10 de novembro | 2013

A desistência da candidatura Geninho e o efeito Serra

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Do Conselho Editorial

 O prefeito Eugênio José Zuliani, segundo informações passadas ao jornal Diário da Região, não tentará sua candidatura a deputado estadual.

Um direito seu de concorrer ou não a uma cadeira na Assembleia Legislativa, visto que vivemos em uma democracia.

Sua análise que demonstra temer o efeito Serra em uma tentativa de se candidatar à disputa de uma vaga de deputado estadual é que soa meio estranho.

O ex-ministro da Saúde José Serra deixou o mandato de prefeito da capital no meio para disputar a Presidência da República e isto repercutiu de maneira negativa na sua campanha e continua repercutindo no índice de rejeição que as pesquisas apontam quando demonstra pretensão de disputar algum cargo.

Serra não fez nada incomum na política brasileira; não contava com as exigências acopladas ao discurso do eleitorado que parece ter despertado para outras realidades.

A ideia de fazer de um cargo trampolim para se alcançar outro contando com a falta de memória do povo brasileiro começa a dar indicativos que não funciona mais como antes.

Isto era prática comum, da mesma forma que é comum alguém se eleger para outros cargos, senadores, deputados, vereadores e serem “convocados” para Ministérios, Secretarias, para acomodar interesses eleitoreiros.

Estas práticas condenáveis começaram a incomodar parte significativa do eleitorado que atua como formador de opinião.

O exemplo mais conhecido e marcante foi o do abandono da prefeitura de São Paulo pelo ex candidato do PSDB, derrotado na disputa de onde saiu com a pecha de quem não termina o mandato. 

Esta foi uma das fragilidades, entre outras, de sua campanha, que gerou aquilo que se convencionou chamar de Efeito Serra, e nele Geninho se escora para justificar o fato de não ser candidato a deputado estadual nas próximas eleições.

Muito embora, em ocasião anterior o mesmo Eugênio tenha afirmado que é e agora afirma que deixou de ser para terminar seu mandato, pode ser que volte a ser se o cenário pintar favorável ou isto seja exigência do grupo que defende.

Tudo faz parte da política e dos bastidores, nada pode ser considerado como definitivo, não há cláusulas pétreas neste jogo de vai e vem onde o que manda é sempre o que convem.

E o que pareceu ser conveniente para Eugênio, neste momento, foi se retirar das discussões acerca da disputa vindoura e para isso pinçou uma desculpa que soa imprópria, se considerado for que sua justificativa promove o negativismo do gesto de Serra ao se afastar da prefeitura de São Paulo para ser candidato.

A fala de Eugênio, que pertence ao grupo de Alckmin, que tem preferências por Aécio, vai reafirmar a realidade ou a lenda que desgasta José Serra em um momento em que Aécio se esforça para deixar de ser sua sombra e tenta emplacar no cenário nacional.

Pode ter dito por inocência, despreparo político ou malícia, da mesma forma que pode ter sido sincero ou não, o tempo irá dizer o que havia por trás das justificativas de Eugênio.

Se não for denunciado no escândalo da Máfia do Asfalto, o que cada vez parece menos provável que não seja, se seu mandato estiver bem avaliado, se sua figura pública estiver em alta e com chances de competir, pode ser que volte atrás, e ai terá de justificar o efeito Serra que diz temer.

Saindo candidato terá produzido uma pérola que possivelmente não contribuirá de forma positiva para sua candidatura, levando-se em consideração que deixará o cargo de prefeito e correrá o risco do Efeito Geninho, o que abandonou o mandato consciente de que teria que pagar um preço por isto.

A menos que como os políticos de antigamente tenha dito esta frase de efeito contando com a falta de memória da população e como os de agora, atuando na condição de fogo amigo, o que usa artilharia contra sua própria tropa.

A menos que José Serra não faça parte do seu exército.

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