29 de setembro | 2024

A Concessão do Hospital Fantasma e as desculpas esfarrapadas do Prefeito

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“Os vereadores, que tinham a oportunidade de votar com consciência, escolheram se curvar às pressões políticas. Agora, resta à população de Olímpia acompanhar de perto os desdobramentos dessa decisão e cobrar dos medrosos responsáveis pela aprovação da concessão as consequências futuras”.

 

José Antônio Arantes, editor da Folha da Região

Na última sexta-feira, 27 de setembro, ao meio-dia, Olímpia viu sua Câmara Municipal aprovar, em uma votação de 9 a 1, a concessão do tão discutido “Hospital Fantasma” à Santa Casa de Misericórdia. Uma votação que só reforça o que muitos temem: os vereadores, acuados pela pressão do prefeito Fernando Cunha, cederam, mais uma vez, ao seu “imperador”. A construção e a concessão foram aprovadas em um pacote só, sem que houvesse qualquer debate real sobre a viabilidade e os riscos dessa decisão.

Os 90% de votos favoráveis à concessão revelam o medo que assombra o legislativo municipal. Em vez de defenderem os interesses da população, os vereadores preferiram obedecer ao comando de Cunha, que, desde o início, utilizou de desculpas esfarrapadas para justificar a entrega da administração de um hospital público a uma entidade financeiramente falida. E, como sempre, o discurso do prefeito continua cheio de falácias que não se sustentam.

AS DESCULPAS DO PREFEITO

Cunha tem repetido que a concessão é necessária para garantir a aprovação do SUS para o hospital funcionar. Mas isso é uma cortina de fumaça. Não há exigência legal de que um hospital público seja concedido a uma entidade como a Santa Casa para ser aprovado pelo SUS. O que está em jogo aqui é muito mais que uma aprovação: é o controle político e administrativo de uma unidade hospitalar que ainda nem saiu do papel.

Com a habitual habilidade para manipular os fatos, o prefeito convenceu os vereadores e parte da população de que quem se opõe ao projeto é contra a saúde pública, pois seria contra a construção do novo hospital. Mas isso está longe da verdade. O que os críticos da concessão estão defendendo é o interesse público e a transparência no uso dos recursos. Colocar um hospital novo nas mãos de uma entidade que acumula R$ 10 milhões em dívidas e não consegue sequer pagar o FGTS de seus funcionários é irresponsável.

O HOSPITAL FANTASMA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

O verdadeiro problema não é a construção do hospital — que, aliás, todos sabemos, ainda nem começou. A questão central aqui é a concessão para uma entidade que já provou ser incapaz de administrar o que tem. A Santa Casa de Olímpia é um “poço sem fundo”, como muitos dizem. Ela vive uma crise financeira e operacional há anos, e entregar-lhe a administração de um hospital maior, mais caro e mais complexo é um risco enorme para a saúde da cidade.

A justificativa usada pelo prefeito — de que a concessão é o único caminho — não se sustenta. A Santa Casa está lutando para manter suas portas abertas, e mesmo assim o prefeito quer lhe impor mais responsabilidades, sem qualquer garantia de que será capaz de gerir esse novo projeto de forma eficiente, a não ser que pretenda continuar no poder após deixar o comando da prefeitura através de seu fantoche que se afastou da provedoria do hospital para se candidatar.

A MANIPULAÇÃO POLÍTICA

A tática de Fernando Cunha foi clara desde o início: manipular o discurso para intimidar os vereadores e a população. Ele utilizou seus “bate-paus” nas redes sociais para atacar quem ousou levantar a voz contra o projeto, criando uma falsa narrativa de que a oposição à concessão seria uma oposição ao progresso da saúde em Olímpia. Nada poderia estar mais distante da verdade.

O que os vereadores críticos à concessão tentaram fazer foi evitar um desastre anunciado: a entrega de um hospital público nas mãos de uma gestão privada (leia-se Santa Casa) sem um debate real sobre a capacidade dessa entidade de administrar os recursos públicos de forma transparente e eficaz. E, além disso, insistir que o SUS exige essa concessão é, no mínimo, desonesto.

O SUS não exige que um hospital público seja concedido a entidades privadas para ser aprovado. Isso é uma manipulação, uma tentativa desesperada de impor essa concessão goela abaixo de todos, sem dar espaço para uma discussão justa e equilibrada.

A VOTAÇÃO E A REALIDADE

Com uma votação de 9 a 1, a concessão foi aprovada. Mas o que esse número realmente significa? Significa que 90% dos vereadores de Olímpia se renderam ao poder do prefeito. Em vez de defenderem a população, cederam às pressões políticas de um ditador e, isto, sem dúvidas, terá um custo. O único voto contrário foi um grito solitário de resistência, mas, infelizmente, não foi suficiente para barrar esse projeto arriscado.

Agora, a construção do hospital será iniciada, e a Santa Casa terá que lidar com a responsabilidade de administrar um projeto muito maior do que sua própria capacidade financeira e de gestão. A pergunta que fica é: qual será o impacto disso na saúde pública de Olímpia? Como a Santa Casa, com suas contas no vermelho, conseguirá gerenciar um hospital novo, sem colocar em risco o atendimento à população?

A HORA DA VERDADE

Olímpia não pode mais se dar ao luxo de cair em armadilhas políticas como essa. A saúde pública é um direito fundamental, e não pode ser usada como moeda de troca em jogos de poder. Entregar um hospital que sequer foi construído nas mãos de uma entidade endividada é um erro estratégico que pode custar caro no futuro.

Os vereadores, que tinham a oportunidade de votar com consciência, escolheram se curvar às pressões políticas. Agora, resta à população de Olímpia acompanhar de perto os desdobramentos dessa decisão e cobrar dos medrosos responsáveis pela aprovação da concessão as consequências futuras.

Chega de desculpas esfarrapadas! Chega de imposições! A saúde de Olímpia não pode ser usada como ferramenta de poder. A verdade precisa ser dita, e a população merece ser tratada com respeito e transparência. Vamos seguir de olho.

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