04 de julho | 2010

Problemas são deixados de lado e pouco questionados

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 De acordo com a secretária municipal de Educação, Eliana Duarte Antônia  Bertoncello Monteiro (foto), os problemas de domínio ortográfico, no caso da língua portuguesa e até das operações fundamentais, quando se trata de matemática, são sempre deixados de lado e pouco questionados. “Lê, reconhece os caracteres, mas não compreende. Isso é pouco questionado e é função da escola que temos que passar”, afirma.

Mas há outro problema envolvendo a questão que é a falta de vontade dos alunos em relação ao aprendizado. A forma como são tratadas as questões que envolvem, principalmente, a criança, são obstáculos para a cobrança maior pela escola.


“Se o aluno não quiser abrir o caderno e pegar no lápis e a família não der o apoio necessário, em qualquer faixa etária, não tem professor que faça seja qual for a formação que ele tiver”, explica a secretária, lembrando que esse não é um problema verificado apenas em Olímpia.


Outro fator agravante, segundo Bertoncello Monteiro, são questões sócio-econômicas que parte dos alunos ressentem. “No ensino fundamental temos alguns, que sabemos, que sentem uma realidade econômica e cultural mais difícil em todos os aspectos, inclusive financeira”, reforça. “Eles ficam na escola e tem que sofrer essas carências e essas escolas têm mais dificuldades. Então, o desempenho escolar, ainda temos um desempenho mais baixo”, acrescenta.


Mas aponta que há escolas que têm desempenhos muito bons. O problema maior ocorre nas escolas da periferia, principalmente, onde a tendência para o período integral é muito grande.


Numa comparação com três ou quatro décadas atrás, a secretária lembra que atualmente a escola recebe uma clientela maior atendendo a democratização do ensino. “Antes uma minoria ia para a escola. Era aquela criança que a família colocava e tinha que ir bem e agora, felizmente expandiu e tem vagas para todos os alunos. No ensino fundamental não existe aluno sem vaga”.


PARTICIPAÇÃO FAMILIAR

Mas a participação famíliar não é considerada adequada. “Exatamente porque, como agora estamos num universo mais abrangente e lidamos com todas as camadas da sociedade, há muitas pessoas que não valorizam o ensino, que não têm uma expectativa boa de vida e não passam isso aos filhos”.

“Não coloco isso como culpa. É um momento que nós vivemos de colocar a criança na escola. Agora, o de garantir que essas fiquem e aprendam é o momento atual. E nesse momento tem a nossa insegurança com a tecnologia nova e a dificuldade de lidar com alunos cujos pais não aparecem na escola de jeito nenhum”, reforça.


A secretária acredita que esse fator aconteça por acreditarem que a escola se transformou em fornecedora de assistência social, apenas. “Acredito que se criou uma mentalidade que a escola é assistencialista e não tem a função especial de fornecer conhecimento. Isso a partir do momento que se passou a fazer muita propaganda da merenda escolar, do material, do uniforme”.


A questão passa também a da autoridade da escola. “Porque são muito divulgados os fatos negativos. Desacata professor, funcionário, às vezes agressão física e, às vezes verbal e, com isso a escola passou a ser um lugar assim se a criança chegar e comer, passar um período lá e volta para casa, está bom. O professor não precisa chamar a atenção do aluno”.


FATORES ECONÔMICOS

No entanto, Eliana Bertoncello explica que não há como colocar os fatores isoladamente. Em Olímpia, por exemplo, além do êxodo rural, em função da mudança econômica, há também as correntes migratórias.

“Partindo da base econômica, temos essas mudanças que vão interferindo nas mudanças do perfil da população, que faz mudar o perfil do aluno. Junto com isso, temos uma mudança maior que é a questão que estamos caminhando, em função do capitalismo, para um individualismo exacerbado. Temos uma competitividade muito grande e isso tem reflexo na escola”, comenta.


“Junto com isso a abordagem metodológica na escola também foi mudando, porque nós passamos daquele professor que era o dono da sala de aula, que mandava e o aluno obedecia, para uma abordagem mais dialógica, que é mais contemporânea, o diálogo é do mundo atual, que o professor precisou aprender. Ele ensina e aprende com o aluno. Antes tínhamos pelo conceito, o professor que falava e a água parava e, agora não”.


Por outro lado, conta que tem buscado mudar a mentalidade de que o aluno é simplesmente jogado dentro de uma escola e tem que se virar sozinho. Hoje, segundo ela, o professor está preparado até para cuidar dos hábitos alimentares.


A escola está deixando de ser educacional e está virando uma creche de assistência social. “Precisa colocar a idéia de que a escola é educativa e não meramente assistencialista. Para ser assistencialista, necessitaria de um plano anual de trabalho”.

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