16 de dezembro | 2013
Sem transporte para UTI em Rio Preto, bebê morre na Santa Casa de Olímpia
Sem transporte adequado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal do Hospital da Criança, em São José do Rio Preto, um recém-nascido cuja família reside em Guaraci, acabou morrendo na Santa Casa de Olímpia. A espera de mais de cinco horas por uma ambulância pode ter provocado sua morte na madrugada de quarta-feira, dia 11. O bebê precisava ser transferido com urgência, o hospital disponibilizou a vaga, mas não tinha transporte.
Na sexta-feira, dia 13, o caso foi parar na polícia e será investigado como homicídio culposo, depois que a família da criança registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia de Guaraci, onde reside. Inconformada, a mãe do recém-nascido, a dona de casa Natália Batista da Silva, de 21 anos de idade, acusa o município de Guaraci de omissão.
Natália Batista da Silva afirma que teve uma gestação estável, mas a criança nasceu abaixo do peso, com apenas 1,8 quilo, e precisou ir para a incubadora. À meia-noite, foi avisada pela equipe médica que o estado de saúde do filho havia piorado e ele precisava ser transferido. Mas por volta das 2 horas, o bebê sofreu uma parada cardíaca e foi reanimado.
Segundo informação publicada pelo jornal Diário da Região, de Rio Preto, a responsabilidade pelo transporte é do município onde a família mora. A tia do menino, Jaqueline Batista Barbosa, de 24 anos, disse na sexta-feira que durante três horas a equipe médica de Olímpia tentou contato com técnicos da Santa Casa de Guaraci, mas a ligação só foi atendida por volta das 4h30 da madrugada.
“Como eles não estavam conseguindo falar, ligaram para minha mãe. Eu fui lá (na Santa Casa de Guaraci) ver o que estava acontecendo e logo em seguida chegou uma viatura da Polícia Militar, que também foi avisada pelos médicos de Olímpia”, afirma Jaqueline. Para ela, a falta de transporte contribuiu para a morte do sobrinho, mas o laudo comprovando a causa deve ficar pronto nos próximos dias.
Segundo a tia, por volta das 5h30 a família foi avisada do falecimento do bebê, que era o segundo filho de Natália. O outro, Ian Augusto, tem quatro anos. “Por que demoraram tanto? Se tivesse ambulância, ele poderia estar vivo”, afirma a mãe.
A mãe disse que fez todo o acompanhamento de pré-natal, passou por três ultrassons e a criança estava normal. O bebê se chamaria Wilian Brian e foi enterrado na quarta-feira à tarde no cemitério de Guaraci, onde a família reside há 15 anos.
OUTRO LADO
Na sexta-feira à tarde, a assessora de Saúde de Guaraci, Milene Parada, admitiu que a responsabilidade do transporte é do município, mas negou negligência e disse que a família foi prontamente atendida. Ela informou que o contato ocorreu com Olímpia por volta das 4h30, mas não soube explicar porque as ligações não foram atendidas antes.
Milene explica que para a transferência do recém-nascido seria necessário uma ambulância do tipo UTI Móvel especial, que deve ter, entre outros itens, monitor cardioversor, respiradores e bomba de infusão, além do acompanhamento de um pediatra, mas o município não possui o veículo.
De acordo com ela, a Santa Casa de Guaraci tem apenas uma ambulância normal e uma unidade básica do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e que, prontamente o serviço foi solicitado a uma empresa de Rio Preto. “Fizemos o orçamento, que foi aprovado, mas eles informaram que demoraria em torno de uma hora e meia para preparar a equipe e chegar aqui”, disse.
O valor cobrado pela UTI Móvel, segundo ela, era de R$ 1.255 e seria pago pelo município. Milene afirma ainda que o caso foi uma fatalidade e em momento algum foi negado o atendimento à família de Natália. Ela confirma também que assim que a equipe de plantão recebeu o contato de Olímpia cumpriu todos os protocolos obrigatórios.
OBRIGAÇÃO DOS MUNICÍPIOS
O diretor administrativo da Santa Casa de Olímpia, Vivaldo Mendes Vieira, confirmou na sexta-feira, dia 13, que a responsabilidade pela transferência do recém-nascido era do município onde a família reside. Além de Guaraci, o procedimento é adotado com outras três cidades que encaminham pacientes para a unidade olimpiense: Altair, Cajobi e Severínia, além de Guaraci – que não têm serviço de transporte ou ambulâncias próprias.
Mendes falou ainda que a vaga solicitada para transferência do bebê foi disponibilizada pela central que regula internações em UTIs do Estado por volta das 2 horas e ficava mesmo em Rio Preto. Ele também afirmou que foram mais de duas horas até conseguir contato por telefone com a Santa Casa de Guaraci.
A versão da diretoria de Saúde de Guaraci, de que no momento da chamada não havia ambulância equipada para a transferência, é confirmada pelo diretor. Segundo Mendes, o hospital foi informado, depois que conseguiu contato com a Santa Casa, de que o transporte demoraria em torno de uma hora e meia para chegar. Entretanto, já era tarde.
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