24 de outubro | 2011

Village Morada Verde conta com mão de obra de 45 mulheres das região

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Um grupo formado por 45 mulheres da região está trabalhando na finalização das 786 casas do conjunto residencial Jardim Village Morada Verde, que está sendo construído na zona leste de Olímpia. Elas atuam no acabamento, assentando pisos, fazendo rejuntes e enchendo laje com argamassa, principalmente.


A entrega das chaves aos moradores, segundo a Pacaembu Construtora, responsável pelo empreendimento, está prevista para o próximo dia 12 de novembro, após cerimônia oficial de inauguração do empreendimento. A data já teria sido confirmada pela Caixa Econômica Federal (CEF).

Essa já é a segunda grande obra em que essas mulheres trabalham. A primeira foi o conjunto Parque Nova Esperança, inaugurado recentemente, inclusive com a presença da presidente Dilma Rousseff , na zona norte de São José do Rio Preto

De acordo com matéria do jornal Diário da Região, de Rio Preto, uma delas é Eliana Aparecida Amâncio, de 30 anos de idade, que atualmente trabalha como servente e tinha acabado de ter a terceira filha e precisava voltar ao mercado de trabalho e soube que o canteiro de obras do Parque Nova Esperança, contratava mulheres na função de auxiliar de serviços gerais para lavagem das casas na etapa final da obra.

PROMOÇÃO
Antes, ela tinha trabalhado como costureira e empregada doméstica. Conseguiu a vaga, demonstrou interesse e logo começou em outra função. Hoje, Eliane integra um grupo de moradoras de Rio Preto, Tanabi e Guaraci que encontrou no setor da construção civil uma colocação no mercado e pretende seguir na carreira.

”Não é qualquer mulher que enfrenta um canteiro de obras. Quando chego à noite ainda faço serviço de casa. No dia seguinte, levanto e preparo a marmita do meu marido antes de sair. Mas o esforço compensa. Nossa renda melhorou bem depois que entrei aqui”, conta Eliane.
No local, também trabalham uma prima e uma irmã da ajudante, na mesma função. Mas quem chegou primeiro foi seu pai. “No início uma parte delas foi indicada pelos próprios familiares que estavam na obra. Então criamos um ambiente de trabalho muito bom. É uma imensa família”, diz o encarregado de obras João Ribeiro, responsável pela contratação das operárias.

Além de ajudante, ele fala que as mulheres ocupam funções de pedreira, pintora, eletricista e auxiliar de jardinagem. “São profissionais excepcionais. Quando se trata de acabamento, elas fazem como se a casa fosse delas, o acabamento é perfeito. Dão de 10 a 0 nos homens”, conta Ribeiro. “A maioria começou como auxiliar de limpeza, ganhando salário mínimo. Elas aproveitaram a oportunidade e se dedicaram, e agora querem continuar no ramo. A tendência é ter cada vez mais mulheres”, acrescentou. O salário das serventes é de R$ 910, mas com as horas-extras, elas conseguem tirar em torno de mil reais mensais.

Antes trabalhando na colheita de laranjas, desde que começou na nova profissão a servente Rosilene Ferreira da Silva, de 22 anos, conseguiu comprar móveis para uma casa para onde deve se mudar com o filho, Leonardo, 6, nos próximos dias. “Não tive receio nenhum de começar na construção, já estava acostumada com o trabalho na roça. Então para mim aqui é tranquilo”, diz.

Quando começou no canteiro, Lucineide Donini, de 40 anos, já era pintora, mas precisou começar como todas as colegas, lavando as casas. Não demorou, começou a exercer sua profissão. Gostou tanto de trabalhar em obras grandes, que agora não quer mais sair. “Estou aqui há sete meses e quero continuar. O ambiente é bom, fiz muitos amigos”, justifica.

“Se a mulher chega aqui e faz corpo mole não adianta, não. Mas para quem trabalhou na roça é uma bênção”, afirma a servente Fabiana Cristina Palheiro, de 30 anos, que também já apanhou laranjas e cortou cana-de-açúcar. Ela conta que não existe tempo ruim e que faz “de tudo um pouco” (sic), desde a pintura, lavagem de casa e acabamento de laje.

Enquanto trabalha no canteiro de obras, pensa no filho Jefferson, de 13 anos: “Meu filho já está grande e entende, sente orgulho de mim. Agora, criança quanto mais cresce mais quer luxo e, se não controlar, está perdido”.

Fabiana precisou criar responsabilidade cedo, desde que Jefferson nasceu. As coisas passaram a melhorar depois que começou na construção. “Trabalho na sombra, tenho horário de almoço. Eu não quero sair daqui tão cedo. Se a obra seguir o mundo afora pode me levar junto”, avisa

EXPERIÊNCIA ANTERIOR
Com as unhas pintadas, enquanto trabalha com a mão na massa no canteiro de obras em Olímpia, a servente Daiane Braz, de 19 anos, conta os dias para mudar para a nova casa que ela mesma construiu com a ajuda do noivo. Daiane namora há seis anos e está com o casamento marcado para janeiro.

Há três anos, o casal ganhou o terreno em Tanabi, juntou dinheiro e começou a comprar material. A casa está quase pronta, com piso, reboco e murada, tudo como Daiane desejava. São dois quartos, sala, cozinha ampla, banheiro e varanda. Foram dois anos de trabalho suado da dupla.

”Às vezes, meu noivo fica impressionado, porque durante a construção da nossa casa ele viu que sei fazer coisas que ele não sabe. Ele ficou para trás”, conta a jovem, com expressão de satisfação. Antes de trabalhar na construção civil, Daiane foi babá e fez bico numa usina de reciclagem. Chegou a iniciar um curso técnico em enfermagem, mas desistiu. Agora, quer continuar no setor e se especializar. “Meu noivo acha um pouco ruim porque aqui tem muito homem, mas tenho amizade com todos e todos me respeitam”, explica.

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