29 de julho | 2018

Sítio arqueológico do Jd. Maranata volta a ser objeto de estudos depois de 25 anos

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O sítio arqueológico onde foi encontrado um cemitério indígena no Jardim Maranata, ao lado do Jardim Hélio Cazarini, Cohab III, na zona sul de Olímpia, voltou a ser objeto de estudos 25 anos depois de ter sido encontrado. Nesse período, a área que inicialmente estava destinada à construção de casas populares através de uma cooperativa evangélica, acabou sendo utilizada de forma irregular para a construção de uma pista de motocross, como pastagem para gado e, mais recentemente, com a construção de uma arena para a prática de laçar e domar animais.

De acordo com o que foi divulgado na tarde da quarta-feira desta semana, dia 25, o arqueólogo Robson Rodrigues, da Fundação Araporã, achou novas cerâmicas indígenas durante um estudo iniciado no início deste mês, cuja etapa está sendo encerrado nesta semana.

Na quarta-feira, o trabalho foi realizado com o acompanhamento do juiz federal Dasser Lettiere Jú­nior, de São José do Rio Preto, que veio verificar como está a conservação do terreno e o desenvolvimento das novas pesquisas.

O trabalho foi acompanhado também pelos advogados Valdecir Zeffiro e João Paulo de Souza, ambos representando a imobiliária Terra Nova de São Paulo, empresa que adquiriu a área através de leilão; o advogado Andrei Raia Ferranti, representando um morador e zelador do terreno que está no local desde a década de 90; Fabiano Trinca Garcia, advogado dos antigos mutuários do residencial Mara­nata; Tito Lívio Quintela Canille, procurador federal representando o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

O intuito da visita do juiz federal foi verificar in loco, quais os trabalhos ainda estão sendo realizados pela equipe arqueológica, qual a importância desses trabalhos e através disso saber que rumo tomar nos processos que ainda tramitam na justiça federal.

Tudo isso é de interesse da imobiliária que adquiriu o terreno que visa o lado comercial, e segundo seu representante, o João Paulo de Souza, além de um investimento imobiliário, também existiria um projeto de cunho cultural que é fazer uma praça com a preocupação de preservar ou homenagear o sítio arqueológico do local.

Segundo informações do procurador federal, o IPHAN havia pedido que a área total do terreno não deveria estar sendo usada para pasto de gado e, muito menos ter sido utilizada para a construção de uma pista de motocross, algo que é claramente motivo de indignação por parte da equipe de arqueólogos que estavam no local, que afirmaram que ao volver a terra, com certeza danificou inúmeras peças de cerâmica, prejudicando a continuação dos estudos.

O advogado do senhor José Agnelo da Silva, (zelador da área), informou que existe até uma ação de usucapião movida por este para rever seus direitos.

O advogado Fabiano Garcia que representa os antigos mutuários do residencial esteve presente para colher informações a respeito do que será feito, já que representa cerca de 40 famílias que entraram com ação para receber o dinheiro que haviam investido.

Segundo o arqueólogo que coordena os trabalhos no local, atualmente o sítio arqueológico pode se estender por boa parte do terreno, ou até mesmo todo o terreno, segundo ele os trabalhos de coleta terminam no final desse mês. Afirmou que não dá para precisar a época em que viveram nesse local, podendo ser pré-colonização ou pós-colonização do Brasil, mas acredita que a aldeia seria grande, com centenas de componentes, já que foram encontrados muitos locais com terras mais escuras, sinais de muito material orgânico, resultado de muita atividade humana no local.

O arqueólogo mostrou ainda um local que fica atrás de um templo católico próximo ao local onde populares haviam volvido a terra para a construção de uma espécie de arena para atividades com animais que pode ter também destruído muito material que estavam enterrados, inclusive mostrou resíduos de cerâmicas que ainda estavam encravados na terra, e que ele e sua equipe recolheram vários fragmentos soltos no solo.

Imobiliária projeta empreendimento imobiliário de baixa renda no local

De acordo com o advogado João Paulo de Souza, representante da Imobiliária Terra Nova, que há aproximadamente três anos adquiriu a área do antigo Jardim Maranata, ao lado do Jardim Hélio Cazarini, Cohab III, na zona sul de Olímpia, o encontro realizado na tarde de terça-feira desta semana, dia 25, é uma nova etapa do projeto de empreendimento imobiliário de baixa renda, no modelo Minha Casa Minha Vida.

“A Terra Nova é uma a empresa que fez a aquisição da área por meio de leilão, e estamos dando sequência para preservar todo material encontrado neste local do sítio Maranata. Temos um arqueólogo e uma equipe na área, uma fundação que foi contratada e é toda regulamentada pelo Iphan e pelo Ministério Público Federal”, explicou o advogado.

Segundo ele, “essa visita foi para fiscalizar o projeto de resgate, que acredito que dure mais nove meses, e posteriormente a área estará liberada para fazermos um empreendimento imobiliário e do outro lado, atrás da Igreja Nossa Senhora de Fátima, temos um projeto para fazer uma praça”, disse.

O representante da empresa ainda falou da importância do apoio da Administração Municipal. “A Prefeitura está dando todo apoio para nossa empresa, fomos muito bem recebidos pela administração do prefeito Fernando Augusto Cunha, que nos deu total apoio para regularizar a área e futuramente desenvolver o empreendimento, que vai beneficiar bastante a região. Queremos regularizar o Sítio Maranata, fazer um resgate do sítio arqueológico, fazer um trabalho social do sítio também em relação à comunidade e isso é muito importante”, afirmou João Paulo.

 

 

 

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