07 de fevereiro | 2010

Suspeitas de abuso sexual contra crianças cresceram 550% em 2009

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As suspeitas de crimes sexuais praticados contra crianças cresceram 550% no ano de 2009, quando comparado com o resultado de 2008. De acordo com os números informados pela conselheira tutelar, Marilene Baú de Souza, no a­no passado o Conselho Tutelar investigou uma denúncia por se­ma­na.Quer dizer, em todo o período foram 52 casos contra apenas oito no ano de 2008. Um levantamento está sendo realizado e deve ficar pronto na próxima semana.

“Mas de antemão, uma coisa que assustou muito nós conselheiros, por isso pedimos aos pais que fiquem mais atentos porque é um dado muito preocupante. No ano de 2008 tivemos oito casos de suspeita de abuso e, no ano de 2009, esse número passou para 52. Quer dizer, é uma diferença muito gran­­de de um ano para o outro. Isso acontece muito com as crianças”, comentou durante entrevista.

“Por isso, justifica Marilene – pe­dimos aos pais que fiquem mais atentos, que acompanhem mais seus filhos, que não confiem em qualquer pessoa, porque no caso a pessoa que vai abusar não chega com cara de má, chega como bonzinho, como protetor, como aquele que dá doce, que dá dinheiro. Ele não se revela como má (pessoa) e vai conquistando a confiança tanto da criança, quanto dos pais”.

Outro detalhe que a conse­lheira informou é que dificilmente os acusados de abusos sexuais contra crianças fazem parte da família. “Normalmente é sempre gente próximo da família. Esse próximo da família não é o grau de parentesco familiar, mas é muito amigo, muito próximo da família. Ele conquista a confi­an­ça dos pais, depois da criança”, reforçou.

Porém, ocorre de algumas vezes acontecer de ser integrante da família da vítima e não é impossível acontecer de um irmão ou tios, por exemplo, praticarem o crime. “Nã­o tem como a gente especificar se é só pai ou só padrasto ou só estranho. Estranho que digo é assim, sem grau de parentesco, porque não é um estranho totalmente. É sempre alguém que tem algum contato com a família”, explica.

Também não há uma faixa etária definida. O problema, explica a conselheira tutelar, atinge a todas as faixas etárias a­ba­ixo da adolescência, principalmente. Porém, as meninas são mais visadas. “As meninas ainda são mais vítimas. Mexem com os meninos sim, mas numa proporção bem menor”, diz.

DENÚNCIA ANÔNIMA
Os casos têm chegado para o Conselho Tutelar, na maior parte das vezes, através de denúncia anônima: “A maioria das vezes”. Mas ressalta que é uma situação bastante complicada para os conselheiros atuarem.

“A gente tem que ter muita ca­u­tela mesmo porque você está trabalhando com crianças e pode prejudicar ainda mais psicologicamente, porque eles estão sofrendo uma agressão sexual e temos que tomar muito cuidado para que não haja também, uma agressão psicológica. A gente chega na criança e vai conversando com muita calma e passando muita confiança para eles e automaticamente eles vão contando para a gente e a gente relata para o poder judiciário que encaminha imediatamente para que tenham atendimento p­si­cológico, tanto a criança, quanto a família”, acrescentou.

Já segundo o conselheiro Jesus Aniceto Junior, os números atuais não são novidade. Os casos sempre existiram. O que há atualmente, é que as denúncias mesmo que anônimas estão surgindo em escala maior, o que favorece o trabalho de combate ao problema.

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