07 de junho | 2020

A importância da política antes, durante e depois da pandemia

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“Sonho que se sonha só.
É só um sonho que se sonha só.
Mas sonho que se sonha junto é realidade”.

Da música Prelúdio de Dom Raul Santos Seixas.

 

AO QUE PARECE, …
… entramos num período em que fatos decisivos estão acontecendo e que serão determinantes para o nosso futuro mais próximo.

EM PRIMEIRO …
… lugar está a questão de saúde pública com a pan­demia do novo coro­na­ví­rus e com todas as situações que ela tornou visível, sem dúvidas, pois dela po­de depender o futuro de muitos membros de nossa sociedade e até de como viveremos, conviveremos e seremos após a sua presença devastadora.

CLARO, …
… o segundo ponto é o econômico, pois dele dependerá a subsistência principalmente da maioria da população mais pobre que, embora em números estratosfericamente maiores é a que menos participa da distribuição das riquezas.
 

E A TERCEIRA, …
… que na visão deste destemperado observador da realidade é a mais importante, pois dela depende as outras duas, a esfera política.

AS TRÊS ESTÃO …
… caminhando ao mesmo tempo, pois são interligadas. Mas a mais latente e que chama a atenção de maneira mais acentuada aparente e momentaneamente é a questão da pandemia que parece, em nossa região, estar chegando a uma curva mais íngreme e começa a mostrar suas garras ferinas.

COMEÇAMOS …
… a semana com a notícia da morte de um empresário (colega de infância deste colunista), inclusive da mesma idade, que mostrou quão cruel e devastador é esse pequeno, mi­nús­culo, microscópico ser que vive e se reproduz dentro do hospedeiro humano.

JOSEPH …
… ficou mais de 20 dias na UTI do Hospital de Base em São José do Rio Preto, intubado e sem mostrar reação, já que o maldito vírus praticamente destroçou a parte do seu corpo que é o sinal maior da vida, o respirar.

FICOU 20 DIAS …
… respirando por um aparelho, que em funcionamento em Olímpia tem apenas 12. Dez deles na Santa Casa, divididos (cinco cada) entre as duas UTIs – Unidades de Terapia Intensiva. Uma para atender pacientes suspeitos ou confirmados como contaminados pelo novo coronavírus e outra para os pacientes que necessitam do aparelho em razão de outras doenças.

É ASSUSTADOR, …
… se levarmos em consideração que o os cinco aparelhos para outras doenças vão ter que continuar a ser usados para pacientes com várias outras enfermidades e o período de pico da manifestação da covid-19 está para ser atingido e pode demorar mais de um mês para começar a diminuir.

VOCÊ PODE NÃO …
… estar entendendo onde quer chegar a reflexão arantostélica de hoje. Mas não é tão complexa assim. É que a conta tem que ser composta. Não teremos cinco aparelhos disponíveis para o tratamento da covid-19. Mesmo que tirando os que estão na UPA, no Samu e até reduzindo o número dos que estão na UTI para outras doenças, estes ainda serão insuficientes para atender uma demanda mínima.

SIMPLESMENTE …
… porque, jovens senhoras e senhores, não serão sete ou oito, ou dez aparelhos para os necessitados infectados pelo vírus. Se cada um ficar intubado por 15 dias, teremos cada aparelho atendendo dois pacientes por mês. Se tivermos dez deles, serão apenas vinte que poderão respirar aguardando que a doença seja dissipada.

E AÍ A CONTA …
… não fecha. Pois se tivermos 5% da população local infectada, e lembrando que nós recebemos pacientes de toda a microrre­gião que somaria pouco mais de 100 mil habitantes (na quinta-feira tinha três pacientes na UTI do covid-19, dois de Olímpia e um de Guaraci), então, teríamos 5 mil pessoas acometidas da doença.

VEM COMIGO! …
… Segundo estudos disponíveis na internet e, levando em conta que em Olímpia e na maioria dos estudos, os assintomá­ti­cos não entram nos cálculos, pois não são feitos exames, teríamos, uma grande quantidade com necessidade de internação com o uso do respirador, aproximadamente 500 pessoas, num período de um mês e meio.

ORA, SENHORES, …
… se cada aparelho em média é usado por uma pessoa por 15 dias e, supondo que teríamos 10 deles à disposição do tratamento da covid-19, então teríamos a condição de intubar 30 pessoas no um mês e meio que pode durar o período de maior manifestação da pandemia.

COMO FICARIAM …
… as outras 470? Perceberam a gravidade da tal da curva?

SE LEVARMOS …
… em consideração um número menor. A metade dos 5%. Teríamos 250 pacientes necessitados os ditos aparelhos e apenas 30 disponíveis. Um déficit de 220.

SE FÔSSEMOS …
… contar só os de Olímpia, que não é o caso, o número reduziria pela metade, 125. Ainda assim, seriam quase 100 desca­mi­sados que morreriam com falta de ar. Você já sentiu falta de ar?

AÍ O NOBRE …
… leitor poderá alegar que a saúde regionalizada, no caso, estamos na região de Barretos, poderia levar nossos pacientes sem ar para hospitais de Barretos, por exemplo. Mas, não podemos esquecer que a regional também estará enfrentando o mesmo problema, pois seu universo é de aproximadamente 500 mil habitantes que tem que socorrer das cidades que compõem a divisão regional de Saúde.

TIRANTE A TUDO …
… isso, o nobre leitor poderá inquirir ainda como ficaria a questão econômica diante de previsão tão catastrófica. Ocorre, que mesmo com dezenas de mortes, ou mais de uma centena, o pós-pandemia pode ser mais catastrófico ainda, pois o sistema econômico estará dilacerado pelo grande período de tempo que ficou sem produzir em razão das medidas de isolamento para conter o vírus.

EM NOSSA CIDADE, ENTÃO, …
…que tem como uma de suas molas propulsoras o turismo que, sem dúvidas, será o mais atingido de todos, quanto tempo levará para se recompor? E quais as consequências isso trará. É só parar para verificar quantas lojas já fecharam, quantas estão prestes a fechar e, entender, que o turismo fará deixar de circular “míseros” R$, 1,5 bilhão no município. Aí, grande parte dos que criticam o turismo perceberão que eram felizes e não sabiam. Quem sabe, a partir daí passem a valorizar o setor e exigir de seus comandantes uma participação mais efetiva na vida da sociedade, para que todos possam usufruir diretamente ou em maior quantidade e qualidade de suas benesses.

BOM, …
… não precisa nem perguntar, mas parece que aí já deu pra entender quão importante passa ser a seara política no quadro exposto que terá que ter pessoas capacitadas para reestru­tu­rar a situação e fazer nossa economia ressurgir das cinzas.

MAS, …
… tristemente o que a gente vê é um festival de baixaria, de desgoverno e desnudando que somos escravos do sistema financeiro, em todos os níveis, demonstrando que no pós-pandemia poderemos continuar por muito tempo na situação atual: se correr o vírus pega, se ficar o vírus mata …

José Salamargo … sem muita perspectiva no horizonte, entendendo que nun­ca na história deste país, se necessitou tanto de pessoas competentes e pre­paradas para dirigir os postos de comando deste país.

 

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