26 de julho | 2009

Rurais perdem metade dos empregos em 4 anos com mecanização na cana

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 Na medida em que aumenta a área plantada com cana-de-açúcar e, ao mesmo tempo diminuiu sensivelmente a cultura de laranjas, o desalento toma conta e chega a incomodar o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Olímpia, Sérgio Luiz Sanches (foto), mesmo que aceitando as questões ambientais que são apresentadas. De acordo com ele, o setor já perdeu metade dos postos de trabalho em quatro anos, depois da mecanização da colheita. "Acredito que até mais nesses dois últimos anos", estima.

Sanches destaca que em 2008 houve uma perda de entre 300 a 350 vagas, números que estão se repetindo em 2009. "No setor canavieiro, há quatro anos chegamos a ter cerca de quatro mil facões (cortadores) e hoje, se atingir, temos no máximo dois mil. Ou seja, de quatro anos para cá perdemos 50%", acrescenta.

Mas, segundo o sindicalista, é uma situação que atinge todo o Estado de São Paulo, invariavelmente nos municípios onde a cana-de-açúcar predomina. Sanches afirma que a cana começou expandir e mesmo assim diminuiu postos de trabalho no corte. "Se analisar por esse lado teria que pelo menos manter o que tinha e está acontecendo o contrário por causa da entrada da mecanização", lamenta.

Mesmo assim ressalta que a usina contratou mais para atender aos condomínios, forma como ficaram conhecidos os grupos de grandes produtores que se formaram nos últimos anos. Porém, mesmo com esse aumento não houve uma resposta positiva para o setor.

"Usina contratou mais, mas a perda que teve direta dos produtores, foi maior que as contratações diretas da própria usina. E a usina, na medida que foi passando o período do plantio, foi fazendo a dispensa. Só em 10 dias agora foram cinco turmas. Se colocar em média 40 trabalhadores por turma já são 200", explicou.

De acordo com ele, na parte do corte manual até que não sofreu tanto. As usinas vêm mantendo. A queda foi mais por conta dos condomínios que deixaram de contratar depois de adquirirem as máquinas para a colheita.

Tempo determinado

Mas a grande preocupação são as perdas sociais que há para os trabalhadores que são contratados por tempo determinado, situação que ainda persiste no município. Esses perdem valores relativos a aviso prévio, multa de 40% do fundo de garantia e seguro desemprego. Isso porque no contrato por tempo determinado o trabalhador não tem direito a esses benefícios, embora fiquem parados por um período de aproximadamente dois meses. O problema é que o chamado contrato de safra já é usado também pelas indústrias de suco de laranjas.

O sindicato tem aproximadamente 1,5 mil de trabalhadores e destes, de acordo com Sanches, cerca de 80% estão trabalhando com contrato por tempo determinado. Apenas um grupo que trabalha na laranja conseguiu manter o contrato normal previsto pela CLT.

Mas o presidente ressalta que se trata de uma situação que não tem ligação com a crise financeira. "O que está trazendo a diminuição da mão-de-obra é a questão da mecanização que, infelizmente não podemos ser contra porque tem as questões do meio ambiente. Mas ao mesmo tempo cria um problema social", conclui.

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