15 de julho | 2012

Sem pacientes que foram para a UPA Santa Casa fica do jeito que provedores queriam: vazia, sem os pobres

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Com a inauguração da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no dia 30 de junho próximo passado, pode-se afirmar que está realizado o sonho do provedor da Santa Casa de Olímpia, Mário Francisco Montini, e de seu, à época, vice, Vivaldo Mendes Vieira, que também ocupa cargo em comissão na administração do prefeito Eugênio José Zuliani, na função de diretor presidente da empresa municipal Prodem (Progresso e Desenvolvimento Municipal), de afastar os pobres da portaria do hospital, principalmente aqueles que buscavam os serviços de urgência e emergência.

No entanto, em vários casos que estão acontecendo, nem mesmo os conveniados estão conseguindo obter o atendimento de urgência e emergência no hospital. Foi o caso de uma pessoa (que não quis se identificar) que esta semana procurou atendimento para sua filha de pouco mais de um ano e não tinha médico no plantão.

A orientação que recebeu foi a de passar pela UPA para depois, se precisasse de internação ou cirurgia, voltasse até a Santa Casa local. A pessoa, então retrucou que tinha convênio médico e queria ser atendida na Santa Casa. Mas não teve jeito. Teve que levar a criança na UPA.

Como se sabe, em meados de fevereiro deste ano, ao justificar comentários feitos em conjunto com Vivaldo Mendes Vieira, Mário Francisco Montini acabou por confirmar que eram somente os pobres que buscavam o atendimento médico no pronto socorro da Santa Casa, em momentos que necessitavam.

A ideia ficou clara em uma carta com data do dia 6 de fevereiro, que Montini distribuiu a órgãos de imprensa que, segundo se comenta, seriam dominados pelo grupo político do prefeito Eugênio José Zuliani, na qual em um dos parágrafos ele cita: “Aliás, quem fez e quem deu azo a tacanho absurdo desconhece que os “ricos” buscam centros mais desenvolvidos de saúde, onde há inúmeras especialidades e inúmeros especialistas, e depois, ainda, falam mal de médicos do corpo clínico. No entanto, ainda que ricos, nos casos de emergência, somente a Santa Casa poderá lhes dar o suporte para continuar vivendo, ou seja, todos os dias a Santa Casa salva vidas e mostra disso foram as diversas cirurgias do coração, entre outras, já divulgadas, as quais, por acaso, não foram feitas em ricos”.

E afirmou ainda: “Sendo menos de 10% Unimed e menos de 5% de particulares”. Quer dizer, segundo os números informados pelo próprio provedor, ultrapassaria a casa dos 85% o número de atendimentos através do SUS (Sistema Único de Saúde), que é o utilizado exclusivamente por pessoas mais pobres.

A carta tentava justificar comentários anteriores nos quais os dois diretores da Santa Casa reclamaram que os atendimentos que eram prestados a pessoas mais pobres da sociedade local, principalmente através do pronto-socorro, atrapalhavam a imagem do hospital perante a sociedade local.

Na opinião expressada à época, Montini afirmou: “muitas vezes a criança fica o dia inteiro com febre, com vômito e ai só vai aparecer aqui depois da novela, que é o horário de pico, a hora que o marido saiu do boteco e foi para casa e cria aquele monte de gente para ser atendida”. “Então, porque não foi levada essa criança na hora que começou o problema, lá nos ambulatórios? O ambulatório já teria resolvido esse problema. Ai, na hora que chega aquele problema que é urgência e emergência nós não temos, o atendimento fica precário porque é muita gente para atender, para um médico só”, acrescentou cobrando mais atitude das pessoas mais simples.
Por isso, ao comentar qual seria o futuro das Santa Casa depois da inauguração da UPA, Montini afirmou “Acredito que vai ser um futuro muito promissor. Acredito muito que a gente vai melhorar o atendimento, a confiabilidade da população vai ficar muito maior. Vamos manter aqui um atendimento de urgência e emergência para planos de saúde e também os particulares”.

Já o então vice provedor, Vival­do Mendes Vieira, considerava que após a UPA a Santa Casa entraria na rota da reorganização. “A nossa expectativa com a entrada da UPA é a gente melhorar e ter mais eficiência, porque o grande problema de imagem que tem a Santa Casa é a porta de entrada que é o pronto socorro. Tem sempre aglomeração de pessoas lá na frente”, declarou.

Essa aglomeração de pessoas, segundo Vivaldo considerava, era “porque a cultura do pessoal de Olímpia, quando alguém da família passa mal, vem a família inteira. Então, às vezes você tem 10 pessoas acompanhando um paciente”.

“E muitos desses pacientes são problemas sérios porque estavam bebendo num bar, tem uma briga, algum desentendimento familiar e vem aqui com o estado de ânimo muito mais alterado. Aí chega ameaçando, quebrando porta, agredindo o médico plantonista, indo fazer BO porque demorou 20 minutos para atender”. “Com a entrada da UPA, entendemos nós, vai melhorar bem porque virão aqui só os conveniados e os particulares. Ai dará para fazer um trabalho melhor”.

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