09 de setembro | 2018

A hipocrisia de querer destacar o que não tem como ser destacado

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“Como querer que todos sejam felizes, se não ensinamos nossas crianças e adolescentes a Ser e apenas criamos animais preparados para lutar para Ter, para consumir e viver na guerra insana pela mera sobrevivência, como robôs programados para continuar na situação milenar de escravidão que a maioria se encontra desde quando a história conseguiu alcançar? Não existe saída coerente, que não passe pela conscientização de que precisamos criar cidadãos críticos, reflexivos, que sejam ensinados a buscar o conhecimento suficiente para questionar a vida, refletir sobre tudo e construir a sua própria teoria, a sua própria verdade, que poderá ser a de que felicidade é apenas uma questão de harmonia de si para com a natureza, com os que o rodeiam, com o seu mundo e o dos seus.”

Mestre Baba Zen Aranes.

CHOCANTE? …

… Para muitos, saber que algumas perguntas, ou exames, ou provas, cuja aplicação é questionável, levaram à classificação de que estamos criando uma geração, aquela que irá nos substituir, com mais de 90% por cento de seres semialfabetizados, pode ser alarmante, desanimador, para não dizer, brochante.

ESTE DADO …

… surgiu esta semana com a divulgação dos resultados do Ideb, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino.

VÁRIOS MUNICÍPIOS, …

… Estados e Governos, mesmo com o destaque dado para o fato de que o Ensino Médio não está servindo para nada e mesmo que mais de 90% dos que concluem as duas etapas, fundamental e médio, ou seja, a maioria esmagadora, não adquiriu conhecimentos mínimos das duas disciplinas básicas para exercer e entender a própria vida: português e matemática, acabaram destacando suas evoluções em comparação com anos anteriores, como se isso fosse sinônimo de estar no caminho certo.

NA VERDADE, …

… o que se denota é que todo o sistema está falido. Entrou num círculo vicioso que fica rodando sobre si, e, sequer consegue ficar num mesmo patamar; o que se viu, ao longo das últimas décadas foi uma total degradação do ensino. O método da linha de produção, com certeza, chegou ao fim.

NÃO DÁ MAIS …

… pra colocar crianças dentro de salas abarrotadas, empilhadas como se fossem peças de uma linha de montagem e, ao final, formar cidadãos conscientes de sua própria existência.

O SER HUMANO …

… é único e cada um nasce com condições de se transformar em um gênio, basta descobrir qual é a sua genialidade. Mas, nos presídios escolares de hoje, apenas alguns poucos chegam ao final do ciclo básico com suas potencialidades despertas.

EM RAZÃO …

… desta degradação geral é que o Brasil chega ao fundo poço. São milhões de seres que são transformados em zumbis perambulando pelas ruas, para servir de escravos de um pequeno e seleto grupo que teve a oportunidade de evoluir suas capacidades inatas.

MAS NÃO  …

… é lógico, racional, comemorar que notas melhoraram no ensino fundamental e pioraram no ensino médio. Na verdade, se a base está podre, o resto não se sustenta. E esta deve ser a realidade a se considerar. O sistema faliu. Não tem como prosperar.

MAS NEM TUDO …

… está perdido. Tem muita gente da área fazendo experiências, discutindo fórmulas, elaborando prováveis estratégias. A saída existe, o que é preciso é conscientização de quem decide, a chamada vontade política.

E UM DOS …

… exemplos veio de uma escola do próprio município que adotou uma nova experiência permitida pelo governo estadual e que tenta corrigir as principais falhas do sistema que está moribundo.

O FATO, …

… é que sua classificação no Ideb foi até destaque da TVTem de Rio Preto. A Escola Estadual Capitão Narciso Bertolino, há vários anos se transformou em escola de tempo integral. Lá os alunos estudam das 7 às 15 horas, salvo engano. Mas outras também se transformaram e nada de novo se estabeleceu.

MAS NÃO …

… passam o tempo vendo professores encherem a lousa de informações para serem decoradas para o dia da prova.

SÃO ENSINADOS …

… a ser protagonistas e donos de sua própria alma; a conhecer o valor da solidariedade; a buscar o conhecimento através da pesquisa, de seminários onde dão aulas, discutem e se ajudam; enfim, onde cada um é um, sujeito de dons e dificuldades, mas que podem ser superadas e avançadas em conjunto. São únicos, trabalhando em conjunto a própria unicidade.

NO ENTANTO, …

… sem confirmação oficial, seus professores são selecionados entre os melhores e exclusivos da própria escola, ganhando na faixa de R$ 5 mil por mês e cada um entrando de cabeça no próprio projeto.

É UMA SAÍDA. …

… Mas existem outras, outros exemplos, outras teses. O que é preciso é que aqueles que têm poder de mando deixem a hipocrisia de lado e assumam que estamos indo do nada para lugar algum, e, deixem a perfumaria de lado para aplicar as próprias experiências que já estão em andamento e que estão dando certo, ou uma mistura bem dosada do que tem de melhor.

A REALIDADE …

… é chocante e mostra que muito precisa ser feito. Mas não dá para querer mudar privatizando o ensino e não valorizando o profissional mais importante, aquele que trabalha a formação de todos os outros: o professor.

E TAMBÉM …

… não dá pra ficar colocando a culpa na educação que vem do berço, pois esta é apenas uma formatação inicial, a instalação do Windows, que deve e tem que ser questionada na adolescência e pelo resto da vida, sempre que se adquire mais conhecimento e a visão se alarga.

É PRECISO, …

… sim, segundo este ser vociferante, ensinar a criança apenas as noções básicas das chamadas disciplinas, dando ênfase nas duas principais e mais utilizadas, que é português e matemática. E, concomitante­mente, ensinar o ser a utilizar as ferramentas hoje existentes (ensinar a pesquisar na internet), buscar os melhores lugares (antes só tínhamos a Barsa e o próprio professor) para obter informações e transformá-las em conhecimento. Enfim, criar seres reflexivos que consigam conhecer e questionar a si mesmos, para poder entender o mundo.

José Salamargo – pedindo licença para reviver o eterno poema musicado dos tempos da ditadura.

“Caminhando e cantando; E seguindo a canção; Somos todos iguais; Braços dados ou não; Nas escolas, nas ruas; Campos, construções; Caminhando e cantando E seguindo a canção.

Vem, vamos embora; Que esperar não é saber; Quem sabe faz a hora; Não espera acontecer.

Pelos campos há fome; Em grandes plantações; Pelas ruas marchando; Indecisos cordões; Ainda fazem da flor; Seu mais forte refrão; E acreditam nas flores; Vencendo o canhão.

Vem, vamos embora; Que esperar não é saber; Quem sabe faz a hora; Não espera acontecer.

Há soldados armados; Amados ou não; Quase todos perdidos; De armas na mão; Nos quartéis lhes ensinam; Uma antiga lição; De morrer pela pátria; E viver sem razão.

Vem, vamos embora; Que esperar não é saber; Quem sabe faz a hora; Não espera acontecer.

Nas escolas, nas ruas; Campos, construções; Somos todos soldados; Armados ou não; Caminhando e cantando; E seguindo a canção; Somos todos iguais; Braços dados ou não.

Os amores na mente; As flores no chão; A certeza na frente; A história na mão; Caminhando e cantando; E seguindo a canção; Aprendendo e ensinando; Uma nova lição.”

Vem? Vamos embora, Que esperar não é saber?

 

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