03 de fevereiro | 2011

PF investiga corrupção envolvendo pessoas e usina da região de Olímpia

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A Polícia Federal (PF) de Ribeirão Preto investiga crime de corrupção e
vazamento de informações privilegiadas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que envolveria pessoas e uma
usina de álcool e açúcar da região de Olímpia.

No início da manhã da quarta-feira, dia 2, os policiais federais
estiveram em Olímpia, onde, segundo informações, teriam cumprido mandados de
busca e apreensão e levado computadores (CPUs) de residências da cidade, uma seria
na rua Duque de Caxias e outra na rua David de Oliveira.

Consta que um fiscal do Ibama lotado na unidade de Barretos, é
investigado por corrupção e vazamento de informações privilegiadas do órgão a
usineiros.

Durante 60 dias, esse fiscal foi monitorado em grampo telefônico da PF.
As conversas, segundo Ministério Público Federal (MPF), revelaram detalhes do
esquema. Quatro mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 4ª Vara
Federal de Ribeirão Preto

De acordo com a investigação, ao saber de fiscalizações em usinas na região de
Olímpia, o fiscal repassava as datas das ações e até detalhes, como os
documentos a serem apresentados pelos usineiros, a um consultor ambiental de
Olímpia que repassava para as empresas que seriam fiscalizadas.

Para tanto, uma devassa na sede do órgão e também na casa de suspeitos
foi autorizada pela Justiça a pedido do Ministério Público Federal de Ribeirão
Preto.

Na manhã da quarta-feira, policiais federais de Ribeirão Preto cumpriram os quatro
mandados de apreensão no escritório do Ibama, na residência do suspeito e de
outros dois envolvidos. Mas as identidades não foram divulgadas pela PF.

“Os diálogos são provas evidentes da corrupção, pois há trechos onde se fala em
pagamento e marcam encontros reservados”, disse o procurador da República,
André Menezes, responsável pela investigação. “O contato entre o diretor da
usina e o servidor do Ibama era feito por um consultor ambiental. Assim, a
direção da usina ficava sabendo com antecedência sobre fiscalizações que seriam
feitas na região”, acrescentou.

Segundo o integrante do MPF, a investigação foi iniciada há três anos.
O fiscal já foi alvo de outros dois procedimentos da procuradoria, mas as
investigações acabaram arquivadas.

OUTRO LADO
O chefe da unidade do Ibama de Barretos, Carlos Eguiberto Rodrigues
Júnior, não quis comentar a denúncia contra o subordinado. Em nota, a
superintendência paulista do órgão disse ter nomeado um corregedor para
acompanhar o desfecho da investigação.

Já o representante regional da União das Indústrias de Cana-de-açúcar
(Unica), Sergio Prado, disse ao jornal Diário da Região, de São José do Rio
Preto, que se trata de caso de polícia. “Tem que ser investigado. A Unica não é
conivente com atos como esse”, reforçou.

COMPANHEIRO
Segundo consta ainda, o fiscal do Ibama de Barretos teria sido denunciado
por um colega de trabalho, por desvio de conduta no favorecimento em emissões
de carteiras de pescadores. “No decorrer dessa investigação descobriu-se o
vazamento de informação e a corrupção”, afirmou o procurador federal.

As apurações realizadas até agora indicam que o servidor público vazava
informações sigilosas sobre fiscalizações do Ibama para a diretoria de uma usina
de cana-de-açúcar da região.

A investigação já contou com interceptações telefônicas judicialmente
autorizadas, nas quais o funcionário do Ibama, o diretor da usina e o consultor
ambiental foram flagrados conversando sobre informações sigilosas do instituto.
O servidor investigado informava para a direção da usina qual seria a ênfase da
fiscalização, explicitando que documentação seria exigida e o tipo de
irregularidade que seria vistoriada.

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