22 de setembro | 2024

Tereos mira produção de etanol de milho para diversificar oferta energética

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O FUTURO DO BIOCOMBUSTÍVEL!
om as mudanças no marco regulatório do “Combustível do Futuro”, gigante sucroalcooleira busca ampliar mercado além da cana-de-açúcar, apostando em novas culturas como o milho.

Pierre Santoul, diretor-presidente da Tereos Brasil, diz que empresa registrou um recorde de exportação de etanol neste ano, com um aumento de cerca de 25%.

A gigante do setor sucroalcooleiro, Tereos, está reavaliando sua estratégia diante da aprovação do Projeto de Lei do “Combustível do Futuro” (PL 528/2020), que abre novas oportunidades no mercado de biocombustíveis. A empresa, que tradicionalmente focava na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, agora enxerga um novo caminho para diversificar sua oferta energética, com destaque para o etanol de milho.

O CEO da Tereos no Brasil, Pierre Santoul (foto), afirmou em entrevista ao AgFeed que a companhia está analisando com atenção a possibilidade de ampliar seus negócios para outras culturas, em especial o milho, apesar de não ter anunciado oficialmente novos investimentos.

Segundo Santoul, a recente aprovação do projeto de lei abre portas para novas formas de produção de etanol, e a empresa está atenta às oportunidades que isso pode trazer. Até junho deste ano a estratégia da Tereos estava fortemente concentrada na produção de açúcar, o que ainda representa uma prioridade, mas a flexibilização dos percentuais de mistura de etanol à gasolina no Brasil pode abrir novos mercados e gerar um aumento na demanda por biocombustíveis.

ETANOL DE MILHO NO RADAR DA TEREOS
A proposta de ampliar a produção de etanol para além da cana vem em um momento de revisão estratégica para a Tereos. Segundo o novo marco regulatório, a mistura de etanol à gasolina pode alcançar até 35%, o que cria um ambiente mais favorável para investimentos no setor de biocombustíveis. De acordo com a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), a expectativa é que essa mudança atraia investimentos de cerca de R$ 200 bilhões no setor até 2030.

A produção de etanol de milho, amplamente utilizada nos Estados Unidos, surge como uma opção promissora para a Tereos, principalmente devido à baixa produção de trigo no Brasil, que limita a capacidade da empresa de investir em etanol de trigo, como faz na Europa. O milho, por sua vez, oferece uma alternativa competitiva e viável, sobretudo nas regiões onde a Tereos já opera, como o Estado de São Paulo.

COMBUSTÍVEL SUSTENTÁVEL PARA AVIAÇÃO
Outra frente que a Tereos está de olho é a produção do SAF (Sustainable Aviation Fuel), combustível sustentável para aviação, produzido a partir de fontes renováveis como o etanol de segunda geração (E2G). O SAF é visto como uma solução essencial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, podendo diminuir a pegada de carbono em até 80% quando comparado aos combustíveis fósseis.

Segundo Santoul, a demanda por esse biocombustível está em ascensão e a Tereos já está em negociações para fechar contratos de longo prazo, tanto com empresas americanas quanto japonesas. A entrada no mercado de SAF fortalece o posicionamento da empresa no segmento de energia renovável, que já faz parte da estratégia de longo prazo do grupo.

QUEIMADAS COMPROMETEM PRODUÇÃO DE AÇÚCAR
Apesar das oportunidades em novos mercados, a Tereos enfrenta um grande desafio com as queimadas que atingiram os canaviais no interior de São Paulo. A empresa estima que cerca de 30 mil hectares de plantação foram perdidos, o que corresponde a uma redução de 10% na safra de cana-de-açúcar. Com isso, a produção, que estava prevista para 21 milhões de toneladas, poderá ser impactada, resultando em um prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões.

Mesmo com a possibilidade de processar a cana queimada, o teor de ATR (Açúcar Total Recuperável) será menor, o que pode impedir a empresa de atingir a meta de produção de açúcar para a safra 2024/2025. Santoul, no entanto, demonstrou maior preocupação com os impactos na safra do próximo ano, destacando que as condições climáticas até abril de 2025 serão cruciais para definir o potencial de produção da empresa nos anos seguintes.

Créditos: AgFeed | Jornalista: Sabrina Nascimento.

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