19 de julho | 2015
Petrobras estaria interessada em vender sua parte na participação na Usina Guarani
A Petrobras estaria interessada em vender sua parte dentro da empresa Açúcar Guarani como parte do programa de desinvestimento. A informação foi publicada pela revista Exame.com, que apurou que a estatal pretende desfazer dos 42,9% de sua participação na Guarani, parte da francesa Tereos Internacional.
De acordo com a informação publicada na edição de sexta-feira, dia 17, pelo jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, ainda segundo a Exame, para sair da Guarani, a Petrobras deverá perder dinheiro no negócio.
Isso porque, segundo consta, a empresa francesa ofereceu apenas R$ 200 milhões pela sua participação. “O problema é que a estatal, através da Petrobras Biocombustível, já investiu cerca de 1,5 bilhão de reais desde 2010, quando anunciou a parceria no setor de cana-de-açúcar. E, por contrato, a Petrobras ainda teria de investir mais R$ 240 milhões neste ano para aumentar sua participação para 45,7% na Guarani”, afirma a publicação da Exame.
Por outro lado, também de acordo com o Diário da Região, o jornal entrou em contato com a Guarani, mas a empresa afirmou que prefere não comentar sobre o assunto e que “mantém com a Petrobras Biocombustível o interesse em desenvolver os resultados da Guarani”.
Guarani recebeu mais de R$ 71 milhões do BNDES
Da redação com Diário da Região
O grupo Açúcar Guarani recebeu mais de R$ 71 milhões em empréstimos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social) no ano de 2014. O dinheiro foi utilizado para o plantio de 14.457 hectares de cana-de-açúcar. Isso representa 9,6% do valor destinado pela instituição bancária nos últimos três anos destinados às regiões de Barretos e São José do Rio Preto, aproximadamente.
No caso da Guarani foram R$ 60.059.567,00 (5.º maior valor) usados para o plantio de 12.244 hectares de cana-de-açúcar. Já para a Usina Vertente, de Guaraci, também pertencente ao mesmo grupo, foram R$ 10.944.233,00 (15.º maior valor) destinados ao plantio de 2.213 hectares.
De acordo com a informação publicada pelo jornal Diário da Região, de Rio Preto, no sábado, dia 6, os empréstimos foram contratados no dia sete de julho de 2014, com juros de 5,5%. A carência é de 18 meses para ser amortizado, ou seja, liquidado, em 54 meses.
Nos últimos três anos, o BNDES injetou R$ 736,8 milhões em financiamentos a juros subsidiados na região de Rio Preto. Desse total, 80% (R$ 591,4 milhões) foram destinados ao setor sucroalcooleiro.
Os dados foram divulgados nesta semana pelo banco público federal após forte pressão do Congresso, que ameaça criar uma CPI para investigar a falta de transparência da instituição, além de supostos privilégios do órgão a aliados político-econômicos.
No Noroeste paulista, a maior parte dos empréstimos foi para a renovação dos canaviais, com o plantio em 98 mil hectares.
O programa Prorenova, voltado à expansão dos canaviais, oferece crédito polpudo a juros de 5,5% ao ano, com carência de um ano e meio e prazo de quatro anos e meio para quitação do empréstimo.
JUROS ANUAIS
No setor privado, a taxa média de juros para financiamentos no setor é de 31,68% ao ano, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). O diretor da entidade, Miguel Ribeiro de Oliveira, reconhece a importância do BNDES para alavancar a economia do País. “Devido às altas taxas de juros em vigor no País, se não tivéssemos estas condições especiais do BNDES muitos empreendimentos e investimentos de empresas poderiam não existir ou seriam inviáveis”.
No entanto, ele critica a falta de transparência dos critérios utilizados pelo banco para privilegiar determinados grupos econômicos em detrimento de outros. “Não concordamos com as escolhas feitas pelo banco dos grandes campeões nacionais, com algumas empresas escolhidas para terem acesso a essas linhas de crédito baratas em detrimento das demais empresas”, afirma.
A principal beneficiária dos financiamentos foi o grupo Noble Brasil S.A., gigante chinesa do setor de energia com usina de açúcar e etanol em Sebastianópolis do Sul. Foram três financiamentos para o plantio de 14,5 mil hectares, construção de um terminal de transbordo ferroviário e estocagem de etanol. Total de R$ 167,7 milhões. Em seguida vem a Cia Agrícola Colombo, da família Colombo, de Catanduva. Foram R$ 154 milhões para o plantio de cana-de-açúcar.
A Associação dos Plantadores de Cana da região de Monte Aprazível (Aplacana) defende que os créditos oferecidos pelo BNDES sejam melhores distribuídos no setor. “Hoje só os grandes conseguem acesso a esses financiamentos, porque os produtores menores estão endividados e por isso são barrados”, afirma.
Segundo ele, seria necessária uma repactuação desse passivo dos produtores. “Só assim ganharíamos algum fôlego.” A assessoria do BNDES defende as políticas de financiamento do banco e nega falta de transparência nos seus critérios.
Por outro lado, o BNDES também financiou a expansão da capacidade produtiva do grupo Minerva, com frigoríficos em Barretos e José Bonifácio (R$ 59 milhões), a concessionária Tebe em Bebedouro (R$ 36 milhões) para a recuperação da malha ferroviária, a Prefeitura de Rio Preto (R$ 15 milhões) para a modernização do sistema de arrecadação de impostos e a empresa Tropical Transportes (R$ 10,4 milhões) para a renovação da frota de caminhões.
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