20 de agosto | 2017

Prefeito diz que precisará de mais um ano para sanear caos da saúde

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A cada dia que passa os problemas que geraram o verdadeiro caos no setor da saúde pública acabam vindo à tona, confirmando as informações que já eram di­vulgadas no ano passado, sempre em torno do grande número de reclamações apresentadas pela população que realmente necessita, não apenas desse atendimento médico, mas também de receber as medicações necessárias para a cura do mal que enfrentavam e ainda enfrentam.

Pelo menos foi isso que deixou antever, o prefeito Fernando Cunha durante uma entrevista que concedeu ao filósofo, advogado e jornalista, José Antônio A­rantes, da Rádio Cidade FM, na terça-feira da semana passada, dia 8.

“A solução desses problemas parece estar mais distante do que era imaginado inicialmente, fazendo crer que o sofrimento dessas pessoas ainda vai demorar para chegar a um momento de solução mais rápida”, afirmou.

E continuou: “Eu tenho sensos de urgência, gostaria de fazer isso para a semana que vem, mas acho que vai talvez um ano mais para a gente ter um sistema de saúde mais razoável para a população aceitar bem”.

Ainda assim, Cunha releva que os grandes problemas que encontrou não estão restritos apenas ao município de Olímpia. “Em Olímpia a situação da saúde é muito ruim. Essa é a realidade. Não é porque quero criticar esse ou aquele. É uma consta­tação”, avaliou.

Mas Cunha afirma que já entendeu os pontos mais fracos desse setor e que já começou a atacar o problema. “Só que é caro e toma tempo. Mas estamos enfrentando e vamos solucionar muitos problemas”, lamenta.

Na UPA, por exemplo, Cu­nha diz que encontrou uma concentração de direção, ou seja, um problema de gestão. Diversas situações lá dentro que faziam as pessoas ficarem batendo cabeça. “A gente teve que colocar ordem na casa. Vamos fazer uma reforma. Já estamos contratando para fazer uma melhoria na pintura, na recepção e no al­mo­xarifado”, contou.

Segundo ele, para melhorar tem que tirar algumas coisas de lá. “Estamos concluindo o centro de diagnóstico e os exames de raios X e ultrassom que não forem de emergência irão para o centro de diagnóstico”, explica, mas que deverá começar já em setembro. Na Santa Casa também está começando um trabalho de melhoria. “Em setembro a UTI deverá estar aberta”, assevera.

Por outro lado, informou que o secretário de Saúde do Estado, Davi Uip, ficou de viabilizar um tomó­gra­fo. Além disso, viabilizar o pronto-socorro. “As coisas mais graves estarão atendidas”, informa.

Há também um centro de hemodiálise que deve começar a ser implantado ainda este ano. Mas para tudo isso acredita que ainda seja necessário um ano de trabalho.

Contrato garantia saúde na Beneficência até 2021

O descontrole da situação do setor da saúde pública era tão grande, segundo o prefeito Fer­nando Cunha que, ao que tudo indica, nem mesmo havia o con­trole de contratos, co­mo, por exemplo, no caso do comodato para a utilização do prédio da Associação Beneficência Portuguesa pela Prefeitura Municipal de Olímpia.

Afora a verdadeira lam­bança que Cunha encontrou no prédio, quando assumiu a Prefeitura, que te­ve que providenciar a limpeza por ordem da justiça, há outros problemas envolvendo aquele prédio. Um deles seria o prazo do co­modato que venceria apenas em 2021.

Por isso, o prefeito entende que houve um equívoco da administração do ex-pre­feito Eugênio José Zu­li­ani, ao devolver o prédio em dezembro de 2016, porque haveria ainda tempo de contrato de como­dato.

“Cometeram talvez um ato ou de erro administrativo ou até de impro­bi­dade administrativa, porque a Prefeitura poderia ficar lá até 2021. Tem um contrato até 2021 porque ele era renovável. Eram 10 anos prorrogáveis por mais 10 anos. Ficaram 10 anos e mais 5 e chegou ao sexto ano resolveram devolver”, avisa.

De acordo com o prefeito, a renovação do contrato era automática e assim teria mais cinco anos para u­sar o prédio. “Por isso não quero pagar esse aluguel que está sendo cobrado na justiça. Quer dizer, de cara, contra esse aluguel eu vou lutar e muito”, justifica.

A situação toda acabou por gerar três ações na justiça. Se uma das ações já encerrou, restam ainda outras duas, uma delas cobrando o desgaste do prédio que aparentemente ficou à mercê do abandono e outra da cobrança dos aluguéis pelo período de um ano.

Cunha afirma que transição de governo não existiu, foi fajuta

Ainda avaliando a situação que encontrou no setor da saúde pública de O­límpia, principalmente, a­lém de tecer críticas à forma como foi encaminhada a transição de governo, o prefeito Fernando Cunha avisa que além disso, há também as falhas estruturais que prejudicou a transição de governo. Ele reclamou até mesmo de problemas de rede elétrica nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), que não dá suporte à implantação de um sistema de prontuário eletrônico.

“Havia uma concentração de poder muito grande. Um autoritarismo muito grande e isso fez com que a equipe não tivesse muita informação e isso dificultou a gente dominar um pouco as informações. Quer dizer, essa transição de governo foi fajuta, uma transição de discurso”, afirmou durante entrevista que concedeu na terça-feira da semana passada, dia 8, ao filósofo, advogado e jornalista José Antônio Aran­tes, da Rádio Cidade AM.

Nem mesmo sobre a fila de espera por exames ninguém tinha conhecimento. “Havia um abandono, havia um relaxamento”, qualifica o que encontrou quando assumiu a prefeitura em janeiro deste ano.

Havia problemas também na área de medicação que teve que ser totalmente reorganizada a distribuição de medicação. “Até um certo boicote dos vendedores de remédios”, que ofereciam um preço mais baixo e não entregavam tentando aumentar os valores. Isso, sem contar as dificuldades para a contra­tação de médicos.

PRONTUÁRIO ELETRÔNICO

A intenção do prefeito Fernando Augusto Cunha é implantar um cartão magnético para atender toda a população e melhor controlar o atendimento. Segundo ele, Olímpia atende 110 mil e tem apenas 54 mil habitantes.

Com esse cartão, segundo Cunha, o paciente vai à Unidade Básica de Saúde (UBS) e retira seu medicamento. Mas há também falta de regulação de exames e com um médico regulador vai gerar economia.

“Tem o sistema comprado. Tem os computadores. Mas nas unidades básicas de saúde a rede elétrica não suporta a demanda. Vamos ter que reformar a rede elétrica para poder implantar o sistema de prontuário eletrônico”, reclama.

De acordo com o prefeito, tirando a questão financeira que não encontrou grandes problemas, como um todo a administração passada era bagunçada.

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