20 de outubro | 2013
Usina Guarani condenada a pagar quase R$ 1,2 mil ao INSS por morte em explosão de caldeira
A empresa Açúcar Guarani de Olímpia foi condenada a pagar quase R$ 1,2 milhão numa ação movida pelo Instituto Nacional Seguridade Social (INSS), por causa da morte do auxiliar industrial Roberto Fioravanti Pinhata, cujos familiares residem em Olímpia, por causa de um acidente de trabalho na noite do dia 29 de outubro de 2008, quando tinha 42 anos de idade. Essa é uma das três ações contra a empresa que tramitam na Justiça Federal de São José do Rio Preto.
Esse é um dos 22 processos que o INSS entrou contra empresas da região – apenas quatro foram julgados improcedentes pela Justiça Federal em Rio Preto e estão em grau de recurso. Em outros seis, as empresas foram condenadas, mas também recorreram ao Tribunal Regional Federal (TRF).
As usinas de açúcar e álcool respondem por sete ações, das quais três são contra a Açúcar Guarani, de Olímpia. Em uma delas a empresa foi condenada no último mês a pagar R$ 1,13 milhão ao INSS, pelo acidente de trabalho que matou Roberto Fioravante Pinhata.
Essa é a ação de maior valor na região – o cálculo do valor devido é feito sobre a expectativa de vida da vítima. “Fazia apenas quatro meses que ele estava na empresa. Foi uma perda terrível”, diz a viúva, Vanessa Pinhata, de 34 anos.
De acordo com a informação publicada pelo jornal Diário da Região, de Rio Preto, Roberto deixou três filhos, um deles com seis meses na época. Desde então, Vanessa recebe pensão da Previdência.
RESSARCIMENTO
No total, o INSS busca na Justiça o ressarcimento de R$ 11,4 milhões aos cofres públicos, valor pago em pensões por morte ou aposentadoria por invalidez, decorrentes de acidentes de trabalho na região de Rio Preto.
São 22 ações do tipo, chamadas regressivas, impetradas pela Procuradoria Seccional Federal contra empresas do Noroeste Paulista responsabilizadas pelos acidentes.
“Procuramos devolver à Previdência o valor total pago com pensões às vítimas ou familiares”, afirmou ao Diário, a procuradora federal em Rio Preto, Paula Cristina de Andrade Lopes Vargas.
Além de ressarcir o caixa do INSS, as ações regressivas têm caráter pedagógico, segundo ela. “Como são valores altos, servem como alerta às empresas para melhorar a segurança no trabalho”, acrescenta a procuradora.
Ações regressivas são relativamente recentes – a mais antiga em Rio Preto data de 2005 – e causam polêmica. As empresas alegam não ser justo pagarem três vezes por um único fato: além dessas ações, arcam com a contribuição previdenciária, descontada dos salários e de empresas justamente para financiar o sistema nos casos de aposentadoria por invalidez ou pensão por morte, e estão sujeitas ao pagamento de indenizações trabalhistas.
Como nenhuma ação do tipo foi julgada pelos tribunais superiores, ainda não há jurisprudência sobre o assunto. A expectativa do INSS com os processos é o ressarcimento de R$ 11.462.027.
Também de acordo com o Diário da Região, a Açúcar Guarani informou, por meio de sua assessoria, que não comenta ações judiciais em andamento.
CASOS RECORRENTES
São comuns os acidentes de trabalho na região Noroeste paulista. De acordo com a Procuradoria Seccional Federal, só em setembro foram 50. Mas nem todos os acidentes dão margem a ações regressivas. “Ajuizamos processos apenas nos casos mais graves, com morte ou incapacidade permanente, em que a responsabilidade da empresa fica comprovada”, diz o procurador Hernane Pereira.
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