13 de setembro | 2009

Sociedade compromete a formação de cidadãos

Compartilhe:


Mesmo com todo avanço tec­nológico que atualmente está à disposição como uma ferramenta para o crescimento, quando se trata da formação de cidadãos, principalmente no que ser refere às questões morais, sociais e, até, intelectuais, a sociedade
tem cometido muitas falhas com­prometendo o futuro dos adolescentes, causando problemas, independente de questões financeiras, sociais e até re­li­gi­osas.

Pelo menos isso é o que se depreende das opiniões colhidas junto a pessoas que atuam nas áreas da psicologia, direito, professores e, inclusive, com um representante do Conselho Tutelar, órgão responsável por observar a aplicação das normas previstas no Estatuto da Criança e Adolescente (E­CA).O levantamento foi feito em razão do crescente aumento de casos de violência nas escolas da cidade.

Questões de ordem educacional e familiar, incluindo também a desigualdade social, passando pelo despreparo das escolas que não fiscalizam os alunos, permitindo que entrem com objetos proibidos, como telefones celulares e, até facas, enfim, a própria desvalorização das escolas, atualmente, burocratizadas e sem os ideais de antes, podem e devem, serem considerados problemas gerados pela sociedade.

“Os pais, de certa forma, não impõem limites aos filhos. Antigamente a gente tinha medo dos professores, medo que acontecesse qualquer coisa vinculada à gente na escola, porque sabia que seria punido não só na escola, mas pelos pais em casa. Hoje já não existe isso”, observa a advogada Ana Carina Mon­za­ni.

ESCOLAS FISCALIZAREM

Porém, ela acrescenta a responsabilidade das escolas que não fiscalizam a entrada dos alunos e, principalmente, o que carregam para dentro das salas de aulas. “Um celular não é para ser levado à escola que é lugar para estudar. Então, o próprio sistema de ensino tinha que ter fiscalização para que as crianças não entrassem portando facas ou celulares”, acrescenta.

Para a também advogada Cris­tiane Navarro Hernandes Souza, o problema é gerado por vários setores da sociedade. “Penso que a educação, professores e pais, todos juntos com psicólogos, se juntarem para chegar a uma solução”. Porém, são problemas de alta complexidade, porque, além da questão educacional, a formação familiar e até a decomposição social, que a própria história do país gerou criando a desigualdade social, embora se reconheça que não seja caso específico das classes me­nos favorecidas.

A secretária municipal de E­ducação, Eliana Antonia Du­ar­te Ber­toncelo Monteiro, por exemplo, observa que houve vários fatores que contribuíram e ainda contribuem, para o agravamento da situação. “Criou-se uma mentalidade de permis­sivi­dade na Educação, porque passou-se a falar que pai que corrige muito traumatiza os filhos”, diz. “É importante o diálogo, mas o filho precisa sentir o limite, desde a primeira infância”, reforça.

Faixa etária
A falta de estrutura familiar, ou seja, pais separados gerando a­bandono dos adolescentes que, sentem mais o problema quando estão chegando à fase da adolescência, é um dos fatores importantes, segundo a opinião da psicóloga Roberta Patrícia Marretto, que trabalha com crianças que têm problemas de aprendizado.

“Hoje a família que não tem mais aquela estrutura do pai e da mãe, do avô, dos irmãos, que são filhos do mesmo pai e da mesma mãe e afeta muito a criança, por mais que ocorra uma adaptação, que os pais tentem serem amigos após a separação. Na nossa sociedade nós não fomos criados ter esse tipo de família”, avisa.

Na opinião do conselheiro tutelar Jesus Aniceto Júnior, há um fator que incentiva as atitudes erradas dos alunos, principalmente, com relação à falta de referência familiar, como, por exemplo, quan­do os pais deixam ou mesmo não conseguem, exercer seus papéis na formação dos filhos.

Nesse caso, Aniceto observa que os pais deveriam procurar ajuda. “Mas quando o pai não consegue e não procura ajuda existe uma omissão. Então, acredito que tais fatos decorram, principalmente do pai e da mãe terem condições de educarem seus filhos”, reforça.

No entanto, para o professor aposentado, Valdecir Casa­gran­de, o mal está nas desestruturas familiar e da escolar. No caso das escolas ele acrescenta que não estão preparadas para lidar com filhos de pais desempregados e, às vezes, as mães nas mesmas circunstâncias.

“É um futuro sem futuro, o crime, a violência, a lei do mais forte. São soluções imediatas para essa gente, infelizmente. A escola pública é burocrática demais para justificar a sua incapacidade, sem ideal e é uma pena, salvo algumas exceções”, acrescenta.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas