08 de junho | 2008
Solicitação extrema de ajuda de quem não tem mais perspectivas
A tentativa de suicídio é uma solicitação extrema de ajuda de uma pessoa que já não tem mais perspectivas de solucionar algum problema mais sério em sua vida. O entendimento é da advogada Alessandra Simões (foto). "Quando uma pessoa tenta o suicídio está pedindo socorro", emenda.
Seria, segundo sua avaliação, a última opção de pedido de socorro da pessoa que está desesperada e não tem mais perspectivas. Porém, não acredita que a falta de emprego e até de estrutura social possam ter relação com a decisão de acabar com a própria vida.
"Isso é muito relativo. Pelo pouco que conheço do suicídio a pessoa desencadeia uma depressão muito profunda. Se a pessoa, nesse quadro de depressão e angústia, não tem perspectiva de emprego pode até tentar. Mas o simples fato do desemprego ou falta de condições sociais acho que não são motivos", comenta.
Por outro lado, acredita que o enfraquecimento da família, que tem elevado o número de separações e divórcios, tenha forte ligação com a decisão. "Hoje temos um alto índice de separação. A instituição família não é levada tão a sério e o ‘eu’ está sendo colocado em primeiro lugar", avalia.
As famílias, segundo a advogada, "às vezes são destruídas por bobeiras, como, por exemplo, a simples falta de dinheiro que hoje todo mundo enfrenta. Então, as pessoas pensam no eu e na comodidade e acham que destruir a família é motivo suficiente e a falta de dinheiro pode desencadear nisso".
Nesse caso, pode levar uma pessoa até a entrar num quadro de depressão profunda, o que pode talvez levar ao suicídio: "mas não conheço nenhum caso e só falo pelo índice alto de famílias desfeitas que é o que está acontecendo na nossa cidade".
Por isso destaca a importância da pessoa ter no meio familiar e até de amigos, a forma de ser ajudada. Simões entende que todos deveriam dialogar mais e evitar ficar tempo demais na Internet, por exemplo: "O diálogo não existe mais".
Ela conta perceber em seus clientes a necessidade de momentos, mesmo que de pouca duração, para que possam desabafar e falar de seus problemas: "Sentam e conversam, às vezes por horas, exatamente porque não têm com quem conversar".
Simões vê com bom olhos até o desenvolvimento de uma campanha que tire as pessoas da frente de uma aparelho de televisão. "Temos que voltar a ter convívio e esquecer as novelas e o futebol, que acabam atrapalhando a convivência entre os seres humanos", finaliza.
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