27 de setembro | 2015
Quase 15% da população vive em situação de miserabilidade
De acordo com a informação divulgada nesta semana pela secretaria municipal interina de Assistência e Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Raquel Cristina Crepaldi Righetti, com rendimentos de até meio salário mínimo per capta, aproximadamente 15% da população de Olímpia está vivendo em situação de miserabilidade.
A informação foi divulgada durante entrevista que concedeu a uma emissora de rádio local e foi divulgada na quarta-feira, dia 23. Segundo ela, aproximadamente 7,7 mil pessoas, ou seja, em torno de 14,5% dos 53.010 habitantes vivem com até meio salário mínimo no máximo e se encontram na linha da pobreza e vulnerabilidade social.
Segundo ela, o levantamento foi feito através do Cadastro Único pela Diretoria de Vigilância, órgão criado recentemente e vinculado à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.
A secretária interina informa que o município possui 2.446 famílias em situação de miserabilidade: “Considerada a questão de renda e questões de vulnerabilidade a gente tem 2.446 famílias no cadastro único, sendo mais uma média de 7,7 pessoas com renda de até meio salário mínimo per capita. Essas pessoas com renda de até meio salário mínimo são consideradas como famílias de baixa renda e são atendidas por (vários) programas (estaduais e federal)”.
São pessoas atendidas pelo Programa Bolsa Família do Governo Federal; e pelo Programa Renda Cidadã, Programa Ação Jovem, Programa Amigo do Idoso, todos do Governo Estadual; e BPC (Benefício de Prestação Continuada).
BOLSA FAMÍLIA
De acordo com ela, somente o Programa Bolsa Família paga o valor de R$ 154,00 a 1.459 famílias, ou seja, cerca de 4,7 mil pessoas. O Programa Renda Cidadã atende 307 pessoas com o valor de R$ 87,00 cada uma. O Programa Ação Jovem, que atende pessoas com até 21 anos de idade, beneficia 476 pessoas com R$ 80,00 cada. O Programa Amigo do Idoso, para quem tem mais de 80 anos, dá respaldo a 3 pessoas com o valor de R$ 100,00. Já o BPC, para pessoas com mais de 65 anos que recebem um quarto do valor do salário mínimo e aos deficientes de qualquer idade, atende 2.337 pessoas com um salário mínimo.
Sobre o perfil das pessoas que procuram esses benefícios ela diz que “geralmente são pessoas com renda abaixo de meio salário mínimo, que tenham risco não de segurança alimentar (apenas), mas outras questões também são consideradas como familiar, drogas, alcoolismo, que tenham algum problema dentro da família que necessitam de algum apoio. Na grande maioria é esse o público que procura a gente”.
Mas além da ajuda financeira essas pessoas são orientadas a buscarem melhorias pessoais para ser inseridas novamente no mercado de trabalho.
Porém, em alguns casos são atendidas também pessoas que tem problemas momentâneos: “Nessa época de crise, de vacas magras, o nosso público tem aumentado bastante. Antigamente tinha pessoas que conseguiam suprir suas necessidades básicas e hoje o custo (de vida) tem aumentado muito. Então, o nosso público também tem aumentado”.
IHC diz que já tem mais de 10 mil em situação de miséria
Entretanto, há controvérsias em relação aos números divulgados na quarta-feira desta semana, dia 23. Segundo foi divulgado por esta Folha da Região em meados de junho deste ano, com 0,1922 o Índice de Carência Humana (IHC) do Observatório de Informações Municipais aponta que já seriam 10.189 que viveriam com o que dá para fazer com R$ 197,00, ou seja, apenas um quarto do salário mínimo brasileiro que é de aproximadamente R$ 800,00.
Mesmo assim a cidade ainda supera em qualidade de vida as duas maiores cidades das regiões norte e noroeste do Estado de São Paulo, Ribeirão Preto (IHC 0,1732) e São José do Rio Preto (IHC 0,1822), respectivamente.
Trata-se de uma demonstração indicando que quanto maior a cidade maior o problema social. Nesse ranking negativo, o município está à frente também da Capital, Bauru, Sorocaba, Campinas, Piracicaba e Franca.
O dado é de pesquisa feita pelo Observatório de Informações Municipais, que estabeleceu tanto para estados quanto para municípios um Índice de Carência Humana (ICH), o oposto do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ONU (Organização das Nações Unidas).
O índice foi criado a partir da projeção, para 2014, dos IDHs de 2000 e 2010. “É o outro lado do IDH”, resume o pesquisador François Bremaeker. O passo seguinte foi calcular, com base no ICH, a população carente de cada município.
“Por mais que o poder público, principalmente o governo federal, tenha se esforçado para reduzir a desigualdade socioeconômica, ela ainda persiste, inclusive em regiões muito desenvolvidas como o interior paulista. Ainda há um longo caminho a percorrer nessa batalha”, afirma o especialista em sociologia urbana da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo), Tiago Dumont.
No caso de Rio Preto, por exemplo, uma cidade conhecida por sua qualidade de vida e altos índices sociais, mas que esconde em suas franjas um exército de carentes estimado em 79,8 mil pessoas. É como se houvesse, dentro do município, uma Votuporanga de pobreza, contingente que sobrevive com menos de um quarto do salário mínimo, ou R$ 197 per capita, além de apresentar baixo nível de escolaridade e pouca longevidade.
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