Editorial

Como um rastilho de pólvora se dissemina a ideia de que Olímpia tem a pior representação legislativa dos últimos cem anos.

Não era das melhores no governo passado, que, diga-se de passagem, era o governo de Eugênio e a maioria legislativa que representava a população fazia parte de sua base e votava favorável a tudo e não investigava nada.

A anterior ao seu governo, em que Eugênio fazia parte da oposição, assim como Beto Putini e Salata, o Legislativo toscamente e por motivos eleitoreiros pelo menos fingia que cumpria seu papel fiscalizador, agora, nem isto.

Tanto que Beto Putini ex-presidente e Luiz Antonio Moreira atual presidente, a continuar da forma como andam os trabalhos legislativos ao final do mandato terão que tirar, no par ou impar para ver em qual período os vereadores se anularam mais politicamente.

Os debates, mesmo que obedecessem a ótica da provocação para ganhar espaços de mídia, projeção, capa de jornal, noticiário no rádio, tivessem conteúdos claros de falsidade, de demagogia explícita, de pretensão de alavancar candidaturas, mesmo assim, frágeis na essência da discussão ética ou propositiva, vendia a sensação  de um legislativo presente, atuante.

Hoje, porém, os escândalos vão se acumulando e os vereadores parecem figuras de ficção, algo inexistente, absurdamente alheios ao que acontece na cidade.

Máfia do asfalto, excesso de comissionados, cidade abandonada, máquina inchada, aumento de assessores, falta de médicos, remédios, aparelhos quebrados na Upa, e a discussão gira em torno da reforma do banheiro da Câmara.

Prefeito tenta pagar empresa que não participou de licitação para possivelmente beneficiar empresa investigada, e o debate gira em torno da concessão de títulos de cidadão, medalhas de honra ao mérito.

Se falta ambulância, se morre pessoas pela possibilidade de atendimento inadequado, se secretários são investigados por possível enriquecimento ilícito, se as ruas estão esburacadas ou escuras, nada clareia mais a cena política que a contratação de mais comissionados com o aval dos vereadores.

Há uma crise em andamento, desemprego crescente, os vereadores locais estão discutindo a novela da Globo, a laicização do ensino ou mais uma semana em comemoração ao dia do Jipe.

Ou temas como a importância da cor da beterraba na composição do prato principal da merenda fornecida na rede pública ou as razões pelas quais deveriam não ter férias em julho continuando sua azafama de trabalhar três cansativas sessões de duas horas cada na estafante tarefa de apontar nada que resolva coisa alguma, recebendo um polpudo salário para isto.

Nas redes sociais a quantidade de pessoas que se refere de forma a desconhecer no Legislativo local uma força atuante em favor da comunidade e a coloca muito mais como entrave aos aclamos da sociedade, vem crescendo significativamente, junto com este crescimento comentários que ao mesmo tempo que não elevam a respeitabilidade deste poder o coloca em uma condição de servil, de subalterno do Poder Executivo, com vereadores capachos, omissos para ficar no mínimo que as pessoas postam para figurar o descrédito da casa.

Esta semana em razão de uma situação grotesca envolvendo um carro da Secretaria de Turismo pego pela madrugada em uma balada, os vereadores, de forma genérica, foram chamados de frouxos por não se manifestarem acerca dos fatos.

O carro, que, de certa maneira, olhando pela ótica do certo ou do errado, não deveria estar naquele lugar, naquela hora, a menos que haja uma justificativa plausível para tanto, foi motivo de discussão ampla, geral e irrestrita afora um vereador, os outros não se manifestaram acerca deste acontecimento, demonstrando um alheamento a tudo que ocorre na cidade, como se não fossem parte da sociedade e eleitos para solucionarem o problema.

Não é normal que homens públicos não tenham posturas favoráveis ou contra acontecimentos que deveriam ou justificar ou fiscalizar, não pode ser entendida como normal esta postura, no mínimo se espera que o homem público venha a se manifestar defendendo a atitude combatida, conferindo a ela ares de legalidade, demonstrando ser ela integra, moral, ou formando fileiras a quem combate o mal feito, pedindo explicações, exigindo transparência.

O atual presidente da Câmara Municipal é sem sombra de dúvidas uma prova inconteste do silêncio dos que não são inocentes, se comporta como gralha que ficou muda neste cenário em que a Câmara sucumbe junto as mazelas, muitas que acontecem a sua volta, calado como a maioria, silente no comando de uma nau sem rumo que navega águas turbulentas como se navegasse na piscina do fundo do quintal de casa.

No país da impunidade, mora ai a razão pela descrença do povo nos homens públicos da mesma maneira que mora no coletivo, no imaginário, para esta Câmara, para estes vereadores, a frase do Tiririca.

Pior que está não fica.

 

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas